CHEGA diz que “não há governo para ninguém” com CDS e PPM nos Açores

O presidente do CHEGA/Açores afirmou-se no domingo disponível para conversar com os sociais-democratas a partir de segunda-feira, mas sublinhou que "não há governo para ninguém" com o CDS e o PPM, que integram a coligação vencedora das legislativas regionais.

© Folha Nacional

“Numa sala em que estejam Artur Lima e Paulo Estêvão, José Pacheco não entra. Sabem como é que se diz aqui em São Miguel? Desengatem-se. Ou então liguem para [o Presidente da República] Marcelo Rebelo de Sousa e marque novamente eleições”, afirmou José Pacheco, referindo-se aos líderes regionais do CDS-PP, Artur Lima, e do PPM, Paulo Estêvão, respetivamente.

Segundo o dirigente – um dos cinco deputados regionais obtidos pelo CHEGA nas eleições de domingo, que a coligação PSD/CDS-PP/PPM ganhou sem maioria absoluta -, uma governação tem de ser levada com seriedade e os dois líderes partidários “não são sérios”.

“Não há governo para ninguém com aqueles dois senhores. Em política, andar às cavalitas dos outros é a coisa mais feia que existe […]. Há aqui um erro muito grave do PSD de dar boleia”, afirmou, já em resposta a perguntas da comunicação social.

Repetindo que só conversará com o PSD, como tinha já dito na campanha, embora sem afastar de forma declarada a presença dos outros partidos no executivo, José Pacheco rejeitou a possibilidade de entendimentos de incidência parlamentar e disse, numa alusão à coligação, que “o problema dos outros sócios é um problema do PSD”.

“Foram eles que compraram essa sociedade, nós não temos acordos com mais ninguém. Estamos disponíveis para negociar com o PSD, não estamos disponíveis para negociar com os outros dois partidos, que não representam ninguém”, declarou.

Em 2020, quando o PS venceu as regionais mas perdeu a maioria absoluta, PSD, CDS-PP e PPM conseguiram constituir uma solução alternativa e formar governo, apoiados por entendimentos parlamentares da coligação com o CHEGA (dois deputados) e dos sociais-democratas com a IL (um deputado).

Em 2023, já reduzido a um deputado, José Pacheco (o outro tornou-se independente), o partido absteve-se na votação do Plano e Orçamento para 2024, que acabou chumbado, e alegou o incumprimento dos compromissos assumidos.

Uma vez que a coligação ficou agora a três deputados da maioria absoluta (para isso são necessários 29 dos 57 assentos do hemiciclo) e o CHEGA conseguiu os cinco que lhe permitiriam ultrapassar essa linha, José Pacheco considerou haver motivo para existirem negociações.

A crise na habitação, a pobreza dos idosos e “a falta de oportunidade dos mais jovens” estão entre os problemas que o partido quer ver em cima da mesa e foram já definidos objetivos como uma maior redistribuição da riqueza, auditorias a várias autarquias e instituições, o combate à corrupção e à fraude, a redução dos impostos e o fim do Rendimento Social de Inserção (RSI).

José Pacheco falava antes das declarações do líder regional do PSD, José Manuel Bolieiro. O atual presidente do Governo dos Açores e cabeça de lista por São Miguel disse que irá governar com “uma maioria relativa”, salientando que “uma vitória nunca é uma minoria”.

Num ambiente de festa, Pacheco lembrou o trabalho feito na assembleia, fez muitas críticas ao estado do arquipélago e sublinhou que “o CHEGA faz falta à governação dos Açores”, avisando não valer a pena falar com o partido com ideias contrárias ao seu manifesto eleitoral.

“Este é o início da conversa, preparem-se para o que vem aí. Habituem-se”, referiu.

O dirigente disse ser altura para celebrar e que qualquer cenário de alianças tem de ser ponderado com tempo e calma, a partir de segunda-feira, porque “os parolos é que fazem isso na noite eleitoral”.

A direita parlamentar conquistou a maioria dos deputados da Assembleia Legislativa dos Açores nas eleições de domingo, com a coligação PSD/CDS-PP/PPM, o CHEGA e a IL a ocupar 31 dos 57 lugares do parlamento.

A coligação PSD/CDS-PP/PPM garantiu 26 deputados, o CHEGA cinco e a IL um parlamentar, ou seja, mais dois assentos do que os 29 necessários para assegurar uma maioria absoluta.

Últimas de Política Nacional

O Tribunal Constitucional (TC) confirmou, em conferência, a decisão definitiva de perda de mandato do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, do PS, por uso indevido de um carro deste município do distrito do Porto.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates apresenta na terça-feira, em Bruxelas uma queixa-crime contra o Estado português no Tribunal dos Direitos do Homem relativa à Operação Marquês, em que é acusado e se arrasta há 14 anos.
O presidente do CHEGA exigiu hoje a revogação do acordo, no âmbito da CPLP, que permite residência após entrada com visto de turismo ou de estudante, e insistiu na perda da nacionalidade para quem cometa crimes.
O presidente do CHEGA anunciou hoje que vai propor um desagravamento do IRS maior do que o previsto pelo Governo para contribuintes dos escalões da classe média e uma dedução das despesas de habitação até 850 euros.
O CHEGA anunciou hoje que Miguel Corte-Real, de 39 anos, gestor, será o candidato do partido a presidente da Câmara Municipal do Porto nas próximas eleições autárquicas.
O CHEGA vai votar a favor da comissão de inquérito à gestão do INEM proposta pela IL, e quer também uma auditoria “independente completa” aos serviços de saúde que abranja os últimos 10 anos.
O Parlamento aprovou hoje o pedido de urgência do Governo para apreciação da proposta de lei do Governo sobre IRS, apenas com a abstenção do PCP.
Apesar de o Governo ter “dado razão ao CHEGA” na imigração, as medidas ficam aquém. Ventura não poupa nas críticas e acusa o Executivo de “andar a reboque” das ideias que o CHEGA defende há anos.
O encerramento das grandes superfícies aos domingos e feriados e a redução do período de funcionamento destes espaços até às 22:00 foi hoje rejeitado pelo PSD, CDS, CHEGA, PS e IL.
Segundo o Projeto de Lei, os motivos invocados prendem-se com a Constituição que garante a igualdade e dignidade social, sem privilégios por religião, ideologia ou género, e não só.