Despesa pública cresce “como não aumentava em muitas décadas”

O governador do Banco de Portugal alertou para o crescimento da despesa pública corrente, que está a subir "como não aumentava em muitas décadas".

© Folha Nacional

“O exercício orçamental em 2024 revela crescimentos da despesa que não eram observados desde 1992”, destacou Mário Centeno, na apresentação do Boletim Económico de outubro, em Lisboa, apontando que “este desenvolvimento tem uma explicação associada a efeitos desfasados da inflação”.

“Já passámos por anos suficientes de execuções orçamentais para perceber o que significa” este crescimento da despesa pública corrente, afirmou o governador.

Isto ocorre num contexto em que, nos próximos anos, “vamos ter que começar a pagar o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), os empréstimos mas também a Europa como um todo”, salientou, alertando: “Temos de começar a fazer contas com o PRR”.

“A dívida do PRR vai permanecer até aos próximos 30 ou mais anos”, reiterou.

Este boletim não tem previsões para o saldo orçamental, mas Mário Centeno destacou que a “avaliação da situação orçamental desde junho até hoje não mudou significativamente”.

“Os riscos que apontámos nessa altura devem ser transladados para hoje”, afirmou.

“O Conselho das Finanças Públicas (CFP) veio confirmar parte desses riscos, temos contas diferentes mas no geral os riscos são os mesmos”, acrescentou Centeno.

Na atualização das projeções do CFP divulgada em setembro, as previsões apontavam para um excedente orçamental de 0,7% do PIB este ano, mas a instituição alertava que se podia registar um défice em 2026 caso o IRS Jovem proposto pelo Governo avançasse (sendo que, entretanto, na negociação com o PS, a medida já foi bastante alterada e os custos reduzidos).

No boletim de junho, o BdP projetava um excedente de 1% do PIB em 2024 e de 0,8% em 2025.

Ainda assim, o governador apontou que o país “atingiu um nível de equilíbrio nas contas públicas e quando olha para o futuro não tem, pela primeira vez em muitas décadas, um exercício de ajustamento orçamental, deve preservar essa condição única e da qual beneficiam hoje menos de uma mão cheia de países na Europa”.

Últimas de Economia

O número de passageiros movimentados nos aeroportos nacionais aumentou 4,7% até outubro, face ao mesmo período de 2024, para 63,869 milhões, segundo dados divulgados hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
Segundo um relatório do INE realizado em 2025 sobre rendimentos do ano anterior indicam que 15,4% das pessoas estavam em risco de pobreza em 2024, menos 1,2 pontos percentuais (p.p.) do que em 2023.
As exportações de bens caíram 5,2% e as importações recuaram 3% em outubro, em termos homólogos, sendo esta a primeira queda das importações desde junho de 2024, divulgou hoje o INE.
O número de trabalhadores efetivamente despedidos em processos de despedimentos coletivos aumentou 16,4% até outubro face ao período homólogo, totalizando os 5.774, superando o total de todo o ano passado, segundo os dados divulgados pela DGERT.
Os custos de construção de habitação nova aumentaram 4,5% em outubro face ao mesmo mês do ano passado, com a mão-de-obra a subir 8,3% e os materiais 1,3%, de acordo com dados hoje divulgados pelo INE.
Os consumidores em Portugal contrataram em outubro 855 milhões de euros em crédito ao consumo, numa subida homóloga acumulada de 11,3%, enquanto o número de novos contratos subiu 4%, para 157.367, divulgou hoje o Banco de Portugal (BdP).
O Governo reduziu o desconto em vigor no Imposto Sobre Produtos Petrolíferos (ISP), aplicável à gasolina sem chumbo e ao gasóleo rodoviário, anulando parte da descida do preço dos combustíveis prevista para a próxima semana.
Os pagamentos em atraso das entidades públicas situaram-se em 870,5 milhões de euros até outubro, com um aumento de 145,4 milhões de euros face ao mesmo período do ano anterior, segundo a síntese de execução orçamental.
O alojamento turístico teve proveitos de 691,2 milhões de euros em outubro, uma subida homóloga de 7,3%, com as dormidas de não residentes de novo a subir após dois meses em queda, avançou hoje o INE.
A taxa de inflação homóloga abrandou para 2,2% em novembro, 0,1 pontos percentuais abaixo da variação de outubro, segundo a estimativa provisória divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).