Embalando o inocente povo em conversas moles, do tipo “vasos de guerra e aviões portugueses acompanham petroleiros ou qualquer navio de guerra russo que passa dentro ou nas portuguesas águas”, o povo continua a ser enganado pelos que, de uma maneira politicamente correta, acham que devem encaminhar o pensamento dos que seriam obrigados a tratar de uma maneira natural. Mas não tratam porque, e quanto à notícia do acompanhamento dos navios russos, era bom dizer que o seguir dos vasos de guerra, então soviéticos, eram uma das normais missões da Força Aérea já bem antes dos tempos pós-revolucionários de abril e para ser correto, desde que depois da segunda guerra mundial, Portugal aderiu à NATO. Lembro-me bem dessas missões onde fui interveniente direto e que dantes não interessavam mesmo nada como notícia.
Sempre com o olho nos soviéticos navios, deixávamos o Promontório do Cabo Finisterra e seguíamos de Hercules C-130 para sul ao longo da costa portuguesa depois de receber o testemunho dos Nimrods MRA4 britânicos, aviões de ataque e patrulha marítima. Dobrávamos depois a ponta de Sagres até ao Rochedo de Gibraltar, onde voltávamos a entregar o vigilante testemunho do trajeto soviético aos britânicos, bem à entrada do Mediterrâneo.
Raramente era notícia mesmo quando os vasos de guerra eram conhecidos não só por quem eram, mas pela sua importância e posicionamento estratégico em que os meios NATO, desde o princípio, estavam envolvidos. Outros tempos de gente mais séria que, discretamente, também sabia acompanhar a estratégia das alianças então e agora, em confronto.
Hoje, todo o mundo percebe de guerra, de táticas e de estratégia, e acham que é obrigatório informar os cidadãos do trajeto seguido pelos navios da federação russa. Que se há de fazer? É uma maneira de pensar idiota à semelhança do que fazem com o relato diário sobre os conflitos deste mundo que servem apenas para entreter ou propositadamente, “distrair” o pessoal, escondendo outros assuntos que convém não mostrar, através de uma industria de informação organizada para nos manter a leste do importante, se é que me faço entender.
A FORÇA AÉREA PORTUGUESA serve, desde sempre e o melhor que pode e sabe, o seu país. Com os seus F-16 das esquadras dos Falcões e dos Jaguares, desempenha missões bem longe, junto às fronteiras da Federação Russa. Por cá, serve com os P3 Orion, com os Casa-295, com os helicópteros EH-101 Merlim e os AugustaWestland AW119 em missões de busca e salvamento até ao limite das águas territoriais portuguesas bem como no combate sem fim, contra os senhores da droga. Ajuda com eficiência extrema e por obrigação, evacuações de doentes e acompanhamentos para salvamento, orientação e procura de embarcações em emergência, revelando estados de prontidão que desafiam o racional, conseguindo ainda recolher cidadãos nacionais pelos países em conflito, cumprindo como é sua obrigação, a missão que lhe é destinada. Leva ajuda às mais variadas confusões espalhadas pelo mundo, onde estão envolvidos ou não, os interesses nacionais. Dá instrução, ajuda no combate a incêndios com os CanadairCL515 e com os Sikorsky UH60 ou mesmo o Eurocopter AS350 Ecureuil. Cumpre ainda as missões de transporte e evacuação médica com os Falcons 50 e 900 e o magnifico, eterno e inesquecível C130-Hercules. Mais não faz do que é sua obrigação. Mas faz tudo o que outros fazem com menos meios do que o estado era obrigado a fornecer, mais não seja porque sempre assumiu e raramente cumpriu, os seus compromissos internacionais quanto às suas águas territoriais ou perante a NATO e seus aliados. Por isso e não só, quer ser compreendida, estimada e, claro está, por todos sem excepção, respeitada.
Lamentavelmente, não foi isso o que aconteceu a 4 de outubro de 2024, aquando do regresso dos cidadãos nacionais recolhidos no Líbano em pleno teatro de guerra. No Figo Maduro, chamado AT1, o Aeródromo de Transito nº1 da Força Aérea Portuguesa, uma cena indecorosa desenrolou-se bem à vista de todos.
O “Tal e Qual” de imediato deu a notícia, mas todos nós sabemos como é. Que o jornal é um exagerado, que só gosta de escândalos e que não estamos em tempos de radicalismos nem de extremismos. De direita, claro está. Porque, exemplos doutros, não há autorização para falar! E a “coisa acontecida” pareceu abrandar no seu ruido.
Porém, quando o controverso Correio da Manhã teve conhecimento dos factos, aproveitou a onda. A coisa mudou, pois, o jornal tem mais saída. Mas mudou pouco e quase foi abafada pelo som do silêncio dos restantes órgãos de informação e convenhamos, mesmo dos partidos políticos que, “estranhamente”, ficaram em silêncio. Como se uma ordem superior mandasse a todos calar, tal como diziam acontecer aquando nos tempos do Dr. António de Oliveira Salazar de que tantos ainda se lembram sem nunca o ter conhecido, nem sequer lido sobre as suas ditas culpas, os seus feitos as suas simpatias ou porquês.
