“Até agora, o sistema financeiro europeu tem evitado o pior cenário possível, em que riscos sistémicos graves se materializariam ao mesmo tempo”, reconheceu hoje Lagarde.
“Mas os decisores políticos devem manter-se proativos e atentos aos riscos para a estabilidade financeira à medida que estes surgem”, acrescentou.
Lagarde falava em Frankfurt na conferência anual do Comité Europeu do Risco Sistémico (CERS), organismo que preside e que emitiu em setembro de 2022 um alerta sem precedentes em mais de uma década para as finanças europeias.
Na altura, o comité apelou aos bancos para que se “preparassem” para “cenários de risco extremo”, tornados mais prováveis pelo início da guerra na Ucrânia e pela rápida inversão da tendência das taxas de juro para acompanharem a inflação.
No último ano, os abalos no sistema financeiro mundial ocorreram certamente fora da zona euro, com o colapso dos bancos regionais nos Estados Unidos, a crise das obrigações soberanas no Reino Unido e, mais recentemente, as flutuações do preço das obrigações do Tesouro americano.
No entanto, a médio prazo, a rentabilidade dos bancos “será afetada pelo aumento dos custos de financiamento, ligado à subida das taxas diretoras (do BCE), e por uma queda considerável do volume de empréstimos”, advertiu Lagarde.
Além disso, a “combinação duradoura de um crescimento fraco e de custos mais elevados do serviço da dívida continuará a exercer pressão sobre as famílias e as empresas vulneráveis, o que poderá conduzir a um aumento do número de empréstimos em situação de incumprimento”, segundo Lagarde.
De uma forma mais geral, a lista de “pontos quentes” no sistema financeiro “continua a ser longa”, disse, citando como exemplos os fundos do mercado monetário e os fundos de investimento, particularmente os que são investidos em ativos ilíquidos.