Aumentou o número de portugueses sem médico de família, CHEGA exige explicações

Nos últimos meses tem-se verificado um aumento significativo no número de utentes sem médico de família, uma situação atribuída principalmente aos atrasos nos concursos para a entrada de novos especialistas.

© Folha Nacional

Este problema tem afetado diversos serviços de saúde por todo o país, exacerbando as dificuldades de acesso à saúde primária. Segundo dados recentes, o número de cidadãos sem médico de família não pára de aumentar, sendo que em junho passado havia mais 75 mil utentes nas listas, em comparação com fevereiro. Muitas áreas do país têm enfrentado uma crescente falta de médicos de família, resultando em longas listas de espera e dificuldades para os utentes agendarem consultas. Os concursos para a colocação de novos especialistas têm enfrentado demoras significativas, prolongando ainda mais esta situação preocupante.

Segundo a SIC, só esta semana é que as primeiras unidades locais de saúde começaram a publicar a abertura dos concursos. Em declarações ao jornal Público, André Biscaia, o presidente da associação que representa as unidades de saúde familiares, assume que a situação “pode piorar, e muito, até ao final deste ano”. Numa altura em que o SNS está na mira da opinião pública, pela questão do turismo de saúde, o CHEGA exige explicações sobre este aumento de portugueses sem médico de família. Foi durante o debate do Estado da Nação, que decorreu na passada quarta-feira, na Assembleia da República, que o CHEGA questionou o governo, através da deputada Marta Martins da Silva, afirmando que, dada a falta de médicos no SNS, “quase 4 milhões de portugueses são obrigados a contratar seguro de saúde” alertando ainda para o “uso indevido do SNS por estrangeiros que vêm em turismo de saúde”. Já o presidente do CHEGA, André Ventura, na sua última intervenção no debate, fez duras críticas ao executivo de Montenegro e à forma como este tem gerido a questão da saúde. “O que quer que estejam a fazer na saúde está errado e têm de voltar atrás”, disse. André Ventura afirmou que entre PS e PSD não há diferença, acusando mesmo de “andarem às cavalitas um do outro” e que os portugueses “não sentem diferença” entre o governo socialista e o da AD, até acham que o país está pior. Esta afirmação é confirmada pela recente sondagem da Universidade Católica para a RTP e Antena 1, em que 32% dos inquiridos disseram que o país está pior do que há um ano, apontando a saúde como o principal problema do país (18%). André Ventura deixou ainda um aviso ao governo da AD, dizendo que “Portugal não perdoará se tivermos um governo que segue as pisadas do PS”. Ainda esta semana, nas suas redes sociais, o CHEGA já tinha feito uma publicação onde se mostrava preocupado com o facto de, só no último mês terem estado encerrados 106 serviços de urgência, em todo o país. 

Na campanha para as Legislativas de 2024, no Alentejo, o presidente do CHEGA já abordava este assunto, e prometia que, caso fosse governo, iria lançar “um grande programa, um enorme programa de emergência para que, nos primeiros seis meses de legislatura, nos primeiros seis meses de governo, consigamos reduzir ao mínimo, em todos os distritos, as listas de espera”. Esta tem sido uma das grandes bandeiras do CHEGA que afirma que “não há tarefa mais fundamental do que esta” e que “a saúde dos portugueses tem de estar em primeiro lugar”.

No que toca ao debate do Estado da Nação, o executivo de Luís Montenegro ouviu várias críticas de todas as bancadas, com o CHEGA a assumir o papel principal, apontando o dedo ao Primeiro-Ministro por “adormecer e acordar a pensar numa moção de censura” e acusando de estar à espera de uma “maioria absoluta que não vai chegar”.

André Ventura disse ainda que “antes havia um governo que apresentava PowerPoints e agora há um que apresenta folhetos”, referindo-se aos conselhos de ministros semanais, organizados pelo PSD, para fazer aprovar leis por direito, em vez de as levar à Assembleia para discussão. “O governo tem medo de levar as suas propostas à Assembleia e que elas sejam rejeitadas”, disse. O debate foi ainda marcado pelo Orçamento de Estado para 2025 (OE25), que será discutido em outubro. Ainda não é garantido que o OE25 seja aprovado e, por isso, o executivo de Montenegro anunciou que iria “ouvir todos os partidos”, numa reunião, nesta sexta-feira, no palácio de São Bento, que contará com a presença do Primeiro- Ministro.

André Ventura afirmou que “o CHEGA irá a esta reunião com responsabilidade, para evitar outra crise política”, mas que há bandeiras de que o partido não abdica e, caso não sejam incluídas no OE25, não poderá viabilizar o documento. “Não podemos votar a favor de um orçamento se não formos chamados a participar no mesmo”, disse, em declarações aos jornalistas.

O presidente do CHEGA avisou ainda o governo que não “pode querer negociar com o PS e com o CHEGA”, porque “o CHEGA quer menos impostos e menos subsídios” e o PS quer “exatamente o oposto”. André Ventura disse mesmo que “se as promessas eleitorais continuarem a ser olhadas de lado, o CHEGA desvincula-se das negociações do OE25”.

Assim foi a semana que marcou o fim dos debates parlamentares, antes da pausa para as férias de verão. Durante estes meses de discussão intensa, diversos temas cruciais foram abordados pelos deputados, refletindo as preocupações atuais da população e os desafios que o país enfrenta. Questões como a crise na saúde, na educação, na habitação e o caos na imigração dominaram a agenda parlamentar, com discursos acalorados e acusações de parte a parte.

Os debates serão retomados em setembro, quando se espera que estes temas voltem para cima da mesa com renovada urgência e vigor. A expectativa é que as discussões continuem a focar-se nas soluções práticas e nas reformas necessárias para enfrentar os problemas estruturais do país.

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