As eleições legislativas de domingo em Espanha terminaram sem maiorias absolutas à esquerda ou à direita, deixando em aberto quem liderará o próximo governo.
Os conservadores do Partido Popular (PP) foram os mais votados, mas sem conseguir uma maioria absoluta com o VOX ( como indicavam as sondagens).
O PP, com 136 deputados, e o VOX, com 33, só conseguiram somar 169 deputados no parlamento, ficando a sete dos 176 necessários para a maioria absoluta.
O partido socialista (PSOE), que lidera o governo atual, foi o segundo mais votado e elegeu 122 deputados, que com os 31 da plataforma de extrema-esquerda Somar totalizam 153 lugares.
No entanto, PSOE e Somar poderão ter mais lugares no parlamento do que a direita e a direita radical por causa dos deputados eleitos pelos partidos regionais que tiveram como aliados na última legislatura.
Segundo as contas dos meios de comunicação social espanhóis, o PP, o VOX e outros partidos que em 2019 votaram contra a investidura do atual Governo do primeiro-ministro Pedro Sánchez têm agora 171 deputados, enquanto o bloco que viabilizou o executivo tem 172.
O presidente do PP, Alberto Núñez Feijóo, pediu no domingo aos outros partidos que o deixem formar governo e que não se crie um “bloqueio”.
Feijóo afirmou que como líder do “partido mais votado” vai “abrir o diálogo” de imediato com outros partidos que elegeram deputados e “tentar formar governo”, “de acordo com os resultados eleitorais e a vitória eleitoral” do PP.
O líder do PP insistiu que essa foi “a vontade expressa pelos espanhóis” e pediu que “ninguém tenha a tentação de voltar a bloquear Espanha”.
Feijóo referia-se a “bloqueios” que já aconteceram no passado em Espanha e que culminaram com a repetição das eleições, por nenhum candidato a primeiro-ministro conseguir ter no parlamento a maioria de apoios necessária para a tomada de posse.
Segundo a lei espanhola, o Congresso dos Deputados saído das eleições de domingo vai formar-se no próximo dia 17 de agosto e aí se inicia a nova legislatura.
Os grupos parlamentares podem depois apresentar ao Congresso candidatos a primeiro-ministro, que têm de ser votados pelo plenário.
Não existe um prazo para a apresentação e votação de um candidato, mas se a primeira eleição falhar, o Congresso tem depois dois meses para fazer novas votações e eleger um primeiro-ministro.
Se passados esses dois meses falharem todas as tentativas de investidura de um primeiro-ministro, o Rei de Espanha dissolve automaticamente as Cortes e haverá novas eleições.
O Governo atual é uma coligação do PSOE com a plataforma de extrema-esquerda Unidas Podemos, constituída por partidos que agora se juntaram a uma nova ‘marca’, o Somar, que integra 15 formações, naquela que é considerada a maior aliança de esquerda que já houve em Espanha.
O Governo do PSOE e da Unidas Podemos não tinha uma maioria absoluta de deputados no parlamento e para tomar posse, em janeiro de 2020, contou com os votos a favor ou com a abstenção de outros oito partidos representados no Congresso, entre eles, nacionalistas bascos e galegos e separatistas da Catalunha e do País Basco.
Dado o resultado das eleições de domingo, a chave do governo de Espanha pode ter de novo ficado nas mãos de partidos de âmbito regional e local.
Pedro Sánchez celebrou no domingo o “fracasso do bloco do retrocesso”.
“Somos mais, muitos mais, os que queremos que Espanha avance, e assim continuará a ser”, afirmou Sánchez, sem dar qualquer indicação sobre o que fará em relação à formação de um novo executivo.
Para Pedro Sanchéz, “Espanha e todos os cidadãos que votaram foram claros: o bloco do retrocesso fracassou”.
Estas foram as XVI eleições gerais em Espanha desde o fim da ditadura, em 1977.
As eleições estavam previstas para dezembro, no final da legislatura, mas foram antecipadas por Sánchez na sequência da derrota da esquerda nas municipais e regionais de 28 de maio.