Aguiar-Branco solicita inquérito a Mariana Mortágua por gesto dirigido a Paulo Núncio

O presidente da Assembleia da República decidiu hoje solicitar à Comissão de Transparência a abertura de um inquérito por "eventuais irregularidades graves praticadas" pela deputada do BE Mariana Mortágua por um gesto dirigido a Paulo Núncio.

©Facebook/mariana.mortagua.

Esta decisão do presidente da Assembleia da República surge em resposta a uma queixa do CDS-PP, segundo a qual Mariana Mortágua, ex-coordenadora do BE e deputada cessante dirigiu um “gesto grosseiro” ao líder parlamentar democrata-cristão, Paulo Núncio, em plenário, “levantando a mão direita com o punho fechado, com exceção dos dedos indicador e mindinho”.

No despacho, a que a agência Lusa teve acesso, José Pedro Aguiar-Branco solicitou, por outro lado, à secretária-geral da Assembleia da República “que diligencie pela obtenção das imagens recolhidas pelo Canal Parlamento no decurso da referida sessão plenária e pela sua remessa à Comissão Parlamentar de Transparência”.

O presidente de Assembleia da República considera que “os factos relatados podem configurar uma violação dos deveres fundamentais dos deputados” consagrados nos respetivos Estatuto e Código de Conduta.

“Nos termos do Estatuto dos Deputados, impende sobre os deputados o dever de respeitar a dignidade da Assembleia da República e dos demais deputados. O Código de Conduta reforça esta obrigação, determinando que os deputados devem desempenhar as suas funções com respeito pelos demais deputados, intervir nos trabalhos parlamentares com urbanidade e lealdade institucional e abster-se de comportamentos suscetíveis de não prestigiar a instituição parlamentar”, refere Aguiar-Branco.

Segundo o presidente da Assembleia da República gestos como o que Mariana Mortágua fez “são passíveis de ser interpretados como ofensivos, degradantes ou atentatórios do decoro e da dignidade da Assembleia da República”, pelo que “a factualidade descrita poderá ser suscetível de censura à luz dos princípios que regem o exercício do mandato parlamentar”.

“Um gesto como o alegadamente praticado, ao atingir diretamente um deputado no exercício do mandato, extrapola o âmbito da discordância política ou da liberdade de expressão, não contribuindo para o debate político ou para o esclarecimento público, antes atentando contra a confiança institucional, a dignidade individual do deputado visado e o prestígio coletivo da Assembleia da República”, acrescenta.

Neste despacho, Aguiar-Branco assinala que Mariana Mortágua “já comunicou que irá cessar funções como deputada, circunstância que, na prática, poderá tornar inútil o prosseguimento do inquérito”.

No seu entender, “todavia, tal facto não diminui a obrigação legal e institucional do presidente da Assembleia da República de determinar o encaminhamento da denúncia à instância competente”.

“O encaminhamento permanece necessário para assegurar o apuramento objetivo dos factos, preservar a dignidade e o decoro da Assembleia da República e garantir a integridade do registo institucional das condutas parlamentares, cumprindo-se, assim, os princípios da responsabilização, da transparência e da salvaguarda do prestígio da instituição, independentemente de cessação futura do mandato por parte da deputada visada”, defende.

Últimas de Política Nacional

A Polícia Judiciária entrou esta terça-feira na Câmara de Mirandela e em empresas privadas para investigar alegadas ilegalidades em contratos urbanísticos. O processo envolve crimes de prevaricação e participação económica em negócio, com seis arguidos já constituídos.
André Ventura deixou claro que não está disposto a ceder no que entende serem valores essenciais, assegurando que não prescinde do seu direito à liberdade de expressão nem aceita qualquer imposição que limite a sua voz política.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje solicitar à Comissão de Transparência a abertura de um inquérito por "eventuais irregularidades graves praticadas" pela deputada do BE Mariana Mortágua por um gesto dirigido a Paulo Núncio.
André Ventura enfrenta hoje a Justiça por causa de cartazes de campanha que defenderam que 'Os ciganos têm de cumprir a lei'. O líder do CHEGA responde em tribunal num processo que volta a colocar frente a frente liberdade de expressão, discurso político e os limites da lei.
Enquanto a Polícia Judiciária o detinha por suspeitas de centenas de crimes de pornografia de menores e abusos sexuais de crianças, o nome de Paulo Abreu dos Santos constava, não num processo disciplinar, mas num louvor publicado no Diário da República, assinado pela então ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro.
O líder do CHEGA e candidato presidencial, André Ventura, disse esperar que o Tribunal Constitucional perceba que o “povo quer mudança” e valide a lei da nacionalidade, alegando que é baseada num “consenso nacional”.
O tenente-coronel Tinoco de Faria, que abandonou a sua candidatura a Belém e declarou apoio a André Ventura, passa agora a assumir um papel central na campanha do líder do CHEGA, como mandatário nacional.
Cinco deputados sociais-democratas, liderados por Hugo Soares, viajaram até Pequim a convite direto do Partido Comunista Chinês. A deslocação não teve carácter parlamentar e escapou às regras de escrutínio da Assembleia da República.
Saiu do Executivo, passou pelo Parlamento e acaba agora a liderar uma empresa pública com um vencimento superior ao que tinha no Governo. Cristina Vaz Tomé foi escolhida para presidir à Metro de Lisboa e vai ganhar cerca de sete mil euros mensais, com despesas da casa pagas.
O Ministério Público (MP) pediu hoje penas entre os cinco e nove anos de prisão para os ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS) e Pinto Moreira (PSD), por suspeitas de corrupção no processo Vórtex.