Socialista Miguel Coelho deixa Comissão de Habitação da AM de Lisboa após discordar do PS

© am-lisboa

O socialista Miguel Coelho, presidente da junta lisboeta de Santa Maria Maior, demitiu-se da presidência da Comissão de Habitação da Assembleia Municipal de Lisboa, após considerar “um erro” o voto contra do PS à Carta Municipal de Habitação.

Em declarações à agência Lusa, Miguel Coelho disse que apresentou na segunda-feira a demissão do cargo de presidente da 5.ª Comissão Permanente de Habitação e Desenvolvimento Local e Obras Municipais da Assembleia Municipal de Lisboa, mas que essa decisão não tem a ver a posição que manifestou há cinco dias sobre o chumbo proposta de submeter a consulta pública o projeto da Carta Municipal de Habitação, que teve os votos contra do PS.

“As razões da minha demissão têm a ver com o foro interno, de o nosso funcionamento interno […]. Não tem uma coisa a ver com a outra”, afirmou o socialista, referindo que continuará na assembleia municipal “a fazer outras coisas”.

Na quarta-feira, em reunião pública do executivo municipal, a liderança PSD/CDS-PP, que governa sem maioria absoluta, propôs submeter a consulta pública o projeto da Carta Municipal de Habitação, mas a proposta foi rejeitada pela oposição, com os votos contra de PS, BE, Livre e Cidadãos por Lisboa (eleitos pela coligação PS/Livre), e a abstenção do PCP.

No dia seguinte, numa publicação na rede social Facebook, o socialista Miguel Coelho lamentou a votação: “Enquanto a nível central vamos (PS) descaracterizando a proposta inicial do projeto Mais Habitação (o que lamento), na câmara municipal o PS inviabiliza, erradamente, para discussão pública a Carta Municipal da Habitação”.

“Mais um erro de palmatória revelador de ‘infantilidade política’, típico de uma certa ‘pequeno-burguesia radical’”, lê-se na publicação.

Recusando-se a associar a demissão com esta posição, o socialista reforçou que a saída da presidência da Comissão de Habitação “é um assunto interno”.

“Independentemente de eu achar que foi um erro [o voto contra do PS à proposta sobre a Carta Municipal de Habitação], eu tenho uma avaliação negativa daquilo que esta câmara está a fazer em todas as matérias, muito particularmente em matéria de habitação, em que é só propaganda, mas pouca concretização”, disse o presidente da Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, em declarações à agência Lusa.

Na apresentação da proposta na quarta-feira, o presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas (PSD), realçou a importância da Carta Municipal de Habitação, que prevê “um investimento sem precedentes de 800 milhões de euros”, para responder ao “sonho” de os lisboetas terem casa na cidade e às 2.000 pessoas que não vivem em condições de indignas nos bairros municipais.

“O PS não se revê neste documento”, afirmou a socialista Inês Drummond, manifestando-se disponível para trabalhar para obter um consenso, mas apontando como preocupação o desrespeito pelas medidas aprovadas em câmara, com a ausência do subsídio ao arrendamento para jovens até 35 anos, enquanto a proposta da liderança PSD/CDS-PP de isenção do IMT para jovens até aos 35 anos, que já foi rejeitada por duas vezes pelo executivo, é incluída na Carta.

Hoje, o social-democrata Carlos Moedas disse ser “uma grande deceção” o chumbo pela oposição da proposta de consulta pública da Carta Municipal de Habitação, mas garantiu continuar aberto ao diálogo.

“Nestes momentos era importante estarmos unidos e acima dos partidos e lutas partidárias. É com muita tristeza e é uma grande deceção que a Carta [Municipal] de Habitação que tínhamos proposto para consulta pública tenha sido chumbada pela oposição”, referiu o autarca, em declarações aos jornalistas à margem da entrega de 64 chaves do Programa Renda Acessível, em Entrecampos.

O presidente da Câmara de Lisboa adiantou também que enviou uma carta ao primeiro-ministro, António Costa, a manifestar “preocupação” pelo chumbo da proposta de consulta pública da Carta Municipal de Habitação.

Últimas de Política Nacional

O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa recusou o pedido de Luís Montenegro para a retirada dos cartazes do CHEGA em que o primeiro-ministro aparece ao lado do ex-chefe do Governo socialista José Sócrates associado ao tema da corrupção.
O cabeça de lista do CHEGA pelo círculo de Braga, Filipe Melo, criticou hoje os "partidos híbridos, que ninguém percebe o que são", e disse querer "acabar com o socialismo" e eleger mais deputados pelo distrito.
O presidente do CHEGA, André Ventura, afirmou hoje que o seu partido "nunca será muleta de ninguém" e acusou BE e IL de prometerem rejuvenescimento, mas terem ido buscar os seus candidatos "ao mesmo baú de sempre".
O presidente do CHEGA, André Ventura, disse hoje esperar que o novo Papa seja "um sinal de esperança" e de reforma e considerou que Leão XIV pode seguir os passos de Francisco numas causas, mas diferenciar-se noutras.
O líder do CHEGA foi recebido em Braga com um novo protesto de elementos da comunidade cigana, cerca de 20 pessoas que cuspiram e acusaram André Ventura e os elementos do partido de serem "fascistas e racistas".
O presidente do CHEGA fez hoje um apelo direto ao voto e pediu aos eleitores que não fiquem em casa no dia 18 de maio, afirmando que o partido tem “uma oportunidade histórica” de vencer as eleições legislativas.
Um grupo de pessoas de etnia cigana acusou hoje o líder do CHEGA de ser racista, com André Ventura a responder que "têm de trabalhar" e "cumprir regras".
André Ventura foi dos primeiros políticos a comentar nas redes sociais o "apagão" elétrico de 28 de abril e as suas publicações atingiram mais de 940 mil visualizações.
Investigadores do MediaLab do ISCTE consideram que a “ausência de comunicação institucional eficaz” por parte do Governo contribuiu para a especulação e para a difusão de desinformação relativamente às causas do apagão.
O presidente do CHEGA, André Ventura, considerou hoje que o Governo deveria ter começado a negociar mais cedo com os sindicatos que representam os trabalhadores do setor ferroviário, podendo evitar a greve.