Justiça francesa pede prisão até 15 anos contra 18 suspeitos de tráfico no Canal da Mancha

O Ministério Público francês pediu penas de prisão até 15 anos contra 18 suspeitos, a maioria iraquianos-curdos, de pertencerem a uma das principais redes de contrabando de migrantes no Canal da Mancha.

© DR

Antes destes 18 arguidos – 17 homens e uma mulher – julgados desde 30 de setembro em Lille (norte de França), 12 pessoas já foram condenadas este ano pelo seu envolvimento nesta rede, e outras três, detidas na Bélgica, deverão ser julgadas em março de 2025.

De acordo com a investigação, esta rede controlava, à data dos factos, entre 2020 e 2022, em grande parte a passagem de migrantes do norte de França para Inglaterra.

“Os arguidos não são voluntários que ajudam os vizinhos, mas sim comerciantes da morte”, acusou a procuradora, descrevendo canoas carregadas de passageiros “até 15 vezes a sua capacidade”.

Com passagens faturadas em 2021 a cerca de 2.500 euros para um iraquiano e 3.500 para um vietnamita, a rede estava a fazer “somas fenomenais” com este tráfego, denunciou o Ministério Público francês, indicando que o lucro de um único barco pode ascender a 74 mil euros.

A procuradora pediu a pena mais pesada, 15 anos de prisão, proibição de entrar em território francês e uma multa de 200 mil euros, contra um iraquiano de 26 anos, suspeito de ter orquestrado toda a rede a partir da sua cela numa prisão francesa.

O homem já tinha sido condenado duas vezes por atos semelhantes de auxílio à residência ilegal.

“De dia, de noite”, a sonorização da sua cela mostrava que continuava a organizar travessias do Canal da Mancha e a comprar armas, o que comprova o seu papel de “líder de rede” mas também o seu “sentimento de omnipotência”, segundo o procurador.

“O seu papel é o de um grande patrocinador de um número extremamente grande de travessias”, disse ela.

O homem, que apareceu na caixa de vidro, enquanto os restantes presentes se amontoavam nas bancadas dos arguidos, foi expulso da audiência na passada quarta-feira, depois de insultar e ameaçar os intérpretes.

A procuradora requereu penas pesadas, até 12 anos de prisão, contra aqueles que considera serem tenentes do arguido principal.

A rede era gerida como um negócio, com o seu alegado líder a favorecer a comunidade vietnamita, que pagava mais pelas travessias do que outras, segundo elementos da investigação.

As primeiras vagas de detenções ocorreram a partir de 2021 e, em julho de 2022, uma operação internacional realizada conjuntamente pela França, Alemanha, Bélgica, Países Baixos e Reino Unido, coordenada pelas agências Europol e Eurojust, resultou em 39 detenções.

Mais de 50 buscas resultaram na apreensão de 1.200 coletes salva-vidas, quase 150 embarcações insufláveis e 50 motores de embarcações, armas e droga.

Durante o julgamento em janeiro em Lille, as 12 pessoas foram condenadas a penas entre os 15 meses e os cinco anos de prisão.

Surgido em 2018 devido ao crescente confinamento do porto de Calais e do Túnel da Mancha, o fenómeno das travessias do Canal da Mancha em pequenas embarcações continuou a crescer desde então, com um número cada vez maior de migrantes que desejam chegar à Grã-Bretanha de canoa.

Desde janeiro, mais de 26.600 migrantes chegaram às costas inglesas por este meio, segundo o Ministério do Interior britânico.

Naufrágios e debandadas fatais fizeram de 2024 o ano mais mortífero desde o início destas perigosas travessias, com pelo menos 51 mortos nesta fase, incluindo quatro esmagados em barcos no sábado, um dia em que 973 migrantes atravessaram o Canal da Mancha, um novo recorde.

Últimas do Mundo

Pelo menos 30 pessoas foram sequestradas em três ataques por homens armados durante o fim de semana no norte da Nigéria, aumentando para mais de 400 os nigerianos sequestrados em quinze dias, foi hoje anunciado.
Pelo menos quatro pessoas morreram baleadas em Stockton, no estado da Califórnia, no oeste dos Estados Unidos, anunciou a polícia, que deu conta ainda de dez feridos.
O estudante que lançou uma petição a exigir responsabilização política, após o incêndio que matou 128 pessoas em Hong Kong, foi detido por suspeita de "incitação à sedição", noticiou hoje a imprensa local.
O alto comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos, Volker Türk, denunciou hoje que “pelo menos 18 pessoas” foram detidas no golpe de Estado de quarta-feira na Guiné-Bissau e pediu que se respeitem os direitos humanos.
O Tribunal Penal Internacional (TPI), confirmou, na sexta-feira, que continua a investigar crimes contra a humanidade na Venezuela, depois de em setembro o procurador-chefe Karim Khan se ter afastado por alegado conflito de interesses.
Um "ataque terrorista" russo com drones na capital da Ucrânia causou hoje pelo menos um morto e sete feridos, além de danos materiais significativos, anunciaram as autoridades de Kiev.
O Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) denunciou hoje que um grupo de homens armados e encapuçados invadiu a sua sede, em Bissau, agredindo dirigentes e colaboradores presentes no local.
A agência de combate à corrupção de Hong Kong divulgou hoje a detenção de oito pessoas ligadas às obras de renovação do complexo residencial que ficou destruído esta semana por um incêndio que provocou pelo menos 128 mortos.
O gato doméstico chegou à Europa apenas há cerca de 2000 anos, desde populações do norte de África, revela um novo estudo que desafia a crença de que o berço deste felino é o Médio Oriente.
Os estabelecimentos hoteleiros da região semiautónoma chinesa de Macau tiveram 89,3% dos quartos ocupados no mês passado, o valor mais elevado para outubro desde antes da pandemia de covid-19, foi hoje anunciado.