Operadora de central japonesa única responsável por indemnizar deslocados de Fukushima

Apenas a operadora da central nuclear de Fukushima, destruída pelo tsunami de 2011, foi responsabilizada na terça-feira pelo pagamento de indemnizações a dezenas de pessoas retiradas do local.

© D.R.

 

O tribunal superior de Tóquio reduziu o montante da indemnização para metade do que tinha sido determinado pelo tribunal de primeira instância e isentou o Governo de responsabilidade. Uma decisão que os queixosos e os advogados já criticaram por menosprezar o sofrimento causado e a gravidade da catástrofe.

O tribunal ordenou à Tokyo Electric Power Company Holdings, conhecida como TEPCO, o pagamento de um total de 23,5 milhões de ienes (149 mil euros) a 44 dos 47 queixosos, sem responsabilizar o executivo nipónico.

A decisão de terça-feira é um recuo em relação a uma decisão anterior, de março de 2018, em que o tribunal distrital de Tóquio responsabilizou tanto Governo como a TEPCO pela catástrofe.

De acordo com essa decisão, o acidente podia ter sido evitado se ambos tivessem tomado medidas de precaução mais rígidas, ordenando a ambos o pagamento de 59 milhões de ienes (cerca de 374 mil euros) de indemnização.

A mais recente decisão surgiu quando o Governo japonês tenta acelerar o arranque dos reatores para maximizar a energia nuclear e cumprir os objetivos de descarbonização, ao mesmo tempo que procura atenuar o impacto da catástrofe nuclear de há 13 anos.

Três reatores da central nuclear de Fukushima Daiichi derreteram depois de um terramoto de magnitude 9,0 e de um tsunami, no dia 11 de março de 2011, libertando enormes quantidades de radiação na zona. Mais de 160 mil pessoas foram retiradas e cerca de 27 mil ainda não puderam regressar a casa.

O Governo tem feito pressão para a descontaminação das áreas afetadas e para a reabertura das zonas interditas, além de instar os deslocados a regressarem a casa, ao mesmo tempo que reduziu os apoios prestados.

O programa de indemnização estabelecido pelas autoridades, com base sobretudo na distância da central e nos níveis de radiação, provocou divisões entre as comunidades.

O litígio centra-se na questão de saber se o Governo podia ter previsto o risco de um tsunami de grandes dimensões e se a catástrofe podia ter sido evitada caso as autoridades tivessem ordenado à empresa de eletricidade que tomasse precauções.

Na decisão, o juiz Hiro Misumi afirmou que a inundação da central, decorrente do tsunami, não era evitável, mesmo que o Ministério da Indústria tenha ordenado à empresa de serviços públicos que reforçasse um paredão com base numa estimativa de tsunami na altura.

Motomitsu Nakagawa, advogado em representação dos queixosos, afirmou que a sentença não tem em conta o sofrimento dos residentes atingidos pela catástrofe e que a redução do montante da indemnização equivale também a afirmar que o operador pode ficar impune se pagar apenas esse montante.

O advogado disse que planeava discutir um possível recurso para o supremo tribunal depois de consultar os clientes.

Yuya Kamoshita, que foi retirado de casa com a família em Iwaki, a sul da central de Fukushima Daiichi, para Tóquio, notou que a decisão é inaceitável porque banaliza o sofrimento das pessoas deslocadas e não responsabiliza o Governo, apesar de a central nuclear ser explorada como parte da política energética japonesa.

Últimas do Mundo

A agência de combate à corrupção de Hong Kong divulgou hoje a detenção de oito pessoas ligadas às obras de renovação do complexo residencial que ficou destruído esta semana por um incêndio que provocou pelo menos 128 mortos.
O gato doméstico chegou à Europa apenas há cerca de 2000 anos, desde populações do norte de África, revela um novo estudo que desafia a crença de que o berço deste felino é o Médio Oriente.
Os estabelecimentos hoteleiros da região semiautónoma chinesa de Macau tiveram 89,3% dos quartos ocupados no mês passado, o valor mais elevado para outubro desde antes da pandemia de covid-19, foi hoje anunciado.
A infertilidade afeta uma em cada seis pessoas no mundo em algum momento da sua vida reprodutiva e 36% das mulheres afetadas também são vítimas de violência por parte de seus parceiros, alerta a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O número de mortos pelas cheias no sul da Tailândia aumentou para 145, anunciou hoje um porta-voz do Governo tailandês numa conferência de imprensa, quando as chuvas também estão a provocar mortes nos países vizinhos.
Andriy Yermak, o homem mais poderoso depois do Presidente ucraniano, está a ser investigado por corrupção ligada à Energoatom. O NABU entrou esta sexta-feira na sua casa, abalando o núcleo duro do poder em plena guerra.
Pelo menos 128 pessoas morreram em consequência do incêndio que devastou um complexo residencial em Hong Kong na quarta-feira, de acordo com o balanço atualizado esta sexta-feira, 28 de novembro, pelas autoridades locais, que deram conta ainda da existência de 79 feridos.
Famílias imigrantes estão a viajar propositadamente para deixar adolescentes em instituições espanholas e aceder a benefícios públicos — um esquema que já envolve dezenas de casos e redes organizadas. O CHEGA avisa que Portugal “pode ser o próximo alvo” se não fechar urgentemente brechas legais semelhantes.
A Disney retirou pela primeira vez desde 2019 qualquer referência a “diversidade”, “equidade” ou “inclusão” dos seus relatórios oficiais, marcando um recuo histórico na estratégia ideológica que dominou a empresa nos últimos anos. Para o CHEGA, esta mudança demonstra que “o público está farto de propaganda disfarçada de entretenimento”.
A procuradora federal de Washington D.C. acusou hoje o suspeito do ataque contra dois agentes perto da Casa Branca de três crimes de tentativa de homicídio e um de posse ilegal de arma de fogo.