Coordenação de cuidados é um dos desafios de Portugal na saúde

A coordenação dos cuidados de saúde é um dos grandes desafios de Portugal, que nesta matéria apresenta um desempenho inferior à média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE), segundo dados hoje divulgados.

© D.R.

Os valores constam do Patient Reported Indicators Surveys (PaRIS), o maior inquérito internacional aplicado a utilizadores de serviços de saúde, cujos resultados são apresentados hoje em Lisboa, com o apoio da Direção-Geral da Saúde.

O estudo da OCDE mostra que, no que se refere à coordenação de cuidados de saúde – ter um plano de cuidados único com articulação entre hospital e centro de saúde -, Portugal está abaixo da média da OCDE (49% vs 59%).

Em declarações à Lusa, o sub-diretor-geral da Saúde para a área da Saúde Pública, André Peralta, reconhece que “a coordenação de cuidados de saúde ainda pode melhorar muito”.

“É um dos aspetos mais relevantes. O estudo diz, no fundo, que os doentes se queixam de que a coordenação de cuidados, entre os cuidados de saúde primários e o hospital, não é aquela que gostariam”, afirma, lembrando que não se trata de um problema unicamente português.

O responsável destaca a importância de o doente crónico ter “um plano único de cuidados”: “Uma pessoa que tenha várias doenças crónicas, (…) precisa de ir a uma consulta de neurologia, de endocrinologia, de cardiologia. O ideal é ter um plano único em que a pessoa perceba todos os cuidados que recebe”.

“Aqui o papel do médico de família é absolutamente central, porque tem esta visão de coordenação dos cuidados. Acho que é outra mensagem do estudo, que precisamos de reforçar este papel de coordenação nos cuidados de saúde primários”, acrescentou.

Segundo o PaRIS, a confiança no sistema de saúde por parte dos portugueses (54%) também é menor do que a média da OCDE (62%), um critério que é influenciado por fatores socioeconómicos: 64% dos utentes portugueses com rendimentos mais elevados confiam no sistema (70% na OCDE), enquanto apenas 48% das pessoas com rendimentos mais baixos expressam essa confiança (59% na OCDE).

A este propósito, André Peralta sublinha que a confiança no sistema “desempenha um papel fundamental”.

“Sem este pilar da confiança na qualidade dos cuidados de saúde, não conseguimos ter um sistema de saúde que, no fundo, vá ao encontro das necessidades das pessoas”, defende.

Para Peralta Santos, não se consegue pelos dados recolhidos perceber exatamente ao detalhe porque é que isso acontece, mas que o fator confiança pode ser influenciado pelo facto de a pessoa “ter mais ferramentas para gerir a complexidade do sistema” e “fazer valer os seus direitos”.

“E, depois, há outro indicador também muito relevante, que é quem experiencia atrasos no diagnóstico, ou dificuldades de acesso, perde um pouco a confiança no sistema”, acrescenta.

No estudo da OCDE, o acesso fácil a consultas aparece como uma condição “muito relevante” na confiança que os utentes têm no sistema de saúde. As pessoas que tiveram experiências negativas — não conseguir uma consulta ou receber um diagnóstico tardio — têm uma probabilidade 1.6 vezes menor de confiar no sistema de saúde.

André Peralta aponta ainda como um dos aspetos relevantes para manter a confiança no sistema o facto de se ter um médico de família há mais de dois anos.

Lembra que Portugal já mostrou que consegue olhar para os relatórios internacionais e melhorar os indicadores, dando o exemplo do PISA (educação), e acrescentou: “Isso também nos dá pistas de que é possível melhorar estes indicadores [de saúde]”.

Últimas do País

Um sismo de magnitude 3,1 na escala de Richter foi sentido hoje no concelho da Povoação, São Miguel, informou o Centro de Informação e Vigilância Sismovulcânica dos Açores (CIVISA).
Duas urgências de pediatria e três de ginecologia/obstetrícia, menos uma do que o previsto na sexta-feira, estão hoje encerradas, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, segundo as escalas publicadas no portal do SNS.
O suspeito do homicídio da mulher de Oliveira do Bairro cujo corpo foi encontrado há dias foi detido hoje naquele concelho, disse à agência Lusa fonte da Polícia Judiciária (PJ).
Um cidadão estrangeiro de 32 anos com mandato de detenção europeu, por suspeita de prática de 11 crimes de dano através de ‘graffiti’ em edifícios e comboios na Suécia, foi detido em Leiria, anunciou hoje a Polícia Judiciária (PJ).
Portugal e Espanha instaram o governo francês a fixar “prazos concretos e compromissos vinculativos” sobre os corredores de interconexão elétrica entre a Península Ibérica e França, propondo a realização de uma reunião dos ministros da Energia este ano.
Unidade Local de Saúde (ULS) de Coimbra encontra-se a testar um equipamento tecnológico desenvolvido no Instituto Pedro Nunes (IPN) que permite efetuar ecografias à distância e assim quebrar barreiras no acesso a meios de diagnóstico.
O distrito de Faro está sob aviso amarelo devido ao calor, que se estende no domingo a Évora, Beja, Castelo Branco e Portalegre, anunciou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O Tribunal Constitucional (TC) rejeitou os recursos apresentados pela Concorrência e Ministério Público para tentar travar as prescrições no caso do cartel da banca, que previa coimas de 225 milhões de euros a 11 bancos, noticia hoje o Público.
Três urgências de ginecologia e obstetrícia e duas de pediatria estão hoje encerradas, a maioria na região de Lisboa e Vale do Tejo, de acordo com as escalas publicadas no portal do SNS.
Sete pessoas morreram em contexto de violência doméstica nos primeiros três meses do ano, revelou hoje a PJ, avançando que, entre 2020 e março de 2025, as mortes neste âmbito representaram praticamente 25% do total de investigações por homicídios.