Pouco antes dos tumultos de Outubro, numa conversa de vestiário, discutíamos a actividade do CHEGA. “Não está a conseguir…” Um filosófico, candidato a cinto negro, disse “Têm de falar em problemas reais!” Pois a história da “gémeas” estava a começar a cair na monotonia.
Este vosso amigo perguntou, então, quem sabia da proposta populista, da passagem da violação a crime público. Ninguém conhecia! Estariam, até, convencidos que era crime público. Pois não é. É crime particular; ou seja, depende de queixa.
Para muitos, crime público é o que vem nos jornais. Daí, até uma senhora, votante socialista de sempre, ter dito ao autor destas linhas que, por ela, nunca passaria. Entende que a vítima tem o direito a não ter a intimidade devassada.
Crime público, é o que não precisa de queixa. Basta o auto de notícia, para as autoridades terem de intervir. Imaginemos, agentes policiais impedem uma violação. Não é preciso a vítima formalizar queixa. Segue à procuradoria da república. A acusação corre por conta do ministério público. O que significa que não haverá despesas judiciais para a vítima. E não é admissível a “desistência”. Já possível, por expo. em casos de injúrias, ou ofensas corporais simples.
Em 18 de Outubro deste ano, o CHEGA apresentou a proposta a votação na AR. Foi rejeitado com os votos da governante AD e do PS. CDU e Livre abstiveram-se.
Era de esperar que a Esquerda, sempre pronta a gritar e espernear pelos “direitos das mulheres”, que considera um galanteio “assédio sexual”, votasse a favor. Mas, não. Há outras implicações “culturais”!
Recordemos que, em 2023 houve alguns casos de acusações de violação ou tentativa, por parte de motoristas da UBER. Um, pelo menos, indiano. A nossa comunicação social foi muito discreta quanto à origem dos abusadores.
A violação passar a crime público também é “racismo”? Poderia trazer a lume as origens étnicas de muitos violadores. E isso não ajudava a “agenda globalista”.
Como referência histórica, temos a viúva de Lenin. A famosa Madame Nádia KRUPSKAYA. No seu “Outchit Gazeta” em 10/X./1929, defendia a “socialização” das mulheres: “Consequentemente, qualquer um que tente defender uma mulher que é atacada, mostra uma natureza burguesa e declara-se a si mesmo a favor da propriedade privada.”
Avançando meio século, temos as famosas petições pela “liberdade sexual”. Centradas na França do Maio 68. Diversas “celebridades” subscreviam, entre outras coisas, a abolição da “idade do consentimento”. Encontramos aí a inevitável parelha Sartre/Simone de Beauvoir. O futuro líder gay Guy Hocqhenguem. E várias “feministas” reputadas.
Uma delas foi a pedopsiquiatra Françoise Dolto. Segundo a Wikipédia, em novembro de 1979, deu uma entrevista ao jornal feminista “Chosir la cause des femmes” (Escolher a causa das mulheres). Respondendo à questão sobre a violação incestuosa, declarou: “o incesto pai-filha, a filha adora o pai e fica muito contente por poder importunar a mãe.” Desculpabiliza o progenitor/violador. Afirma que não existe violação, pois agem voluntariamente. Respondendo sobre o que diria a uma mulher que tivesse sido violada em criança, declarou que diria que ela não sentiu a situação como uma violação. Pois compreendeu que o pai a amava e que apenas se consolava com ela visto que a mãe não queria ter relações com ele.! E disse mais barbaridades que custam a transcrever.
Outra das informadas subscritoras, tem opções, digamos, mais “violentas”. Catherine Millet, em Dezembro de 2017, concedeu uma entrevista a “France Culture” (emissão cultural da Radio France). Lastimou: “É o meu grande problema, lamento muito não ter sido violada. (!) Pois poderia testemunhar que, da violação, recupera-se”. O raciocínio tem uma sequência. Em 14 de Fevereiro do ano seguinte, (Dia dos Namorados!) declara que é melhor não resistir à violação do que arriscar a vida. Provável alusão a mais um caso de violação/homicídio: Anne Lorraine Schmitt, estudante de 23. Assassinada em 25 de Novembro de 2007 ao resistir á violação levada a cabo por um reincidente. (Tinha anteriormente sido condenado a cinco anos, dois com pena suspensa).
