6 Maio, 2024

Nim é o novo Não

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Comecemos pelo começo. E o começo é: a) os portugueses não venderam o país a um conjunto de partidos, ditos partidos com assentos parlamentar. Apenas lhe deram um mandato para ser exercido de boa fé, mediante um programa governativo, por um tempo determinado e em regime que deveria ser de uma democracia contínua – que se distingue da democracia intermitente de um mês de democracia em anos de autocracia, período de eleições e o outro período, respetivamente; b) o chão deste mandato é o diligenciar, cada um dentro do seu papel, para o bem estar global de todos nós, portugueses.

Não o exercício maniento de provindo de personalidades ou de aparelhos mais ou menos narcisistas e parasitários; c) os portugueses foram claros que não confiam nos partidos do dito “centrão”. Nenhum deles saiu vitorioso da eleição. O PS perdeu e o PSD não ganhou. Mais, até tem nojo das portas giratórias em que estes partidos transformaram o poder e os cargos de estado. Atente-se no tema corrupção; e d) de facto há um “não é não” repetido até à náusea para cabal esclarecimento até da mente mais bafienta deste país.

Posto isto, a coisa mais clara, óbvia e legítima de todo o programa do AD (leia- se do PSD) é que não haveria qualquer entendimento com o CHEGA. Entendimento, acordo e todas as variações e subvariações de sinónimos disponíveis no dicionário da Língua Portuguesa.

Contudo, ninguém elegeu a AD (o PSD) para não fazer acordos, elegeu para governar. Nem sequer há o conceito de voto negativo nas eleições. Os votos são todos positivos. E isto parece ter a escapado completamente à AD (ao PSD). O mandato é para governar nos termos referidos acima em primeiro, segundo, terceiro e por aí adiante. E só depois, muito depois, entra o “não é não”. Sempre que o “não é não” colidir com as necessidades de uma boa governação, a AD (o PSD) terá mais um prego no seu caixão. Está bom de ver que os portugueses nem perdoarão o exercício de uma pior governação para que os portugueses nem perdoarão o exercício de uma pior governação para cumprir o “não é não”. Nem perdoarão as variações “não é nim” ou “não é sim”. E é totalmente legítimo dos portugueses. A AD (o PSD) é que se colocou nesta posição. E já deveria ter maturidade para não brincar aos nãos. A governação não é totalmente compatível com os nãos garantidos, nem a democracia. Assim como não é totalmente compatível com os sims garantidos.

Para quem tinha ou tem dúvidas disto veja o que sucedeu nos últimos dias. O “não é não” passou a “não é nim” – há que lembrar que de facto houve um contacto entre o PSD e o CHEGA a respeito da presidência da Assembleia da República. Ninguém o nega. E porque foi o PSD fazer isto? E a coberto e no segredo? É claro que pretendia qualquer tipo de acordo como CHEGA, não foi certamente e somente para o informar. Só os tontos acreditam nisto. E quanto à parte de se foi entendimento, acordo, ou outra coisa qualquer, de regime ou por “arregimar”, é irrelevante. Não deveria ser não. E os que agora pretendam glosar sobre a semântica de acordo, entendimento e afins, como se fossem linguistas é de rir. Lembram-se do Bill Clinton e da definição de sexo, que não o sendo ainda assim deixou uma mancha com o seu DNA no vestido da estagiária? Estão neste nível. Serão o manancial de qualquer humorista.

É óbvio que o não passou a ser nim. A até se percebe porquê – há a inexorável necessidade de governar e de colocar as instituições a funcionar. E a Assembleia da República é uma delas. Deveriam saber disto, até pelo tempo há que recebem salários como políticos profissionais.

Mas, como a incompetência é algo resiliente, continuaram. E em vez de aceitar que as circunstâncias obrigaram a falar com o CHEGA e engolirem o sapo da sua própria ingenuidade inerente ao seu próprio “não é não”, enfrentando o país de forma clara e honesta, não, entraram em negação e fizeram mais duas asneiras. Glosaram sobre a semântica de acordo e do tom de cinzento do não – logo o não deixou de ser preto, tendo caído num lamaçal à Bill Clinton, e foram a correr para os braços do PS – como o marido que para dizer à mulher que não tem como amante a Maria corre para os braços da Josefa, pretendendo assim provar que o que dizem é mentira, que não é amante da Maria, pois até dorme com a Josefa. Valha-lhes Deus, só conseguiram provar a sua própria promiscuidade. … e estupidez.

Portanto, a AD (o PSD) mentiu ou asneirou três vezes de seguida, pretendeu fazer um acordo com o CHEGA, mentiu sobre a sua pretensão, e para a negar foi a correr para os braços do PS.
Claro, os portugueses adoraram o branquear do não, a mentira e o reatar das amantes do “centrão”. Venha depressa uma nova eleição porque ainda não foi desta que perceberam.
Quanto ao CHEGA, por sinistro que seja afirmar, foi o único que foi aquilo que era, que sempre foi, e que prometia continuar a ser. E isto é sempre mais difícil de atacar e muito mais fácil de entender. Deve ter ganho mais 2 a 3% de eleitores nos últimos 3 dias.

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