COP “surpreso” com regresso de Luciana Diniz ao Brasil exige devolução de apoios

©Facebook/Luciana.Diniz11

A decisão da cavaleira Luciana Diniz de deixar de representar Portugal em Paris2024 para voltar a fazê-lo pelo Brasil foi acolhida com “surpresa” pelo Comité Olímpico de Portugal (COP), que exige a devolução das verbas de preparação entretanto pagas.

“Os contratos-programa com os atletas são perfeitamente claros. A desistência da participação em representação de Portugal obriga à reposição das verbas, desde que aconteça por vontade própria. É completamente claro, tem de haver reposição do que foi recebido. Não há volta a dar a isso. Não podemos perdoar. Se não forem eles a repor, terá de ser o COP e isso não me parece muito razoável ou sensato”, frisou, à Lusa, o presidente José Manuel Constantino.

Em causa, segundo o dirigente, estão “à volta dos 13.000 euros”, divididos entre apoios à atleta, ao seu treinador e à Federação Equestre Portuguesa, “que recebeu dinheiro para a sua preparação”.

“Todas têm de ser repostas. As da federação é relativamente simples, fazemos um acerto de contas, abatendo às transferências da preparação olímpica. Quanto ao treinador e atleta, tem de haver vontade deles em repor. Senão criamos uma situação muito complicada, pois temos de justificar perante a administração pública a utilização da verba”, completou, acrescentando que “não está fácil” garantir essa devolução.

Depois de ter competido pelo Brasil nos saltos de obstáculos em Atenas2004, Luciana Diniz fê-lo por Portugal em Londres2012 (17.ª classificada), Rio2016 (nona) e Tóquio2020 (10.ª), tendo agora anunciado a resolução de voltar a vestir as cores da ‘canarinha’.

José Manuel Constantino assumiu que não contava com esta atitude de Luciana Diniz, garantindo que nunca houve qualquer problema na relação entre a entidade e a cavaleira.

“Foi uma surpresa. Não estava à espera. Quando fomos confrontados com a decisão, ficamos surpreendidos. Perguntámos se havia alguma razão de ordem funcional ou queixa relativamente a Portugal, disse-nos que não. Que era uma opção que tinha a ver com a vontade de terminar a carreira representando o país com que iniciou a sua participação olímpica. Em relação à federação não acrescentou muito mais do que isto”, esclareceu.

Ainda a lidar com o espanto, José Manuel Constantino questiona-se se esta não será uma “situação inédita”, nomeadamente um desportista “participar nos Jogos Olímpicos por um país, depois por outro e agora regressar ao país de origem”.

O presidente do COP só encontra como explicação o facto de Luciana Diniz ser em si “um caso muito especial, uma pessoa sob o ponto de vista comportamental com procedimentos muito distintivos em relação ao que são as características dos restantes atletas de alto rendimento”.

“A própria relação com os cavalos e éguas revela essas características muito especiais, de natureza muito mística. Há um traço comportamental que é próprio (…) que ajuda a explicar esta instabilidade de representação internacional. O que posso dizer? É simpática, muito agradável, sempre nos tratou bem, reconhece que sempre a tratamos bem. Está triste por ter tido de tomar esta decisão. Entendeu que esta era a situação mais adequada, terminando a carreira representando o país com o qual a iniciou”, concluiu.

A Lusa tentou um depoimento da atleta e uma reação da Federação Equestre de Portugal, mas sem sucesso.

Últimas de Desporto

Portugal somou hoje a sétima medalha nos Jogos Paralímpicos Paris2024, igualando o resultado de Pequim2008, com Carolina Duarte a arrecadar o bronze nos 400 metros, num dia em a natação conseguiu três finais e a canoagem uma.
O piloto português Miguel Oliveira (Aprilia) lamentou hoje ter tido uma qualificação e uma corrida sprint duras no Grande Prémio de São Marino de MotoGP, 13.ª ronda do Campeonato do Mundo, que terminou na 15.ª posição.
O português Miguel Monteiro sagrou-se hoje campeão paralímpico do lançamento do peso F40 nos Jogos Paris2024, com um lançamento a 11,21 metros, marca que constitui novo recorde da competição.
O canoísta português Messias Baptista sagrou-se hoje campeão do mundo em K1 200 metros, arrecadando a segunda medalha de ouro para Portugal nos Mundiais que decorrem em Samarcanda, no Uzbequistão.
O ciclista português João Almeida (UAE Emirates) terminou hoje a quarta etapa da Volta a Espanha em terceiro lugar, que lhe permite subir à segunda posição da classificação geral, agora liderada por Primoz Roglic (BORA-hansgrohe), vencedor da tirada.
A portuguesa Mafalda Lopes conquistou hoje o Lacanau Pro, etapa francesa do circuito mundial de qualificação de surf, conseguindo a sua segunda vitória internacional, a primeira fora de Portugal.
O português Miguel Oliveira (Aprilia) foi hoje 13.º classificado na corrida sprint do Grande Prémio da Áustria de MotoGP, 11.ª ronda do Mundial de motociclismo de velocidade.
A Associação Industrial Portuguesa (AIP) vai formalizar, este mês, a criação do ‘cluster’ das indústrias e tecnologias de desporto, que diz contar já com dezenas de empresas e instituições interessadas.
Marco Alves revelou hoje que o Comité Olímpico de Portugal (COP) vai trabalhar no sentido de serem criadas “cada vez melhores condições” aos atletas portugueses, tendo já uma “agenda fechada” com o Governo.
Pedro Pichardo cruzou-se com o primeiro-ministro, Luís Montenegro, e pediu-lhe um encontro, considerando que é importante que as entidades que governam o país reúnam também com atletas e não apenas com dirigentes.