Sismo e “estado da democracia” complicam eleições turcas

© D.R.

As eleições na Turquia vão realizar-se em condições “muito difíceis” devido ao “estado da democracia” no país e às consequências do terramoto de 06 de fevereiro, segundo o chefe dos observadores do Conselho da Europa

O atual Presidente, Recep Tayyip Erdogan, no poder há 20 anos, vai candidatar-se a um novo mandato a 14 de maio, altura em que os turcos também elegem os deputados.

No início de março, o chefe de Estado decidiu manter ambas as eleições marcadas para 14 de maio, apesar do terramoto ter devastado cidades inteiras a 06 de Fevereiro e ter causado mais de 50.000 mortos no sudeste do país.

O Conselho da Europa, que vigia o respeito pelos direitos humanos no continente, e do qual a Turquia é membro, vai enviar 42 deputados da Assembleia Parlamentar para observar a votação, disse à agência de notícias France-Presse (AFP) o chefe da delegação, o deputado alemão Frank Schwabe.

“As eleições estão a decorrer num contexto muito difícil devido ao estado da democracia. A situação dos direitos humanos, do Estado de direito, não é a que desejamos” no Conselho da Europa, um organismo que reúne 46 Estados, sublinhou.

A missão parlamentar regressou de uma primeira visita à Turquia no início do mês, durante a qual se encontrou com várias equipas de campanha, mas não com Erdogan.

Schwabe mencionou a liberdade de imprensa e “a possibilidade de os partidos políticos atuarem livremente e fazerem campanha de forma justa”.

“O Presidente tem, sem dúvida, um melhor acesso aos meios de comunicação social públicos”, observou.

O Governo tem sido criticado pelo ritmo lento da ajuda às vítimas do terramoto.

Os desalojados, muitos dos quais se instalaram na capital Ancara, em Istambul ou em Mersin, na costa sul, tinham até 02 de abril para alterar a morada nos cadernos eleitorais. A oposição considerou o prazo demasiado curto.

“Muitas pessoas não puderam inscrever-se noutros locais nos cadernos eleitorais”, disse Schwabe. “No dia das eleições, esperamos que haja uma grande deslocação para as regiões de onde são originários”, acrescentou.

“Como é que isso vai acontecer, não sabemos: será que vão usar meios [de transporte] criados pelo Governo, talvez para apoiar apenas determinados partidos, não sabemos”, disse o alemão.

Outra preocupação é a identificação dos eleitores.

“Muitas pessoas morreram. Não sabemos realmente o que aconteceu aos seus bilhetes de identidade no final. Muitas pessoas estão desaparecidas. Ouvimos dizer que não sabemos realmente quantas pessoas morreram. É certamente uma questão preocupante, é algo que vamos analisar com muita atenção”, afirmou o deputado.

Há o risco de algumas pessoas usarem bilhetes de identidade das vítimas para votar. “Isso pode acontecer”, reconheceu Schwabe.

Últimas de Política Internacional

O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, anunciou hoje “medidas enérgicas” contra os colonos radicais e seus atos de violência dirigidos à população palestiniana e também às tropas de Israel na Cisjordânia.
A direita radical francesa quer que o Governo suspenda a sua contribuição para o orçamento da União Europeia, de modo a impedir a entrada em vigor do acordo com o Mercosul.
O ministro dos Negócios Estrangeiros do Irão, Abbas Araghchi, afirmou hoje que Teerão não está a enriquecer urânio em nenhum local do país, após o ataque de Israel a instalações iranianas, em junho.
O Governo britânico vai reduzir a proteção concedida aos refugiados, que serão “obrigados a regressar ao seu país de origem logo que seja considerado seguro”, anunciou hoje o Ministério do Interior num comunicado.
O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou hoje uma reformulação das empresas estatais de energia, incluindo a operadora nuclear Energoatom, que está no centro de um escândalo de corrupção há vários dias.
A China vai proibir, temporariamente, a navegação em parte do Mar Amarelo, entre segunda e quarta-feira, para realizar exercícios militares, anunciou a Administração de Segurança Marítima (MSA).
A Venezuela tem 882 pessoas detidas por motivos políticos, incluindo cinco portugueses que têm também nacionalidade venezuelana, de acordo com dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Fórum Penal (FP).
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, vai na quinta-feira ser ouvido numa comissão de inquérito parlamentar sobre suspeitas de corrupção no governo e no partido socialista (PSOE), num momento raro na democracia espanhola.
A Venezuela tem 1.074 pessoas detidas por motivos políticos, segundo dados divulgados na quinta-feira pela organização não-governamental (ONG) Encontro Justiça e Perdão (EJP).
Na quarta-feira, o primeiro governo liderado por uma mulher em Itália cumpre três anos de mandato (iniciado a 22 de outubro de 2022).