Não me admirei perante a situação. E não sendo um admirador do Dr. António, estou bem longe de lhe atribuir culpas que ele não tem. Atribuo-as sim e quase todas, àqueles que durante 50 anos e até agora, nos governaram sem juízo e “matraqueando” as mentes com distorcidas memórias de há meio século. Um espanto! Um receio incompreendido de gente que não faz melhor porque não sabe ou porque é incompetente.
Ainda assim, consegui ficar chocado com o chamado sentido de estado e de respeito pelas instituições exigido, mas não respeitado, pelos nossos governantes. E confesso que o silêncio dos partidos políticos em relação ao acontecido nada mais foi do que o esperado, dado o baixo nível intelectual de grande parte das gentes sentadas na Assembleia da República.
E o que é que aconteceu afinal no Figo Maduro?
Paulo Rangel, o ministro dos negócios estrangeiros nacional, não satisfeito e depois de ter destratado o CEMFA (CHEFE DE ESTADO MAIOR DA FORÇA AÉREA), vira as costas ao comandante do AT1, deixando-o de mão estendida perante os presentes e os órgãos de informação no local.
Diz ele que não os insultou. Pasmo perante este chefe da diplomacia nacional, que resume o insulto a palavras ditas e não a atitudes despropositadas. A causa foi o ter sido posto em espera e não autorizado, por razões de segurança, ao imediato acesso à placa onde desembarcavam os refugiados nacionais
Fosse qual fosse o que porventura, se tivesse passado, quem julga Paulo Rangel ser, para tomar uma atitude pública hostil perante homens que servem o país e que não podem estar sujeitos à “anormalidade” dos Rangéis deste mundo? Quem julga esta estranha figura dos mais estranhos comportamentos conhecidos, para se julgar com direito a portar-se da forma vista na televisão? E como lhe é permitida tal desfaçatez sem imediata condenação pública pelos seus superiores?
Tenho a minha opinião sobre o assunto e a vaga impressão de que já foram apresentadas desculpas pelo acontecido, às escondidas de todos, claro! Porque esta coisa de um alto cargo civil apresentar desculpas a militares honrados, tem mesmo muito que se lhe diga. Começando pela vergonha que tal acto representa para gente sem espinha dorsal.
Lamento ainda mais profundamente, o comportamento de políticos, que não sabendo comportar-se, assumem posições malcriadas semelhantes a outras atitudes políticas, que por serem políticas e entre políticos, permitem os devidos e respetivos descontos, incompreensíveis quando assumidos perante homens pouco habituados a estes indelicados desvarios e que não estão para ser maltratados por um qualquer Rangel mal educado, a quem qualquer português consciente não atribuiria categoria para o importante cargo que estranhamente desempenha. Talvez por atravessar um período anormal ou por estar debaixo da influência de qualquer substância alucinogénia, digo eu, ofende assim de seguida o seu próprio cargo, o mais alto representante da FAP e a autoridade máxima do aeródromo, no qual se encontra como visita. Apenas isto!
Amanhã, este mesmo Rangel, criará uma outra situação em qualquer parte do mundo em que o seu desagradável mau feitio aliado a frágil comportamento, deixarão sem resposta um governo que não escolhe quem nomeia, nem sequer torna responsáveis os que, em seu nome, desprestigiam, como aqui maltrataram a FAP perante um país inteiro. Um incidente que será então internacional e envergonhará por certo os cidadãos que nunca compreenderam a sua nomeação para o cargo, facto que parece não incomodar minimamente o primeiro-ministro que faz gala em apresentá-lo quando se pronuncia desde então em público, enviando a deselegante e até rasca mensagem do género – O Rangel está aqui porque sim! Porque eu mando! Numa atitude déspota e arrogante que veremos por certo mais vezes por aí.
Mais, acrescentando que não sou bruxo, há que contar com as reações de alguns diretores e chefes de redação e dos influenciadores que já não conseguindo esconder a notícia, vão começar a botar “ao de leve”, a boca no trombone e a certa altura o Paulinho estará morto, ainda sem o saber. É assim que funcionam os partidos da irmandade PSD/PS. Aguentam os seus fiéis seguidores até aos limites e são capazes de negar, se fôr preciso, a sua própria mãe. Isto politicamente falando, claro!
Uma coisa é pôr os portugueses a ver navios. Outra e bem mais grave, é insultá-los! E insultar as instituições e homens habituados a servir!
Falar no Comandante em Chefe das Forças Armadas, já não vale a pena. Tão pouco valerá falar no ministro da Defesa. Mas deixar passar um caso assim é mesmo deixar ultrapassar a linha de cor púrpura, outrora dominante nas togas dos nobres e ilustre romanos que define, quanto a mim, a cor da linha da decência.
Ou será que se perdeu completamente o respeito aos militares? Ao seu dever? Ao seu lema único “DULCE ET DECORUM EST PRO PATRIA MORI” (É doce e decoroso morrer pela Pátria) e que agora ofendem vezes e vezes sem cessar, ainda que, dizem, apenas politicamente?
Pelo silêncio da comunicação social e dos políticos com a exceção de André Ventura que quer ouvir Paulo Rangel no parlamento, não posso tirar, infelizmente, outro tipo de conclusão – Já acabaram com as Forças Armadas. Agora só querem acabar com a sua honra e o prestígio ainda sobrante. Depois restará o caos neste Portugal sem defesa!