“Acho que este deve ser um consenso suprapartidário. Isto não deve ter a ver com partidos, deve ter a ver com civismo. E, portanto, queria desafiar os outros líderes a virem aqui também (…)”, desafiou André Ventura, que esta manhã se juntou a um grupo de bombeiros voluntários que estão concentrados em frente à Assembleia da República, onde ficarão em vigília até segunda-feira, para reivindicar melhores condições de trabalho.
Contudo, questionado sobre se esta será uma linha vermelha numa eventual negociação da proposta orçamental, Ventura respondeu: “Não é uma questão de ser linha vermelha”.
“Eu acho que se houver um mínimo de bom senso entre os políticos, isto é resolvido este ano. Agora, tem que haver esse bom senso e tem que haver essa vontade. Estou em crer que haverá”, afirmou.
À pergunta “e se não houver?”, Ventura respondeu apenas: “Se não houver, teremos que ir para a luta e nós estaremos ao lado dos bombeiros”.
O partido agendou para o próximo dia 25 um debate no parlamento sobre o combate aos incêndios e as condições de trabalho dos bombeiros, exigindo, por exemplo, o aumento para cinco euros por hora do valor da compensação para os bombeiros voluntários.
“Temos bombeiros a ganhar um valor de pouco mais de três euros por hora. Isto é um valor absolutamente humilhante no quadro europeu e isto tem que ser consagrado já no Orçamento do Estado como uma alteração fundamental”, insistiu.
Na ótica de Ventura, esta “é uma questão fundamental” que “tem que estar já no Orçamento” sob pena de os bombeiros se sentirem esquecidos.
O CHEGA vai também propor que os bombeiros passem a ter “uma carreira formal, definida” e com direito a um suplemento de risco, e considera importante que estes profissionais passem a ter “a sua organização e o seu comando e não estejam dependentes de pessoas que estão sentadas na Proteção Civil sem fazer a menor ideia de como é que se combate um incêndio”.
O líder do CHEGA prestou declarações aos jornalistas com alguns dos protestantes atrás de si, que em certos momentos bateram palmas à sua intervenção.
Um desses momentos foi quando Ventura recusou responder às palavras do presidente do PS, Carlos César, que avisou hoje, em Coimbra, que o CHEGA parece bom na oposição, “mas não prestará” num Governo e comparou-o a um “canivete suíço” comprado “numa loja ‘low cost’ de bugigangas”.
“Estando numa concentração de bombeiros, a lutar pela sua carreira, a lutar pela sua dignidade, não me parece que deva responder a declarações provocatórias como as do presidente do PS. Haverá certamente tempo para isso e há momentos políticos para isso. Vou fazer antes o desafio ao doutor Carlos César: em vez de se estar a preocupar com politiquices e com ataques a André Ventura e ao CHEGA, venha aqui”, respondeu.
Entre os protestantes estava o bombeiro Joaquim Miguel, que apelou a Ventura que as reivindicações destes profissionais sejam incluídas na proposta de Orçamento do Estado para 2026.
“Isto tem que estar contemplado no Orçamento do Estado. Não deixem passar mais um ano com os bombeiros na expectativa disto acontecer e depois, mais um ano, não acontece. Os partidos dizem-nos todos que temos razão mas nós não queremos isso, queremos ação”, apelou.
O presidente do CHEGA recusou falar de eleições presidenciais e uma eventual candidatura sua, depois de na sexta-feira à noite, perante o Conselho Nacional do partido, ter-se manifestado disponível para voltar a candidatar-se a Presidente da República, apesar de não considerar a solução ideal.
Ventura indicou ainda que o objetivo é apoiar um candidato que dispute uma eventual segunda volta.