“De uma forma geral, a adesão é total ou quase total, o que tem como consequência que a atividade da CP, em todas as áreas, esteja, de facto, praticamente a zero ou muito reduzida”, indicou o secretário-geral da Fectrans, José Manuel Oliveira, em declarações à Lusa.
Segundo a estrutura sindical, o impacto da paralisação sente-se em todos os serviços da CP – Comboios de Portugal, da circulação ferroviária aos serviços administrativos.
Na maioria das estações as bilheteiras estão encerradas, enquanto a circulação ferroviária está limitada aos serviços mínimos (25%).
José Manuel Oliveira defendeu ainda que as decisões do Tribunal Arbitral, que decreta os serviços mínimos, “são sempre controversas”, notando que não há uma “opinião jurídica coincidente” sobre esta matéria.
Neste momento, não estão agendadas mais reuniões negociais entre os sindicatos e a administração da CP.
O último encontro decorreu na passada na quarta-feira, mas, de acordo com a Fectrans, não surgiu “nenhum elemento diferenciador, que faça com que se possa ter alguma expectativa na negociação”.
José Manuel Oliveira lembrou que o que está em causa são salários de entrada baixos, “muito próximos do salário mínimo nacional”, bem como uma diferença reduzida entre a base e o topo da carreira para os trabalhadores da CP, que ronda os 100 euros.
Em consequência, conforme apontou, a empresa tem cada vez menos trabalhadores, apesar de o número de passageiros e o lucro terem aumentado.
Os sindicatos esperam que, na sequência da greve, seja agendada uma nova reunião negocial, vincando que o impacto da paralisação deve levar a tutela e a administração da CP a fazerem “uma reflexão”.
Fonte oficial da CP indicou à Lusa que, entre as 00:00 e as 14:00, foram suprimidos 75,1% (504) dos 671 comboios programados.
Os serviços mínimos previam a circulação de 171 comboios, tendo circulado 167.
No que diz respeito aos comboios de longo curso, foram suprimidos 32 dos 40 programados, enquanto nos regionais, foram suprimidos 77,8%, com 133 cancelados.
Estava prevista a circulação de 302 comboios urbanos de Lisboa, mas só foram efetuados 80.
Já no Porto realizaram-se 37 dos 140 programados.
No caso dos urbanos de Coimbra, circularam quatro dos 18 programados.
Na quinta-feira, a CP alertou que eram esperadas perturbações na circulação, em especial até sábado.
Os clientes com bilhetes para viajar nos comboios alfa pendular, intercidades, internacional e inter-regional podem pedir o reembolso total do mesmo ou a sua troca.
Os reembolsos podem ser efetuados nas plataformas digitais da CP, até 15 minutos antes da partida do comboio da estação de origem do cliente, ou nas bilheteiras.
A decisão do Tribunal sobre esta paralisação e outra convocada entre os dias 27 de junho e 14 de julho inclui, além dos tradicionais serviços mínimos em comboios de socorro e transporte de mercadorias perigosas e bens perecíveis, uma lista de comboios que devem ser assegurados.
Destes, o serviço de longo curso contará, na sexta-feira com cerca de 23% do serviço assegurado, os regionais com 25%, os urbanos de Lisboa com 25%, os urbanos do Porto com 25% e os urbanos de Coimbra com 24%.
A greve tem a adesão da Associação Sindical das Chefias Intermédias de Exploração Ferroviária (ASCEF), da Associação Sindical Independente dos Ferroviários da Carreira Comercial (ASSIFECO), do Sindicato Nacional dos Transportes, Comunicações e Obras Públicas (FENTCOP), do Sindicato Nacional dos Ferroviários do Movimento e Afins (SINAFE), do Sindicato Nacional Democrático da Ferrovia (Sindefer) e do Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins (SINFA).
O Sindicato Independente Nacional dos Ferroviários (SINFB), o Sindicato Independente dos Operacionais Ferroviários e Afins (SIOFA), o Sindicato Nacional de Quadros Técnicos (SNAQ), a Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), o Sindicato dos Transportes Ferroviários (STF), o Sindicato Nacional dos Maquinistas dos Caminhos de Ferro Portugueses (SMAQ) e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) também aderiram.
As estruturas sindicais entendem que as propostas da administração da CP não respondem à necessidade de valorização das carreiras de todos os trabalhadores da empresa.
O ministro das Infraestruturas e Habitação, Miguel Pinto Luz, disse hoje que a forma de evitar greves na CP – Comboios de Portugal, como a de hoje, é através do diálogo, afirmando que hoje haverá uma reunião com os sindicatos.
Questionado hoje em Vila Nova de Gaia, distrito do Porto, acerca da greve de hoje na CP, a primeira que enfrenta enquanto ministro da tutela, Miguel Pinto Luz disse que quer “desde logo, estabelecer linhas de diálogo próximas”.
“Hoje à tarde teremos já uma reunião com os sindicatos, e isso é necessário e objetivo. Mas temos de trabalhar ainda a montante, que é perceber aquilo que são as reais necessidades e manter essas linhas de diálogo”, prosseguiu.