Os dados foram avançados à agência Lusa pelo Coordenador do Programa Nacional de Implementação das Unidades de Hospitalização Domiciliária nos hospitais do Serviço Nacional de Saúde, Delfim Rodrigues.
Nos primeiros seis meses do ano foram avaliados 14.049 doentes, mais 8,7%, e internados em casa 5.882, mais 19,5%.
“Com mais segurança e qualidade as equipas conseguiam reduzir a demora média de internamento para 9,2 dias, menos 4,9%” e os dias de internamento realizados e poupados aos hospitais totalizaram 54.135, mais 14,5%, salientou Delfim Rodrigues.
Fazendo um balanço do programa lançado em 2018, que já permitiu o internamento de 41.305 doentes em casa (considerando a fase piloto), disse que tem revelado “uma grande consistência” no seu desenvolvimento, fundamentalmente, em torno de três variáveis: Acesso, qualidade e segurança, eficiência.
Em termos do acesso, “o número de doentes observados, tratados, tem subido”, e, relativamete à qualidade e segurança, diminuiu a taxa de mortalidade expectável para 1,8%, bem como das taxas de infeção e de internamento quando comparado com os internamentos hospitalares.
“A eficiência significa que tratamos mais doentes, com mais acesso, mais qualidade e segurança e com menos despesa para o SNS, e, por conseguinte, para os contribuintes”, salientou.
Delfim Rodrigues assinalou o aumento do número de doentes admitidos nos serviços de urgência dos hospitais com hospitalização domiciliária que são encaminhados diretamente para o internamento no domicílio (19,1%).
Os internados em casa provenientes da consulta externa representam 36% e mais de 32% foram admissões diretas, sem passar pelo hospital, com referência dos médicos de Medicina Geral e Familiar.
Os doentes estão permanentemente vigiados e monitorizados (telemonitorização, telemedicina, contacto telefónico), sendo que se ocorrer algum problema, o doente ou familiar pode contactar imediatamente a equipa.
“Em cerca de 3.300 das situações, os médicos e os enfermeiros tiveram que se deslocar ao domicílio do doente fora do horário de rotina”, representando um aumento de 9%.
Já o número de visitas da equipa a casa dos doentes totalizou 70.997 e os contactos não presenciais 32.940.
Segundo Delfim Rodrigues, o número de camas de hospitalização domiciliária também subiu: “É como se tivéssemos construído de raiz um hospital de 352 camas”, o que representaria uma despesa de investimento de cerca de 450 milhões euros, enquanto neste modelo o investimento é de cerca de 20 milhões de euros.
Todos os hospitais do país têm unidades de hospitalização domiciliária, à exceção de Braga e Beja que deverão arrancar em setembro, sendo o “grande objetivo” conseguir, em 2026, internar em casa 50 mil doentes (cerca de 5% do total de doentes hospitalizados).
Cerca de 90% dos doentes são candidatos a esta forma de tratamento, “com menos custos, mais qualidade, mais segurança e mais acessibilidade, porque pode não haver cama no hospital, mas as pessoas, independentemente da qualidade da casa, da qualidade da cama, têm sempre cama em casa”.
Até final de junho, a taxa de eficiência, na relação receita custos diretos, correspondeu a 51,2%, cerca de 9,5 milhões de euros, valor que os hospitais que têm autonomia e capacidade podem aplicar “em termos de investimento como entenderem”.
“O programa tem revelado enorme sucesso, fruto da elevada qualidade técnica e humana de todos os profissionais envolvidos. É o único programa do SNS que de forma constante consolida níveis de oferta cada vez superiores de atividade, aliviando num período particularmente difícil, a atividade interna dos hospitais”, rematou.