Celeste Saulo falava na abertura da cimeira da ONU sobre o clima, a COP30, que hoje e sexta-feira junta apenas líderes mundiais em Belém, no Brasil.
A conferência, com a presença das delegações de quase 200 países, começa na próxima segunda-feira e vai até dia 21.
Recordando que a OMM está a divulgar uma atualização do Estado do Clima 2025, a responsável afirmou: “Estou hoje diante de vocês com a dura realidade (…). Não podemos desafiar as leis da física. A ciência não mente. A série alarmante de temperaturas excecionais continua”.
Celeste Saulo alertou que as concentrações de gases de efeito estufa, que retêm calor, estão nos níveis mais elevados em 800.000 anos, o que conduz o planeta para “um futuro mais quente e mais perigoso”.
“E, o que é particularmente preocupante, o aumento dos níveis de dióxido de carbono entre 2023 e 2024 foi o mais elevado que já medimos”, disse, alertando também que o calor dos oceanos está em “níveis recordes”, causando danos em ecossistemas e economias.
Com a subida dos níveis do mar a continuar a aumentar, com o gelo marinho da Antártida e do Ártico a atingirem níveis recorde de baixa, o mundo assiste, referiu, a “condições meteorológicas destrutivas”, como meses de chuva que caem em minutos, ou calor extremo.
Estes não são avisos distantes, mas sim a realidade de hoje, avisou.
Segundo Celeste Saulo, o aumento recorde de GEE significa que é praticamente impossível limitar o aquecimento global a 1,5ºC (como foi aprovado no Acordo de Paris sobre o clima há 10 anos) nos próximos anos, sem ultrapassar temporariamente essa meta do Acordo de Paris.
Perante tantos avisos, a responsável admitiu que há progressos, falou que os alertas precoces estão a salvar vidas, que a ciência está agora a deixar alertas, mas também a ajudar na adaptação.
E pediu que a COP30 seja lembrada, não como mais um aviso ignorado, mas como o momento em que o mundo mudou de rumo.
“Não podemos reescrever as leias da física mas podemos reescrever o nosso caminho”, disse.