MNE considera “inaceitável” plano israelita de novos colonatos na Cisjornânia

O ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, considerou hoje inaceitável o plano israelita de construção de mais de 3.400 novas casas nos territórios palestinianos ocupados, pedindo a reversão da decisão.

© D.R.

 

Numa mensagem na rede X, o chefe da diplomacia portuguesa afirmou que “a autorização das autoridades de Israel para quase 3.500 novas unidades nos territórios palestinianos é inaceitável e deve ser revertida”.

Cravinho alertou que “a expansão dos colonatos ilegais por Israel é um atentado contra o Direito Internacional e contraria os esforços para uma paz sustentável” no Médio Oriente, onde está em curso uma guerra entre as forças de Telavive e movimento islamita palestiniano Hamas pelo controlo da Faixa de Gaza.

O Governo israelita avançou na quarta-feira com o processo de aprovação para a construção de mais de 3.400 novas habitações em três colonatos da Cisjordânia ocupada, justificada como uma medida de represália por um recente ataque palestiniano.

“Juntamente com as autorizações de construção, estamos a efetuar um enorme investimento no desenvolvimento da infraestrutura de transportes, emprego e qualidade de vida. Os inimigos tentam ferir e debilitar, mas vamos continuar a construir”, disse o ministro da Finanças israelita, Bezalel Smotrich, dirigente do partido de direita radical Sionismo Religioso, numa mensagem na rede social X.

Desde 2023, e segundo o ministro, o Governo judaico concedeu 18.515 novas autorizações de construção para colonos na Cisjordânia.

Ao reagir a esta medida, o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Autoridade Nacional Palestiniana, que governa em zonas reduzidas da Cisjordânia, rejeitou a decisão israelita, já anunciada em 23 de fevereiro, ao argumentar que “os colonatos são ilegítimos e ilegais em conformidade com o Direito Internacional” e constituem um fator de “prosseguimento do conflito e do ciclo de guerras e violência, assim como uma ameaça à segurança e estabilidade da região”.

Em comunicado, o ministério pediu “sanções internacionais dissuasoras a todo o sistema racista de colonatos, e a imposição de sanções contra [Itamar] Ben Gvir [ministro israelita da Segurança Nacional e líder do partido de direita radical Otzma Yehudit] e Smotrich”.

O ataque armado de 22 de fevereiro a um posto de controlo militar perto do colonato de Maale Adumim, nos arredores de Jerusalém, provocou um morto e 11 feridos israelitas, servindo de justificação para estas novas medidas de expansão territorial.

A ONU advertiu hoje que a criação e a expansão de colonatos nos territórios palestinianos ocupados constituem um crime de guerra e uma ameaça prática à criação de um Estado palestiniano viável.

Os colonatos “equivalem a Israel transferir a própria população civil para os territórios que ocupa”, o que constitui “um crime de guerra”, afirmou o Alto-Comissariado da ONU para os Direitos Humanos.

Israel ocupa o território da Cisjordânia e de Jerusalém leste desde a designada Guerra dos Seis Dias de 1967, e mantém desde então um amplo regime de ocupação militar e colonização do território palestiniano.

Desde o início da guerra entre Israel e o Hamas, em 07 de outubro, foram mortos na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental mais de 400 palestinianos pelas forças israelitas e em ataques perpetrados por colonos, além de se terem registado mais de 3.000 feridos e 6.650 detenções.

Últimas de Política Internacional

A China denunciou hoje como inaceitável o paralelo que o Presidente francês, Emmanuel Macron, estabeleceu entre a situação na Ucrânia e em Taiwan, ilha que o Ocidente receia que seja invadida por Pequim.
O secretário da Defesa norte-americano, Pete Hegseth, disse hoje, em Singapura, que os Estados Unidos "não procuram um conflito com a China", mas que não serão expulsos de "região crucial do Indo-Pacífico".
O secretário de Estado norte-americano, Marco Rubio, anunciou hoje que os Estados Unidos vão recusar vistos às autoridades estrangeiras que censurarem publicações de norte-americanos nas redes sociais.
A chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Kaja Kallas, defendeu hoje que a situação humanitária em Gaza "continua a ser intolerável", acusando Israel de ataques contra civis que "vão para além do que é necessário".
O chanceler alemão, Friedrich Merz, disse hoje que a Alemanha passa a estar entre os países que já não impõem à Ucrânia a condição de não utilizar armas alemãs contra alvos militares na Rússia.
O Governo de Bissau expressou hoje desagrado pela forma como Portugal tratou a apreensão de passaportes guineense no aeroporto de Lisboa e pede a devolução dos documentos que garante são legais.
O Presidente ucraniano insistiu hoje que só o aumento das sanções impedirá a Rússia de se sentir impune para continuar a intensificar os ataques contra a Ucrânia, após Moscovo ter disparado esta madrugada um número recorde de 'drones'.
A Rússia e a Ucrânia trocaram hoje centenas de prisioneiros, na segunda fase de uma troca recorde de soldados entre Moscovo e Kiev e após acordos na semana passada, anunciaram os dois países.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou hoje que apenas sanções internacionais adicionais poderão forçar a Rússia a aceitar um cessar-fogo, após uma noite de ataques russos com mísseis e drones a Kiev e outras regiões que causaram vários feridos.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, disse hoje que ordenou o reforço das medidas de segurança nas missões diplomáticas israelitas no mundo, na sequência do assassinato de dois funcionários da embaixada de Israel em Washington.