Guterres deve pressionar China a pôr fim a abusos contra direitos humanos

A organização não-governamental Observatório dos Direitos Humanos (ODH) defendeu que o secretário-geral da ONU, António Guterres, deve pressionar a liderança chinesa a terminar com violações graves dos direitos humanos, durante a sua visita a Pequim.

©Facebook.com/antonioguterres

António Guterres vai participar no 3.º Fórum da Iniciativa Faixa e Rota em Pequim, esta semana, para assinalar o 10.º aniversário do gigantesco projeto internacional de infraestruturas lançado pela China.

Em comunicado, o ODH considerou que, desde que foi eleito secretário-geral das Nações Unidas, em 2017, Guterres tem “mostrado relutância em criticar publicamente o governo chinês pela sua severa e agravada repressão”.

“António Guterres não tomou medidas significativas para pressionar o governo chinês a pôr fim aos seus crimes contra a humanidade em Xinjiang”, disse a diretora executiva do ODH, Tirana Hassan, citada no comunicado.

“O Fórum oferece a Guterres uma oportunidade importante para transmitir princípios centrais para as Nações Unidas”, defendeu.

O Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU confirmou, em agosto de 2022, a existência de detenções em massa, tortura, perseguição cultural, trabalho forçado e outras violações graves dos direitos das minorias étnicas de origem muçulmana em Xinjiang, no extremo noroeste da China.

O relatório concluiu que os abusos “podem constituir crimes contra a humanidade”.

Guterres afirmou então que o documento “identifica claramente graves violações dos direitos humanos na região chinesa de Xinjiang” e instou a China a “ter em conta” as suas recomendações.

No comunicado, a organização apontou ainda que alguns projetos da Iniciativa Faixa e Rota nunca divulgaram avaliações de impacto ambiental e social adequadas, nem consultaram suficientemente as comunidades locais afetadas pelo planeamento e construção dos projetos, o que deu origem a protestos generalizados.

Vários países que beneficiaram do programa chinês enfrentam agora altos níveis de endividamento, o que poderá levar a que limitados recursos públicos sejam desviados de serviços essenciais para o serviço da dívida, afirmou o ODH.

“Estas práticas são incompatíveis com as obrigações básicas dos Estados ao abrigo do direito internacional em matéria de direitos humanos no que respeita a um ambiente saudável e sustentável, que o secretário-geral considerou uma prioridade máxima”, lê-se na mesma nota.

Guterres deve também trabalhar com o alto-comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Volker Türk, para garantir o seguimento do relatório de 2022 sobre Xinjiang, incluindo a recolha contínua de provas de abusos graves e a apresentação de relatórios aos Estados-Membros, defendeu o ODH.

“Embora o gabinete para os direitos humanos da ONU seja independente, a mensagem da ONU em matéria de direitos humanos é mais forte quando o alto-comissário e o secretário-geral reforçam as declarações públicas um do outro”, defendeu a organização.

O secretário-geral deve pressionar o governo chinês a fornecer maior transparência em todos os projetos da Iniciativa Faixa e Rota e enfatizar a necessidade de transferir rapidamente os investimentos e projetos com combustíveis fósseis para fontes de energia renováveis e verdes, lê-se na mesma nota.

“O secretário-geral Guterres precisa de ser inequívoco na defesa dos direitos humanos e no cumprimento das responsabilidades da ONU”, apontou Hassan.

“A China não só é responsável por graves violações dos direitos humanos em grande escala, como também tem procurado minar o sistema global de direitos humanos da ONU”, acrescentou.

 

Últimas de Política Internacional

O pré-candidato anunciado às presidenciais brasileiras de 2026 Ronaldo Caiado, governador do estado de Goiás, advertiu hoje as autoridades portuguesas “que não baixem a guarda” contra organizações criminosas brasileiras que estão a instalar-se com força em Portugal.
O Senado dos Estados Unidos (EUA) aprovou hoje o projeto de lei do Presidente Donald Trump, apelidado de "Big Beautiful Bill", sobre as grandes reduções fiscais e cortes na despesa, por uma margem mínima de votos.
O serviço de segurança interna de Israel, Shin Bet, anunciou hoje que desmantelou uma rede do grupo islamita palestiniano Hamas em Hebron, na Cisjordânia ocupada, numa operação conjunta com o Exército e a polícia.
O Governo norte-americano anunciou hoje que vai cortar o financiamento federal para Organizações Não Governamentais (ONG) envolvidas em distúrbios, independentemente do resultado de uma resolução a aprovar no Congresso sobre este assunto.
O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO), Mark Rutte, previu hoje "decisões históricas e transformadoras" na cimeira de Haia para alocar 5% do PIB à defesa, visando compensar o "esforço desproporcional" dos Estados Unidos.
O presidente ucraniano deverá pedir mais sanções de Washington contra Moscovo e a aquisição de armamento dos EUA. A reunião deverá começar pelas 13h00 locais (12h00 em Lisboa).
O preço do barril de petróleo Brent para entrega em agosto caiu hoje mais de 5% no mercado de futuros de Londres, depois de Israel ter aceitado o cessar-fogo com o Irão proposto pelo presidente norte-americano, Donald Trump.
O secretário-geral da NATO, Mark Rutte, pediu hoje aos aliados europeus que "não se preocupem tanto" com os Estados Unidos da América e se foquem em aumentar o seu investimento em Defesa.
Os ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27 da União Europeia (UE) discutem hoje os desenvolvimentos na guerra na Ucrânia e a escalada do conflito entre Israel e o Irão, após os bombardeamentos norte-americanos contra várias instalações nucleares iranianas.
O Presidente norte-americano, Donald Trump, confirmou este sábado que as forças armadas dos Estados Unidos atacaram três centros nucleares no Irão, incluindo Fordo, juntando-se diretamente ao esforço de Israel para decapitar o programa nuclear do país.