“Claro que vou votar, porque não podemos continuar assim. É muito importante porque todos nós [os venezuelanos] queremos uma mudança, não apenas para nós, mas para os nossos filhos e porque temos que dar um melhor começo às novas gerações”, disse Moralinda Rodríguez.
Empregada de manutenção, admitiu à Lusa que vai votar pela primeira vez porque nunca se interessou pela política, mas foi vendo as coisas acontecer e como o país mudou para pior.
“Lembro-me que, há muitos anos, o meu pai ganhava 1.000 bolívares e que me dava 20 bolívares que eu trocava por notas de cinco, para dizer aos meus irmãos que tinha mais dinheiro do que eles. Esse dinheiro rendia”, disse.
Referiu que há oito anos, o salário mínimo era suficiente para pagar a renda e sustentar a filha, mas hoje mal dá para comer, obrigando-a que tem de trabalhar horas extraordinárias e aos fins de semana para poder pagar a casa.
E precisou que recebe mensalmente 130 bolívares digitais (3,30 euros) de salário e que um quilo de asas de frango custa 70 bolívares (1,80 euros) e que se comprar proteína, fica sem dinheiro para pagar o autocarro.
Argénis António quer “algo novo” para o país, e por isso insiste que “todos têm de votar em massa”, por “um câmbio radical”.
O porteiro espera que as eleições sejam transparentes e acredita que após a divulgação dos resultados “nada de mal acontecerá” porque os venezuelanos estão a rezar a Deus para que tudo decorra em paz.
“As pessoas têm de sair em massa para votar, porque queremos uma mudança e queremos progredir. Não queremos que quem está a nascer seja apanhado por este tropeção”, frisou.
Já a doméstica Diamelys Hernández acredita que as eleições são de grande importância, “porque o futuro da Venezuela depende do que acontecerá” nesse dia.
“Convido as pessoas a votar, porque o nosso futuro e de todas as crianças da Venezuela depende do voto. nNo podemos continuar a viver tudo isto”, disse.
Indicou que cada vez tem mais dificuldades para conseguir trabalho e que tem parentes emigrados com quem gostaria de reencontrar-se.
Hector Luis Fernández Ramírez, estudante, considerou que as eleições são necessárias para o futuro do país e de todos os venezuelanos.
“Queremos progredir, um melhor futuro para os nossos filos. Não sei o que acontecerá, mas peço a Deus que tudo decorra bem e que seja possível arranjar esta situação [crise]”, explicou à Lusa.
Por outro lado, Alírio Garcia, emprega de uma empresa de segurança, desabafou que “já basta” de tanta coisa que tem acontecido aos venezuelanos.
“Já passámos por muito. Os anos de 2017, 2018 e 2019, foram muito duros para nós. Eu pesava 99 quilos e baixei para 63”, ilustrou.
Explicou está assustado por vídeos com discursos de ameaças que tem visto no TikTok e que espera que o país mude em paz e tranquilidade e que todos os venezuelanos votem.
Também que tem quatro filhos emigrados nos EUA e no Chile, e que espera vê-los em breve.
Ao contrário destes venezuelanos, Alfredo Hernández, pedreiro, nunca votou e não pensa votar, porque não acredita que o país vá mudar.
Por outro lado, a comerciante portuguesa Maria da Conceição dos Santos, queria votar, mas não o fará porque não tem a nacionalidade venezuelana.
“Não votarei porque não estou naturalizada, continuo a ser portuguesa de nascimento, mas os meus filhos, que são venezuelanos, votarão”, disse.
No entanto, é da opinião que a Venezuela necessita mudar nos planos económico, social e político.
“A Venezuela ainda tem muito para oferecer, mas há que mudar tudo”, disse, lamentando que muitos jovens tenham sido forçados a emigrar para a Espanha, Portugal e outros países.