Portugal, Nação forte e altiva, que mantém incansávelmente o posto de guarda e farol ocidental, através dos seus oitocentos anos de História. Portugal, nosso que desde o Século XII, uma das grandes criadoras do mundo e da Europa, sendo, aliás, o Estado Europeu mais antigo, com fronteiras definidas muito antes de qualquer outro. A identidade do povo português e dos seus Reis e dirigentes consagra-se através do espírito lusitano impresso na simbologia da nossa bandeira, que, através dos tempos foi sofrendo alterações, mas onde ainda se notam influências e caracteres de oitocentos anos de existência. E que existência.
Quando D. Afonso Henriques enfrentou os cinco reis mouros na batalha de Ourique, em 1139, o numero de portugueses era desproporcionalmente reduzido: De 20.000 homens quando o número de sacarracenos elevava-se para 120.000. Ninguém apostaria na vitória de D. Afonso, mas graças à habilidade militar e à coragem e bravura de todos os nossos, definiu-se ali a independência de Portugal. D. Afonso é aclamado rei pelos seus cavaleiros que o erguem nos ombros, o colocam em cima do pavão, como era usual naquela época, e lhe dão o título de rei, título esse que passará a usar até aos fins da sua vida.
A bandeira, ou estandarte, ficou então a ter duas cores: O branco, que representa a pureza, e o azul, que representa a verdade divina no seu significado absoluto, Assim para os cristãos o azul é a cor de Cristo.
D. Afonso Henriques tomou como armas as cinco quinas, que ainda hoje figuram na nossa bandeira. Figuram em forma de cruz para simbolizar a cruz cristã. Estes cinco escudos que nela figuram, representam os cinco reis mouros vencidos na batalha de Ourique. No interior mandou colocar cinco dinheiros, contando-se o do meio duas vezes, totalizando a soma de trinta dinheiros, preço pelo qual Judas vendeu Cristo.
As cores azul e branco mantiveram-se inalteradas na nossa bandeira, através do séculos, até à implementação da Republica. O governo provisório, a 15 de Outubro de 1910 nomeava uma comissão para apresentar um projecto de uma nova bandeira nacional, através de concurso publico.
Eram partidários das cores azul e branco Teófilo de Braga, então presidente do governo provisório, Guerra Junqueiro, António Arroio, entre outros. O Juri que tinha sido constituído para o efeito não chegava a entendimento, pois estava dividido entre os que preferiam o azul e branco e os que entendiam que as cores deveriam ser vermelho e verde.
Foi então que os partidários do vermelho e verde usaram de um truque baixo mas eficaz: Disseram aos apoiantes do azul e branco que, devido à falta de Quorum, a votação não se faria nesse dia, mas sim no dia seguinte. Confiados, este saíram da sala, foram-se embora e então os apoiantes do vermelho, que estavam escondidos, entraram na sala e aprovaram, com quorum, as novas cores da bandeira. Ficou aprovada a bandeira da secção maçónica do Partido Republicano.
À pressa de mandarem fazer as novas bandeiras, enganaram-se nas cores e as bandeiras vieram feitas ao contrário. Quer dizer: o vermelho, que representaria o sangue derramado pela revolução deveria ser colocado em primeiro lugar, perto do mastro e o verde, que representaria a esperança, no outro extremo da bandeira. Foi assim que o projecto ficou aprovado e pode-se ver, na revista “O Século” desse mês de Outubro de 1910, impresso na capa, a bandeira portuguesa com as cores vermelho, no lado esquerdo, e verde no lado direito.
Todavia devido a um erro de impressão, as cores de milhares de bandeiras que foram mandadas fazer vieram trocadas, ficando o verde junto do mastro e o vermelho no outro extremo. E como já se tinham mandado fazer tantas bandeiras não houve tempo para as mandar fazer outra vez, pelo que ficamos com uma bandeira, símbolo da nossa Pátria, com as cores que não queríamos e, além disso, aqueles que as queriam, ficaram com elas trocadas. Veja-se a página do “Século”, de 1910, onde estão as cores aprovadas.