Nacionalistas israelitas marcham em Jerusalém gritando “morte aos árabes”

Milhares de israelitas, na maioria ultranacionalistas, participaram hoje numa marcha anual realizada numa área palestiniana sensível de Jerusalém, com alguns alimentando as tensões já existentes em tempo de guerra com gritos de "morte aos árabes".

© D.R.

Jerusalém, o coração emocional do conflito israelo-palestiniano, tem estado, na descrição da agência norte-americana Associated Press (AP), bastante calma durante a guerra entre as forças de Telavive e o grupo islamita palestiniano Hamas, que se prolonga há quase oito meses.

No entanto, a realização desta marcha anual, vista como uma provocação pelos palestinianos, sugere uma agitação mais ampla, como aconteceu há três anos, quando contribuiu para desencadear uma crise de 11 dias na Faixa de Gaza.

Segundo relata a AP, os manifestantes reunidos em frente ao Portão de Damasco, um ponto de encontro central para os palestinianos em Jerusalém Oriental, entoaram ‘slogans’ antiárabes e anti-islâmicos, dançaram e agitaram bandeiras israelitas quando a marcha começou.

Pouco antes do início da manifestação, vários grupos entraram em confrontos com a polícia e atiraram garrafas de plástico contra um jornalista que usava um colete com a palavra “Press” bem visível. Os agentes prenderam vários homens palestinianos e levaram-nos com as mãos amarradas nas costas.

A marcha anual assinala o “Dia de Jerusalém”, que marca a captura de Jerusalém Oriental por Israel, incluindo a Cidade Velha e os seus locais sagrados para judeus, cristãos e muçulmanos, durante a guerra de 1967 no Médio Oriente.

Israel considera toda a cidade como a sua capital, mas a anexação de Jerusalém Oriental não é reconhecida internacionalmente.

Os palestinianos veem Jerusalém Oriental como a capital do seu futuro Estado e esta marcha como uma provocação, sobretudo no contexto do conflito em curso na Faixa de Gaza.

A polícia disse que mobilizou 3.000 agentes para garantir a ordem e, por insistência do ministro da Segurança Nacional de Israel, o ultranacionalista Itamar Ben-Gvir, a marcha seguiu o seu itinerário tradicional, entrando no Bairro Muçulmano da Cidade Velha através do Portão de Damasco e terminando no Muro das Lamentações, o local mais sagrado para os judeus poderem orar.

A AP contou que, enquanto os autocarros que transportavam jovens judeus para a marcha se aglomeravam junto das muralhas centenárias da Cidade Velha, os comerciantes palestinianos fecharam as portas do Bairro Muçulmano por precaução.

A polícia sublinhou que a manifestação não entraria no extenso complexo da mesquita de Al-Aqsa, o terceiro local mais sagrado do Islão.

Contraprotestos foram planeados ao longo do dia. Um grupo israelita, Tag Meir, enviou voluntários antes do início da marcha para distribuir flores aos residentes cristãos e muçulmanos da Cidade Velha.

Estes eventos acontecem numa fase em que Israel e Hamas negoceiam uma trégua na Faixa de Gaza e a libertação dos reféns em posse do grupo palestiniano, ao mesmo tempo que o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, mantém uma ofensiva militar em Rafah, no sul do enclave, e enfrenta a contestação da ala de direita radical do seu executivo.

A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita, em 07 de outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e deixou mais de duas centenas de reféns na posse do grupo palestiniano, segundo Telavive.

A ofensiva israelita que se seguiu na Faixa de Gaza provocou mais de 36 mil mortos e uma grave crise humanitária no enclave palestiniano, de acordo com as autoridades locais tuteladas pelo Hamas.

Últimas do Mundo

O ataque de hoje contra um autocarro em Jerusalém causou seis mortos e vários feridos, segundo um novo balanço das autoridades israelitas.
O Papa Leão XIV pediu hoje aos jovens para não desperdiçarem as suas vidas, ao discursar na canonização de Pier Giorgio Frassati e Carlo Acutis, este o primeiro santo 'millenial', já considerado padroeiro da Internet.
O estilista Giorgio Armani morreu aos 91 anos, anunciou hoje o Grupo Armani, em comunicado.
A defesa de Jair Bolsonaro afirmou hoje que não há "uma única prova" que ligue o ex-Presidente brasileiro a qualquer tentativa de golpe de Estado e afirmou que o arguido delator "mentiu".
O GPS do avião utilizado pela presidente da Comissão Europeia numa visita à Bulgária foi alvo de interferência e as autoridades búlgaras suspeitam que foi uma ação deliberada da Rússia.
Mais de 800 pessoas morreram e cerca de 2.700 ficaram feridas na sequência de um sismo de magnitude 6 e várias réplicas no leste do Afeganistão na noite de domingo, anunciou hoje o Governo.
Pelo menos três civis morreram e seis ficaram feridos em ataques russos na região ucraniana de Donetsk nas últimas 24 horas, declarou hoje o chefe da administração militar regional, Vadim Filashkin, na rede social Telegram.
Um navio de guerra norte-americano entrou no canal do Panamá em direção às Caraíbas, testemunhou a agência France-Presse, numa altura em que os planos de destacamento militar de Washington naquela região está a provocar a reação venezuelana.
O número de fogos preocupantes em Espanha desceu de 12 para nove nas últimas 24 horas, mas "o final" da onda de incêndios deste verão no país "está já muito próximo", disse hoje a Proteção Civil.
O presidente do Conselho Europeu, António Costa, denunciou que mísseis russos atingiram hoje a delegação da União Europeia (UE) em Kyiv, na Ucrânia.