CHEGA quer proibição total de participações de políticos em empresas que negoceiem com Estado

© Folha Nacional

O CHEGA anunciou hoje que vai propor a proibição total de participações de governantes em empresas que façam negócios com o Estado, depois de o Tribunal Constitucional não ter dado razão ao partido em três denúncias de alegadas incompatibilidades.

Em causa, estavam participações do CHEGA ao Tribunal Constitucional (TC), feitas em outubro do ano passado, relativas ao ministro da Saúde, Manuel Pizarro, ao ex-ministro das Infraestruturas Pedro Nuno Santos e ao secretário de Estado da Conservação da Natureza e Florestas, João Paulo Catarino.

Em conferência de imprensa, o deputado e presidente do CHEGA, André Ventura, anunciou que o partido foi notificado dos pareceres do Ministério Público junto do TC, que em nenhum caso lhe deu razão, e considerou que os juízes fizeram uma “interpretação restritiva” da lei que regula o exercício de funções por titulares de cargos políticos e altos cargos públicos.

“O TC considera, numa decisão que fará jurisprudência a menos que consigamos mudar a lei, que os ministros podem deter participações sociais, direta ou indiretamente, [em empresas que façam negócios com o Estado] desde que as áreas com que façam negócio não sejam da sua tutela governativa”, apontou.

Segundo Ventura, foi esta a base da decisão para que o Tribunal não tenha considerado existirem incompatibilidades nas participações sociais em empresas de Pedro Nuno Santos e de João Paulo Catarino.

Já no caso do ministro da Saúde, Manuel Pizarro, o parecer do Ministério Público entendeu, segundo Ventura, que terá havido uma incompatibilidade, mas que já foi sanada, não dando por isso lugar a qualquer sanção, que poderia ser a demissão.

“Para nós, é uma derrota jurídica, mas não vamos recorrer da decisão, a solução é mudar a lei no parlamento”, afirmou Ventura.

Apesar de hoje o parlamento discutir precisamente alterações ao regime dos titulares de cargos públicos, e com uma proposta do CHEGA no quadro das sanções, Ventura defendeu que estas decisões do Ministério Público justificarão uma nova proposta de mudança da lei, em dois pontos.

“Uma das alterações que proporemos será que os governantes tenham de sanar irregularidades antes da tomada de posse como ministros e que não o possam fazer depois”, explicou.

Em segundo lugar, “a proibição de ministros e secretários de Estado terem participações em empresas que negoceiem com o Estado, independentemente da área que tutelam”.

“Os ministros e secretários de Estado não podem ter nenhuma participação em empresas que façam negócios com o Estado”, resumiu.

O presidente do CHEGA considerava que a lei já seria clara nesta proibição, mas dada esta “interpretação restritiva” do Tribunal – que segue um parecer anterior do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República –, defendeu ser preciso clarificá-la para evitar “promiscuidades e ligações perigosas” no Governo.

Questionado sobre uma outra denúncia feita pelo CHEGA, relativa à ministra da Coesão Territorial Ana Abrunhosa, André Ventura referiu que o partido só recebeu, até agora, as três notificações que hoje divulgou.

Nos pareceres que o CHEGA divulgou à comunicação social relativos a Pedro Nuno Santos e João Paulo Catarino, refere-se que “não se verifica qualquer situação de impedimento legal”, uma vez que as participações sociais dos governantes não são em empresas ligadas às áreas que tutelam.

Já no de Manuel Pizarro, constata-se no parecer que existiu uma situação de incompatibilidade legal, mas que foi sanada pelo próprio, “inviabilizando qualquer sanção” por parte do TC.

Em outubro do ano passado, e na sequência de notícias de alegadas violações do regime de incompatibilidades por vários governantes, o executivo defendeu que a lei estava a ser “totalmente cumprida”, considerando que a reflexão sobre este regime cabe ao parlamento.

Nessa altura, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pediu ao parlamento que reveja o regime jurídico sobre as incompatibilidades e impedimentos de titulares de cargos políticos, caso a Assembleia da República “considere relevante e necessária tal reflexão”.

“Com efeito, o emaranhado legislativo complexo tem suscitado ampla controvérsia na sociedade portuguesa, numa matéria essencial para a confiança dos cidadãos nas instituições, a qual resulta de uma imposição constitucional, dúvidas essas que foram expressas, inclusivamente, pelo Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República”, refere uma nota divulgada no site da Presidência da República em 12 de outubro.

Últimas de Política Nacional

O candidato presidencial e líder do CHEGA, André Ventura, fez hoje um “apelo final” ao Presidente da República para que adie a reunião do Conselho de Estado para a semana seguinte à segunda volta das presidenciais.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, prometeu hoje a proibição dos maquinistas conduzirem sob o efeito do álcool, estupefacientes ou substâncias psicotrópicas.
O candidato presidencial e líder do CHEGA considerou hoje a mensagem de Natal do primeiro-ministro "pouco feliz e pouco empática" por não falar da situação na saúde, desafiando os seus adversários para um debate sobre o tema.
O conselho diretivo de cada Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) vai passar a ter cinco vice-presidentes indicados pelo Conselho de Ministros, segundo um decreto-lei publicado.
O Presidente da República criticou hoje a demora do parlamento em eleger os conselheiros de Estado, frisando que já espera há seis meses, e disse ter convocado uma reunião do órgão consultivo porque a Ucrânia “é um tema fundamental”.
Candidato presidencial recorre da decisão que manda retirar cartazes com a frase “Os ciganos têm de cumprir a lei” e acusa os tribunais de impor uma ‘mordaça’ à liberdade de expressão em campanha eleitoral.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou o Conselho de Estado para 9 de janeiro para analisar a situação internacional e, em particular, na Ucrânia. A informação consta de uma nota divulgada esta terça-feira no site da Presidência da República.
Exigir que todos cumpram a lei passou a dar multa. O Tribunal Local Cível de Lisboa mandou retirar os cartazes de André Ventura e proibiu o candidato presidencial de repetir a mensagem, numa decisão que Ventura considera ser censura política.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vetou hoje os decretos da lei da nacionalidade, na sequência das inconstitucionalidades decretadas pelo Tribunal Constitucional, devolvendo-os à Assembleia da República.
O candidato presidencial Luís Marques Mendes divulgou hoje uma lista com os 22 clientes da sua empresa, na qual se encontram prestações de serviços em consultoria, comentários e participações em conferências, e que inclui a construtora de Famalicão Alberto Couto Alves.