José Luís Carneiro defende que há espaço para PS negociar com o Governo

O ex-ministro da Administração Interna José Luís Carneiro defende que há margem para diálogo sobre o Orçamento e áreas estratégicas com o governo, numa entrevista em que critica a altivez do discurso do primeiro-ministro na tomada de posse.

© Folha Nacional

Em entrevista ao jornal Público, questionado sobre a possibilidade de o PS aprovar o Orçamento para 2025, José Luís Carneiro disse que há espaço de diálogo.

Questionado sobre o facto de o secretário-geral socialistas considerar essa aprovação “difícil”, respondeu: “Ele [Pedro Nuno Santos] disse que seria difícil [aprovar o Orçamento]. Portanto, isso significa que há espaço para diálogo político com aqueles que hoje têm uma maioria relativa no Parlamento“, referiu

“O próprio primeiro-ministro, na posse, apelou a esse diálogo“, insistiu.

Na entrevista ao Público, o candidato derrotado à liderança do Partido Socialista referiu que o PS deve ser oposição, mas que há áreas estratégicas em que em que os socialistas devem negociar com o Governo.

“É necessário o diálogo construtivo e a oposição construtiva, como tem vindo a ser assumido pelo secretário-geral do PS”, disse o agora deputado, exemplificando depois as áreas em que considera importante haver essa negociação: soberania, política externa, defesa, segurança, consolidação da reforma do Estado e as reformas do sistema político e eleitoral e da Justiça.

Para José Luís Carneiro “o primeiro grande desafio estratégico são as questões da demografia, que se articularam com as questões das migrações” e, sobre este assunto, questionado se pode haver acordo, responde: “Entendo que a abordagem que o doutor Luís Montenegro fez do assunto constitui uma antítese daquilo a que o país está obrigado no âmbito do Pacto das Migrações”.

“É preciso haver esse diálogo construtivo, porque, se optássemos por aquele modelo de migrações, estaríamos a falar da falência da economia em setores vitais e de graves problemas no financiamento da Segurança Social”, sublinhou.

Na entrevista, o ex-ministro sublinhou que detetou no discurso de tomada de posse do primeiro-ministro, Luís Montenegro, “sinais de alguma altivez, nomeadamente no modo como se dirigiu ao PS”.

“Se o Presidente da República afirmou que uma das principais responsabilidades da nova maioria é a de alargar o seu espaço político de apoio, e tendo sido o PS a encontrar, ainda há dias, a solução para um impasse institucional da eleição da mesa da Assembleia da República, dando sinais de grande maturidade institucional, o primeiro-ministro dirigir-se ao PS e dizer que espera um partido de diálogo e não um partido de bloqueio, é relativamente ofensivo”, afirmou.

Insistiu que o PS tem que continuar a defender as propostas políticas que apresentou aos eleitores e aguardar, insistindo: “Ouvimos ontem [terça-feira] uma intervenção que tem dimensões de contradição que devem ser esclarecidas na apresentação do Programa do Governo”.

“Por exemplo, o primeiro-ministro afirmou que não se pode criar a ilusão de que as contas públicas permitem dar tudo e a todos — o que, do nosso ponto de vista, está correto —, mas ao mesmo tempo prometeu uma redução da carga fiscal e aumentos salariais em várias áreas”, recordou, questionando: “como é que se compatibiliza essa redução da carga fiscal com a manutenção deste acordo de rendimentos que foi estabelecido em sede de concertação social?”

Questionado sobre se concorda com o secretário-geral do PS, com Pedro Nuno Santos, quando afirma que o PS irá liderar a oposição para não dar esse protagonismo ao Chega, o ex-ministro de António Costa respondeu: “O estatuto que o povo nos concedeu foi o da oposição”.

“Deveremos assumi-lo construtivamente, sempre colocando como o centro das nossas preocupações aquilo que corresponde às prioridades dos portugueses e do país”, ressalva.

Últimas de Política Nacional

Uma nova sondagem da Aximage para o Folha Nacional confirma a reviravolta política que muitos antecipavam: André Ventura salta para a liderança das presidenciais e ultrapassa Gouveia e Melo.
A Assembleia Municipal de Oeiras rejeitou o voto de pesar apresentado pelo CHEGA pela morte do agente da Polícia Municipal Hugo Machado, de 34 anos, com o INOV, liderado por Isaltino Morais, a votar contra e todos os restantes partidos a abster-se.
O candidato presidencial e presidente do CHEGA, André Ventura, considerou hoje que, se a greve geral de 11 de dezembro, convocada pela CGTP e pela UGT, avançar, é “culpa” da forma “atabalhoada” com que o Governo tratou a questão.
Cerca de cem delegados vão debater o futuro do SNS e definir o plano de ação da Federação Nacional dos Médicos (Fnam) para os próximos três anos no congresso que decorre no sábado e domingo, em Viana do Castelo.
Portugal submeteu hoje à Comissão Europeia o oitavo pedido de pagamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), com a comprovação de 22 marcos e metas.
O candidato presidencial e Presidente do CHEGA, André Ventura, reafirmou esta sexta-feira, em conferência de imprensa, que o partido vai entregar no parlamento um voto de condenação ao discurso do Presidente de Angola, João Lourenço, proferido nas comemorações do 50.º aniversário da independência angolana.
O Grupo Parlamentar do CHEGA apresentou na Assembleia da República um projeto de resolução que recomenda ao Governo a suspensão imediata do Manual de Recomendações Técnicas Relativo ao Acompanhamento de Pessoas Transgénero Privadas de Liberdade, aprovado em 2022.
O presidente do CHEGA acusou hoje o PS de “traição ao povo português” por requerer ao Tribunal Constitucional a fiscalização preventiva da constitucionalidade da Lei da Nacionalidade e apelou à celeridade da decisão.
A Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) recomendou hoje o alargamento do acordo entre operadores de televisão para realizar os debates presidenciais, depois da queixa apresentada pela Medialivre, dona do Correio da Manhã.
A ministra da Saúde, Ana Paula Martins, disse hoje que dado o investimento que é feito no setor, este já devia ter evoluído mais, atribuindo essa falta de evolução à forma como está organizado, daí a necessidade de reformas.