Missão da ONU insta a Venezuela a pôr termo à repressão contra opositores

A ONU manifestou hoje “profunda preocupação” pela situação da ativista dos direitos humanos, Rocío San Miguel, detida pelas autoridades venezuelanas e instou o Governo “a pôr termo à onda de repressão contra opositores que se está a intensificar no país”.

©Facebook de Maria Corina Machado

 

A preocupação foi dada a conhecer através de um comunicado divulgado pela Missão Internacional Independente de Determinação dos Factos sobre a Venezuela, presidida pela portuguesa Marta Valiñas.

A missão referiu que Rocío San Miguel, presidente da organização não governamental (ONG) Controlo Cidadão, foi detida na sexta-feira quando tentava embarcar num voo com a filha no Aeroporto Internacional Simón Bolivar.

“O Procurador-geral acusou-a de participar numa tentativa de conspiração contra o Presidente Nicolás Maduro e outros altos funcionários, assim como de estar envolvida em ataques contra unidades militares e outras instituições (…). San Miguel, a sua filha e outras quatro pessoas estão desaparecidas”, explicou.

De acordo com a presidente da Missão, “não se trata de incidentes isolados, mas de uma série de factos que parecem fazer parte de um plano coordenado para silenciar críticos e opositores”.

“O Governo da Venezuela deve dar informações sobre o paradeiro (…) de todos os detidos cujos lugares de detenção ainda são desconhecidos (…). Cabe ao Governo abster-se de usar medidas repressivas contrárias às suas obrigações em matéria dos Direitos Humanos e o direito penal internacional”, explica Marta Valiñas.

A missão disse que tem manifestado a sua preocupação por “atos recentes que contravêm o direito internacional, incluindo detenções e ameaças de detenção de membros da Comissão Nacional das Primárias, assim como de militantes do partido político Vente Venezuela, vencedor das eleições primárias da oposição, e a desqualificação de dirigentes políticos para o exercício de cargos públicos, incluindo a líder da oposição Maria Corina Machado”.

Segundo a missão, as autoridades locais “têm tentado justificar estas e outras violações dos Direitos Humanos como uma resposta a conspirações organizadas contra o Governo e as altas autoridades do Estado”.

Por outro lado, citado no comunicado, Francisco Cox, membro da missão, explica que “o Estado venezuelano tem violado os Direitos Humanos de dezenas de pessoas ao investigar alegados grupos conspiradores, privando os investigados, detidos e processados, dos seus direitos mais básicos”.

“Sem desconsiderar o direito do Estado de investigar, isso deve ser feito com total respeito pelos Direitos Humanos e sem cometer crimes internacionais”, sublinhou.

No comunicado, outra das integrantes da missão, Patrícia Tappatá, explicou que, “de acordo com a Convenção Interamericana sobre Desaparecimento Forçado de Pessoas, da qual a Venezuela faz parte, um dos elementos constitutivos dos desaparecimentos forçados é a negação de informação sobre o paradeiro de pessoas, o que impede o exercício dos recursos legais e garantias processuais relevantes”.

“A informação tardia e incompleta sobre o paradeiro e o estado de saúde de San Miguel e da sua filha serve o objetivo de incutir o medo entre quem expressa críticas ao Governo, sendo o Estado responsável à luz do direito internacional”, explicou.

Segundo a missão, “na Venezuela, as medidas de repressão e intimidação destinadas a reduzir o espaço cívico –agora em maior risco com a próxima aprovação da lei que regula as organizações não governamentais e que afeta a sua independência – continuam a ser combinadas com outras medidas de repressão muito graves”.

“É preocupante que o Ministério Público continue a atuar de acordo com o interesse do Governo, para permitir uma aparência de legalidade a todos estes abusos”, concluiu.

A ativista dos Direitos Humanos, Rocío San Miguel, 57 anos, é também especialista em segurança, defesa e temas militares, e presidente da Controlo Cidadão, uma ONG que analisa os compromissos do Estado venezuelano com o Estatuto de Roma e a Comissão Interamericana dos Direitos Humanos.

Últimas do Mundo

Os Estados Unidos adiaram hoje, pela segunda vez, o lançamento de dois satélites que vão estudar a interação entre o vento solar e o campo magnético de Marte, proporcionando informação crucial para futuras viagens tripuladas ao planeta.
Após os ataques em Magdeburgo e Berlim, os icónicos mercados de Natal alemães estão sob alerta máximo. O governo impôs medidas antiterrorismo rigorosas e custos milionários, deixando cidades e organizadores em colapso financeiro.
Um relatório do Ministério do Interior alemão revela que suspeitos sírios estão associados a mais de 135 mil crimes em menos de uma década. A AfD aponta o dedo ao governo de Olaf Scholz e exige deportações imediatas.
O aumento da temperatura global vai ultrapassar o objetivo de 1,5 graus centígrados no máximo numa década em todos os cenários contemplados pela Agência Internacional de Energia (AIE), relatório anual de perspetivas energéticas globais, hoje publicado.
A Ryanair deve abster-se de impedir o embarque de passageiros, com reserva confirmada, que não sejam portadores do cartão digital, bem como de impor taxas pela utilização do cartão físico, determinou a ANAC - Autoridade Nacional de Aviação Civil.
O Governo ucraniano afastou hoje o ministro da Justiça, depois de este ter sido implicado num alegado esquema de cobrança de comissões na empresa nacional de energia atómica, revelado na segunda-feira pela agência anticorrupção do país.
Pelo menos 27 pessoas morreram e 3,6 milhões foram afetadas pela passagem do supertufão Fung-wong nas Filipinas no domingo, informaram hoje as autoridades locais.
As autoridades espanholas intercetaram 18 migrantes em Pilar de la Mola, que tinham alcançado Formentera, ilhas Baleares, na terça-feira à noite a bordo de uma embarcação precária.
A produção mundial de vinho recuperou ligeiramente em 2025 face ao ano passado, mas segue em baixa, principalmente devido ao impacto das condições climáticas adversas, segundo a Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV).
O número de pessoas desaparecidas em todo o mundo aumentou 70% em cinco anos, indicou hoje o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), com base nos seus registos.