O setor da saúde em Portugal atravessa uma crise sem precedentes, marcada por falhas graves que colocam em risco a vida dos cidadãos. Apesar das insistentes declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, de que o sistema está a melhorar, a realidade é profundamente diferente para a maioria dos portugueses.
Nos últimos meses, têm-se acumulado casos alarmantes: profissionais a abandonarem os seus cargos — como o diretor de Ortopedia do Hospital de Santa Maria, em Lisboa —, grávidas forçadas a dar à luz fora das unidades hospitalares por falta de condições e bebés que, tragicamente, perdem a vida por ausência de cuidados essenciais. Ainda assim, Montenegro afirma que “a saúde em Portugal está hoje melhor do que há um ano”.
O líder do PSD declarou que o sistema de saúde apresenta sinais de recuperação, destacando uma alegada redução nas listas de espera, melhor acesso aos cuidados primários e reforço dos meios hospitalares. “O Governo tem investido de forma consistente no Serviço Nacional de Saúde, com mais profissionais a entrarem para os hospitais e centros de saúde”, afirmou o primeiro-ministro, apelando à continuidade deste “caminho de recuperação”.
Contudo, para o presidente do CHEGA, André Ventura, estas declarações revelam um total alheamento da realidade. “Só quem vive num mundo cor-de-rosa, como Luís Montenegro com os seus óculos cor-de-laranja, pode dizer que a saúde está a melhorar. A verdade é que estamos a assistir a um desastre anunciado, com profissionais a abandonarem os hospitais e doentes a pagarem o preço dessa incompetência.”
“O CHEGA vai lutar para que se invista verdadeiramente na saúde pública, que se valorizem os profissionais e que o Serviço Nacional de Saúde deixe de ser um labirinto de burocracias que mata mais do que cura”, sublinhou Ventura.
As situações dramáticas sucedem-se, especialmente no âmbito da saúde materna. Diariamente, os portugueses veem reportagens nas televisões, escutam relatos nas rádios e leem nas plataformas digitais que urgências de obstetrícia e ginecologia encerram temporariamente por falta de profissionais.
Como por exemplo, em novembro de 2024, o Hospital de Vila Nova de Gaia encerrou temporariamente a urgência de obstetrícia por carência de médicos. As grávidas tiveram de procurar atendimento no Hospital de São João, no Porto, enfrentando longas esperas e dificuldades no acesso a cuidados urgentes. Já no Centro Hospitalar do Médio Tejo, segundo o Correio da Manhã, no início deste ano, várias grávidas foram obrigadas a procurar serviços de emergência longe do domicílio, devido ao encerramento da urgência de ginecologia no Hospital de Abrantes.