Começo por responder questão que titula o artigo: não.
Se, por um lado, o Partido Chega! criou, sozinho, um facto político, por outro trouxe à tona as reais posições dos demais partidos do sistema, da esquerda ao centro.
Lembremo-nos que a adesão de Portugal à União Europeia remonta ao ido e longínquo ano de 1986. Nestas quase quatro décadas o país evoluiu, é factual, mas não ao ritmo dos demais.
Por outro lado, a estagnação dos setores (primário, secundário e terciário) é uma profunda e triste realidade.
Os salários, esses, entre pares, são incomparáveis.
Os serviços públicos são morosos e deficitários.
A carga fiscal é pornográfica e impede o desenvolvimento e investimento industrial, além de retirar poder de compra aos cidadãos.
Em suma, Portugal carece de reformas em todos os setores. O país deve sair da apatia e tibieza em que o socialismo o colocou e deve, de vez, através de boas políticas, potenciar o crescimento económico, potenciar o desenvolvimento industrial, criar condições para o investimento estrangeiro – nomeadamente industrial, criando riqueza para o país e trabalhadores – potenciar a agricultura e pescas, potenciar a equiparação de salários entre membros da mesma comunidade (europeia), incrementar a meritocracia na função pública, criar condições a médicos, enfermeiros e professores, potenciar uma justiça célere, promover parcerias público-privadas na saúde que tanto sucesso tiveram (vide, a título de exemplo, o Hospital Beatriz Ângelo), ter uma política florestal séria que promova a limpeza, o ordenamento e penas graves para pirómanos, a emanação de leis justas que fomentem a construção sadia e edificante da sociedade (e não leis destruidoras dos bons critérios morais e humanistas), entre muitos outros que aqui poderia continuar a elencar.
Portugal precisa de crescer. Mas esse crescimento nunca ocorrerá com políticas de esquerda. Se o país está estagnado, a essas políticas o devemos.
Estamos, hoje, sob governação socialista, reforçada com uma maioria parlamentar. Nela, inexistem reformas; professores, médicos e enfermeiros estão – ladeados pelos sindicatos – numa guerra permanente; faltam médicos e professores; morrem pessoas às portas dos hospitais; encerram serviços de urgências; os processos judiciais prolongam-se ad aeternum; os governantes e equipas são constituídos arguidos em processos judiciais (o último foi o secretário-geral do Ministro da Defesa, João Ribeiro); há pancadaria nos ministérios; as notícias de corrupção abrangem autarquias… etecetera, etecetera, etecetera.
Que país é este? É um país de brincadeira.
O Partido Chega! tece diária e sucessivamente duras críticas ao status quo político, mas ao contrário dos demais, é consequente com as suas críticas.
O país percebe com clareza que o Partido Chega! é a verdadeira oposição. Mas percebe com igual clareza o oposto, isto é, que os demais partidos (nomeadamente o PSD) criticam para as televisões, mas na hora “H” arrepiam caminho às suas responsabilidades.
Ora, para que serve um partido que vocifera, mas foge das responsabilidades?
Esta moção de censura tinha tudo para ser perfeita. Não que o fito fosse conseguido, uma vez que o PS tem maioria parlamentar. Mas (mas!) se o PSD tem seguido a IL (que votou ao lado do CH) seria dado a Belém um sinal muito claro de uma possível alternativa aos socialistas.
Volto, in fine, a colocar a questão: censurar o Governo foi uma oportunidade falhada?
Respondo da mesma maneira inicial: não, não foi.
Porque pese embora o governo não tenha caído e não tenha sido dado um sinal claro a Belém de uma possível alternativa governativa, o Partido Chega! mostrou ao país ser um partido consequente, responsável e reiterou ao país e aos portugueses ser a verdadeira e única oposição ao socialismo e aos socialistas. Não é o acaso que tornou o partido na terceira maior força de Portugal e, Deus ajude, em breve, a segunda. Lembremos que o partido foi fundado em 2019. O seu a seu tempo.