ONU denuncia “mortes ilegais” de palestinianos na Cisjordânia ocupada

A ONU apelou hoje a Israel para pôr "fim às mortes ilegais" de palestinianos na Cisjordânia ocupada, onde militares e colonos mataram 300 pessoas desde o início da guerra com o Hamas, em 07 de outubro.

© Facebook de Volker Turk

Num relatório divulgado na cidade suíça de Genebra, o Gabinete dos Direitos Humanos das Nações Unidas pediu o fim da “utilização de armas militares em operações de aplicação da lei na Cisjordânia”.

Apelou também para que Israel ponha termo “às detenções arbitrárias e aos maus-tratos infligidos aos palestinianos, e que levante as restrições discriminatórias à circulação”.

Todas estas práticas “são extremamente preocupantes”, afirmou num comunicado o alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, citado pela agência francesa AFP.

Israel declarou guerra ao Hamas depois de o grupo islamita palestiniano ter lançado um ataque sem precedentes em solo israelita, em 07 de outubro, a partir da Faixa de Gaza.

O ataque causou 1.200 mortos e os comandos do Hamas fizeram ainda 240 reféns que levaram para a Faixa de Gaza, segundo as autoridades israelitas.

Desde então, Israel tem atacado Gaza por ar, terra e mar, numa operação para aniquilar o Hamas que causou até agora mais de 21.000 mortos, segundo o grupo islamita.

O conflito estendeu-se também ao sul do Líbano, com trocas de tiros entre israelitas e militantes do partido libanês Hezbollah, controlado pelo Irão, e à Cisjordânia ocupada por Israel.

De acordo com a ONU, citada pela agência espanhola EFE, das 300 vítimas mortais na Cisjordânia registadas entre 07 de outubro e 27 de dezembro, 291 foram mortas pelas forças de segurança israelitas e as restantes por colonos.

Os colonos atuam por vezes na companhia das forças de segurança israelitas, ou usam eles próprios alegados uniformes de segurança israelitas, disse a ONU no relatório.

Nas primeiras semanas após os ataques terroristas de 07 de outubro, foram registados até seis incidentes de colonos por dia, incluindo tiroteios, ataques incendiários a casas e veículos, e destruição de árvores e colheitas.

“O gabinete da ONU documentou vários casos de colonos que atacaram palestinianos enquanto estes colhiam as suas azeitonas, forçando-os a abandonar as suas terras, roubando as suas colheitas e envenenando ou vandalizando as oliveiras”, lê-se no documento.

Segundo a ONU, as forças israelitas detiveram mais de 4.700 palestinianos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, incluindo 40 jornalistas, e em muitas ocasiões submeteram-nos a maus-tratos.

“Alguns foram obrigados a despir-se, a vendar os olhos e, durante horas, foram imobilizados com algemas e com as pernas atadas, enquanto os soldados israelitas lhes pisavam a cabeça ou as costas”, afirmou.

As pessoas “foram cuspidas, empurradas contra as paredes, ameaçadas, insultadas, humilhadas e, em alguns casos, sujeitas a violência sexual e de género”, relatou a ONU.

“Os abusos documentados no relatório repetem os padrões e a natureza dos abusos cometidos no passado no contexto da longa ocupação israelita da Cisjordânia, mas a intensidade da atual violência e repressão não se via há anos”, comentou Turk.

O alto comissário austríaco apelou ainda a Israel para que “tome medidas imediatas, claras e eficazes” para pôr termo à violência dos colonos israelitas contra os palestinianos.

Pediu que os incidentes cometidos por colonos e pelas forças israelitas sejam investigados e que Israel “garanta a proteção das comunidades palestinianas contra qualquer forma de deslocação forçada”.

Turk também pediu a Israel que permita o acesso da ONU ao país, afirmando que está pronto para produzir relatórios semelhantes sobre os ataques terroristas do Hamas contra civis israelitas em 07 de outubro, que desencadearam o atual conflito.

Últimas do Mundo

A missa de inauguração do pontificado de Leão XIV realiza-se a 18 de maio, anunciou hoje o Vaticano, devendo a cerimónia contar com a presença de delegações e chefes de Estado de todo o mundo.
O cardeal norte-americano Robert Francis Prevost, de Chicago, foi hoje eleito papa pelos 133 cardeais reunidos em Roma e assumiu o nome de Leão XIV.
Fumo negro saiu hoje da chaminé do Vaticano às 21:01 (20:01 em Lisboa) para indicar que os 133 cardeais eleitores, reunidos em conclave desde as 15:30 (16:30), não chegaram a consenso sobre o próximo papa.
Quinze dos 133 cardeais que vão estar a partir de hoje reunidos em conclave, em Roma, para eleger o sucessor do Papa Francisco, já estiveram no Santuário de Fátima a presidir a grandes peregrinações.
O primeiro sinal de fumo do conclave papal deverá sair da Capela Sistina a partir das 19:00 de quarta-feira (18:00 hora de Portugal continental), anunciou hoje o diretor da sala de imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni.
Os jovens do Reino Unido entre 11 e 19 anos com problemas de saúde mental declararam passar mais tempo nas redes sociais do que os que não têm problemas, segundo um estudo divulgado hoje na revista Nature Human Behavior.
O número de reclusos na União Europeia (UE) teve, em 2023, um aumento anual de 3,2%, com a taxa de ocupação média das prisões abaixo de 100%, divulgou hoje o Eurostat.
O tráfego aéreo de passageiros na Europa avançou 4,3% no primeiro trimestre face ao período homólogo de 2024 e já está 3,2% acima dos níveis pré-pandemia, anunciou hoje a divisão europeia do Airports Council International (ACI Europe).
As autoridades espanholas detetaram uma terceira perda de geração de eletricidade no sul do país 19 segundos antes do apagão da semana passada, revelou hoje a ministra com a tutela da energia, Sara Aagasen.
O ex-Presidente brasileiro Jair Bolsonaro anunciou que terá alta hospitalar hoje, depois de três semanas internado após uma operação para desobstruir o intestino.