O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, vai fazer uma intervenção de fundo a meio do debate parlamentar sobre o estado da nação, na quinta-feira, enquanto o ministro da Administração Interna, José Luís Carneiro, falará no encerramento.
Estas opções foram transmitidas à agência Lusa por fonte do executivo e, em primeiro lugar, traduzem a intenção de atribuir a José Luís Carneiro, ex-secretário-geral adjunto do PS, a responsabilidade por um discurso de política geral em nome do Governo.
José Luís Carneiro, que foi considerado “o real número dois” durante as lideranças de António José Seguro, amigo do socialista Francisco Assis, é conotado com a linha mais moderada, de centro-esquerda, dentro do PS.
Por outro lado, o ministro da Administração Interna é considerado um dos membros do executivo com melhores quotas de apreciação positiva, em contraste com o titular da pasta das Infraestruturas, João Galamba.
No ano passado, para encerrar o debate sobre o estado da nação em nome do Governo na Assembleia da República, o líder do executivo, António Costa, escolheu o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva.
Já em relação à escolha de Manuel Pizarro para fazer uma das principais intervenções pelo executivo, a intenção do Governo é a de “dar centralidade” à discussão das políticas deste setor “e às melhorias a introduzir no Serviço Nacional de Saúde” (SNS).
O funcionamento do SNS tem sido um dos principais alvos dos ataques ao Governo por parte das oposições à direita e esquerda do PS, e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já se terá manifestado apreensivo com eventuais atrasos na conclusão da aprovação dos estatutos da direção executiva do SNS.
No plano político, pela parte do executivo, sobretudo no que respeita aos cuidados primários de saúde, tem-se destacado estar em fase de arranque o desenvolvimento das unidades de saúde familiares (USF) de modelo B, estimando-se que a prazo mais 250 mil cidadãos possam ter médico de família.
Porém, as críticas a Manuel Pizarro têm vindo dentro do próprio PS, designadamente por parte do antigo ministro Adalberto Campos Fernandes.
Em recente entrevista ao Jornal Público e à Rádio Renascença, Adalberto Campos Fernandes considerou que Manuel Pizarro tem menos peso político dentro do executivo do que se esperava e alertou que a direção executiva do SNS está a atuar “num limbo há oito meses”, sem que estejam ainda aprovados os seus estatutos.