Recordam-se os leitores das “FEMEN”? Um fenómeno bastante visível. Mulheres jovens, em tronco nu, usando um toucado de flores, atacavam, raivosamente, tudo quanto fosse princípio religioso. E o que entendiam ser “estereótipo feminino.” Nomeadamente, a boneca “Barbie”.
Esse grupo atacou, na Páscoa de 2014 a celebração em Nôtre Dame, de Paris. Nove ativistas investiram a torre sineira, aos gritos, usando “farda de serviço”. Foram retiradas à força, pelos seguranças do local. O sino ficou danificado.
A Procuradoria pediu uma multa de 1500€ para cada uma das nove furiosas. Mas, os seguranças que intervieram, utilizando a força muscular, foram condenados a pagamento de indemnizações de 300, 500 e 1000 Euros.
Uma dessas agressoras “evoluiu”. Marguerite Stern, detentora da dupla nacionalidade francesa e portuguesa. Após confrontos violentos em manifestações tradicionalistas, foi-se aproximando de posições consideradas “transfóbicas” e de “extrema-direita”. Em entrevista localizável no Youtube, apresentou publicamente “desculpas” aos católicos. Declarou que entende ser a França um país de tradição católica e assim deve continuar.
Noutro vídeo conta que SOS RACISME apresentou queixa contra ela por discurso de incitamento ao ódio racial e religioso. Por ter declarado em entrevista que as populações africanas e do médio-oriente, imigrados ou naturalizados, não apenas, mas principalmente muçulmanos, agridem mais as mulheres do que os europeus. Por essas afirmações, que reafirma, arrisca até um ano de prisão efetiva e 45 mil euros de multa. (“SOS Racisme porte plainte contre moi”).
Um dos casos que refere a ex-ativista, como crimes cometidos por estrangeiros, foi o assassinato da estudante Phillipine LE NOIR, de 19 anos. Violada e assassinada, em 20 de Setembro de 2024. O suspeito acabou por ser detido na Suíça. Era um marroquino, designado por TAHA O. Já tinha sido condenado a sete anos de prisão, pela violação duma estudante universitária. Foi libertado ao fim de dois anos e meio.
Uma homenagem à vítima foi levada a cabo em Vienne, pelo partido de direita UDR. Foi perturbada por um grupo que gritava” Somos todos antifascistas”. O grupo incluía professores e candidatos a deputado!
No Brasil, há uma boa dúzia de anos, um deputado “conservador” apresentou a proposta para a castração química dos “estupradores”. A radicalidade de tal pena provocou a revolta duma deputada feminista. Não conseguia digerir que um homem, tradicional, oficial do exército propusesse tal punição. A defensora das mulheres desvairada, acusou: “Você é um estuprador”. O eleito chamava-se Jair Messias Bolsonaro.
Uma menção singela à presidente da Câmara de Colónia. HENRIETTE REKER, conhecida feminista, tomou posição enérgica face às notícias de violação de europeias por “refugiados”. As alemãs é que terão de saber manter-se “à distância de um braço dos refugiados”, afirmou a autarca.
Na vizinha Espanha, temos aquela afirmação, inqualificável, da escritora feminista Almuneda Grandes. Referindo-se ás violações sofridas por várias freiras, durante a Guerra Civil Espanhola, achava que deviam ter aproveitado! Escreveu em EL País, 24/XI/08, “Imagino o prazer que sentiu (a freira) ao cair nas mãos de uma patrulha de milicianos jovens, armados e, humm, suados”. Isto, publicado no Dia Internacional da Violência contra a Mulher!
Menos condenável, na psicologia, mas grave nos efeitos, foi a “Lei de Garantia Integral da Liberdade Sexual”, 10/2022, conhecida como” Lei Só Sim é Sim”.
Tão competente foi a redação do normativo, que eliminou a distinção entre “abuso” e “violação”. Por consequência, reduziu a duração das penas. O que provocou a libertação antecipada de mais de setenta agressores sexuais.
Com tão significativos antecedentes, não admira que a esquerda, moderada ou não, não pretenda a passagem de violação a crime público. Uma colega sintrense, comentando com este vosso mandatário a rejeição da proposta concluiu: “Não quero acreditar que tenha sido por vir do CHEGA. Mas foi!”.