O primeiro-ministro finlandês, Petteri Orpo, disse que a Rússia estava a deixar deliberadamente os migrantes atravessarem a fronteira, apesar da falta de documentos válidos, sugerindo que se tratava de uma tentativa de desestabilizar a Finlândia.
“Parece ser uma decisão deliberada”, declarou o primeiro-ministro finlandês.
“A mensagem do Governo é clara: queremos garantir a segurança das nossas fronteiras”, afirmou Orpo.
A Finlândia partilha uma fronteira de 1.340 quilómetros com a Rússia.
O Kremlin prometeu em abril tomar “contramedidas” após a adesão da Finlândia à NATO, classificando o alargamento da Aliança Atlântica como um “ataque à segurança” da Rússia.
A ministra do Interior finlandesa, Mari Rantanen, disse hoje aos jornalistas que o Governo decidiu que “o Ministério do Interior vai preparar uma proposta de medidas restritivas” ao abrigo da Lei de Passagem de Fronteiras.
“O Governo pode decidir restringir o tráfego fronteiriço ou encerrar pontos de passagem”, acrescentou a ministra.
“De acordo com relatórios dos guardas de fronteira finlandeses, o número de requerentes de asilo aumentou nos últimos meses na fronteira oriental” do país, declarou a ministra.
Este número permanece “relativamente baixo, mas aumentou significativamente num curto período de tempo”, acrescentou.
Os guardas de fronteira registaram 39 pessoas que chegaram à fronteira sudeste na segunda-feira, mais do que as 34 registadas durante toda a semana passada.
Após o início da guerra na Ucrânia, em fevereiro de 2022, a Finlândia registou um aumento nas chegadas à sua fronteira com a Rússia de pessoas sem visto, principalmente russos e ucranianos.
“Houve mudanças nas nacionalidades das chegadas”, disse Rantanen.
Agora há mais migrantes do Médio Oriente e de África, disse Mikko Lehmus, chefe da unidade de análise da Guarda de Fronteira finlandesa.
Iraque, Somália e Iémen são os três principais países de origem das chegadas de migrantes ilegais, disse Lehmus, que notou esta mudança de perfil “no final do verão”.
A Finlândia revelou um plano no final de 2022 para construir uma vasta cerca ao longo de 200 quilómetros da sua fronteira — em grande parte desabitada — com a Rússia. O projeto deve ser concluído em 2026.