Marine Le Pen nega no parlamento francês qualquer submissão a influência russa

© Facebook Marine Le Pen

A líder da direita conservadora francesa, Marine Le Pen, negou hoje na Assembleia Nacional qualquer “tropismo russo”, garantindo que nunca teria assinado o empréstimo contraído pelo seu partido na Rússia se ele implicasse alguma contrapartida política.

“Se me comprometesse ao que quer que fosse, não teria assinado” o empréstimo de 9,4 milhões de euros contraído em 2014 num banco checo-russo, ainda em processo de reembolso, assegurou Marine Le Pen.

“Assinei um empréstimo com um banco, não assinei um empréstimo com Vladimir Putin”, o Presidente russo, insistiu a candidata derrotada à segunda volta das eleições presidenciais contra Emmanuel Macron em 2017 e 2022, durante uma audição de quatro horas perante a comissão parlamentar de inquérito sobre ingerências estrangeiras.

Os seus adversários acusam o partido de Le Pen, a União Nacional (UN), principal formação da oposição na Assembleia Nacional desde as eleições legislativas de 2022, de ser um agente da influência russa em França.

Esta comissão parlamentar de inquérito dedicada às ingerências estrangeiras foi criada pelo grupo da UN na câmara baixa do parlamento francês no final do ano passado, precisamente para tentar cortar essas suspeitas pela raiz. Os outros partidos criticaram a sua criação, descrevendo-a como uma “manobra de diversão”.

A dirigente da direita conservadora explicou que o seu partido atravessava, na altura, uma situação financeira difícil e estava com dificuldade em encontrar um credor europeu.

“Era isso ou a morte” do partido, então chamado Frente Nacional (FN), afirmou.

Questionada sobre se esse apoio vital pesou no apoio dos dirigentes da FN à Rússia após a invasão da Crimeia, em 2014, Le Pen respondeu: “A obtenção de um empréstimo não alterou em nada opiniões que eram as nossas desde sempre”.

Depois de ter defendido a anexação russa da península ucraniana da Crimeia e apelado, em 2017, para o levantamento das sanções internacionais impostas a Moscovo, Marine Le Pen mudou de posição quando a Rússia invadiu a vizinha Ucrânia, em fevereiro de 2022, classificando tal ato como “uma agressão”.

Submetida às perguntas dos deputados, Le Pen, recebida no Kremlin alguns dias antes das eleições presidenciais de 2017, assegurou “nunca” ter falado sobre o empréstimo com Putin ou com outros responsáveis políticos russos com quem se reuniu.

Afirmou também que, se tivesse sido eleita em 2017, teria proibido os partidos políticos franceses de contraírem empréstimos junto de entidades bancárias estrangeiras.

E defendeu ainda a criação de um “banco da democracia” para ajudar as várias formações a financiar, em especial, as respetivas campanhas eleitorais – uma ideia recorrente, inclusive nos partidos da maioria, mas à qual Macron nunca deu seguimento.

As conclusões desta comissão de inquérito são esperadas no início de junho.

Últimas de Política Internacional

O Tribunal Constitucional indicou esta terça-feira que não admitiu as candidaturas às eleições presidenciais de Joana Amaral Dias, Ricardo Sousa e José Cardoso.
A Comissão Europeia anunciou hoje uma investigação formal para avaliar se a nova política da `gigante` tecnológica Meta, de acesso restrito de fornecedores de inteligência artificial à plataforma de conversação WhatsApp, viola regras de concorrência da União Europeia.
O Sindicato de Trabalhadores da Imprensa na Venezuela (SNTP) e o Colégio de Jornalistas (CNP), entidade responsável pela atribuição da carteira profissional, denunciaram hoje a detenção de um jornalista que noticiou a existência de um buraco numa avenida.
O Tribunal Constitucional da Polónia ordenou hoje a proibição imediata do Partido Comunista da Polónia (KPP), alegando que os objetivos e atividades do partido, refundado em 2002, violam a Constituição.
A Administração Trump suspendeu todos os pedidos de imigração provenientes de 19 países considerados de alto risco, dias após um tiroteio em Washington que envolveu um cidadão afegão, anunciou o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.
Federica Mogherini, reitora do Colégio da Europa e ex-chefe da diplomacia da União Europeia (UE), foi indiciada pelos crimes de corrupção, fraude, conflito de interesse e violação de segredo profissional, revelou a Procuradoria Europeia.
O Presidente ucraniano apelou hoje para o fim da guerra, em vez de apenas uma cessação temporária das hostilidades, no dia de conversações em Moscovo entre a Rússia e os Estados Unidos sobre a Ucrânia.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, considerou hoje que a situação na Catalunha só se normalizará totalmente se o líder separatista Carles Puigdemont for amnistiado e regressar à região, tendo reconhecido "a gravidade da crise política" que enfrenta.
A Comissão Europeia confirmou hoje que foram realizadas buscas nas instalações do Serviço de Ação Externa da União Europeia (UE), em Bruxelas, mas rejeitou confirmar se os três detidos são funcionários do executivo comunitário.
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa Federica Mogherini foi detida hoje na sequência de buscas feitas pela Procuradoria Europeia por suspeita de fraude, disse à Lusa fonte ligada ao processo.