Sabemos que o sistema prisional em Portugal não é prioridade para ninguém, muito menos para a senhora ministra da Justiça. Sabemos também que este sistema está em colapso, mas pouco se fala disso. O que quase ninguém diz é que a saúde no sistema prisional praticamente já não existe, à semelhança do país.
Faltam profissionais de saúde, faltam condições, existem procedimentos que se eternizam no tempo para adquirir um simples antibiótico, há enfermeiros que ainda não viram a sua avaliação de desempenho formalizada e houve um concurso que tinha tudo para avançar e ficou deserto.
A saúde no sistema prisional está à deriva: não há direção clínica, não há direção de enfermagem, não há quem valide escalas, não há quem faça avaliações de desempenho. Não há, não há. E ninguém mete o dedo na ferida.
Mais uma vez, são os profissionais de saúde que aguentam o barco, suportam a precariedade e fazem-no por amor à camisola — mas atenção: o amor também tem limites!
Talvez os profissionais de saúde do sistema prisional precisem de ser mais “selvagens”, como outrora nos chamaram, e mostrar que não há prisões em Portugal que sobrevivam sem saúde.