O anúncio de Donald Tusk foi feito no quartel de Dubicze Cerkiewne, na região de Podlaskie (leste), onde se deslocou hoje juntamente com os ministros da Defesa, Wladyslaw Kosiniak-Kamysz, e do Interior, Tomasz Siemoniak, depois de um soldado polaco ter sido esfaqueado terça-feira através da vedação da fronteira, alegadamente por um migrante.
Tusk especificou que o aumento do contingente militar estacionado na fronteira, atualmente em cerca de 5.500 soldados, será reforçado com o envio de mais dois pelotões na próxima semana, e garantiu que as operações conjuntas entre soldados, polícia e guardas fronteiriços serão reforçadas a partir de agora.
O primeiro-ministro polaco referiu a existência de “operações organizadas para quebrar a fronteira polaca, desestabilizar o país e toda a Europa”, com o envio maciço de pessoas a partir da Bielorrússia que, segundo Tusk, “não são migrantes nem requerentes de asilo”.
Além de sublinhar que, nas últimas semanas, o número de tentativas de atravessar irregularmente a fronteira a partir da Bielorrússia aumentou, atingindo “300 ou 400 por dia”, Tusk sublinhou que “não haverá a mínima tolerância” no tratamento de incidentes como a agressão contra as forças de segurança polacas.
“Os soldados têm todo o direito, para não dizer a obrigação, de utilizar todos os métodos disponíveis” para se defenderem, disse o primeiro-ministro, manifestando a determinação em que os militares “tenham um sentimento de segurança jurídica e o apoio total de todos os polacos quando defendem não só a fronteira, mas também as suas vidas”.
“Não há espaço para negociações, a fronteira polaca tem de ser protegida”, concluiu Tusk.
Varsóvia acusa a Bielorrússia e a Rússia de orquestrarem uma “guerra híbrida” contra a sua fronteira com um afluxo maciço de pessoas, principalmente do Médio Oriente, no final de 2021, depois de Minsk ter flexibilizado a sua política de vistos.
Numerosas organizações internacionais de direitos humanos denunciaram mais de 6.000 “devoluções a quente” no último ano pelas autoridades polacas, numa zona onde, segundo dados da Fundação Helsínquia, se registaram mais de 60 mortes de migrantes, alguns deles crianças, por frio, fome ou doença desde 2021.
De acordo com a Guarda de Fronteiras polaca, os incidentes violentos na fronteira aumentaram nas últimas semanas e, no início deste mês, foi relatado que “um grupo agressivo de 140 pessoas” atirou paus e pedras contra as patrulhas polacas.