Manifestação do CHEGA enche ruas do Porto

A manifestação do CHEGA contra a imigração descontrolada e insegurança nas ruas juntou, no sábado passado, milhares de pessoas no Porto, tal como aconteceu em Lisboa, em setembro. De bandeiras içadas do CHEGA e de Portugal, acompanhadas por faixas onde se podiam ler “nem mais um imigrante ilegal” ou “chega de bandalheira”, a Praça do Marquês na cidade invicta, pintou-se com as cores do partido liderado por André Ventura.

© Folha Nacional

“A imigração cresceu 95% em Portugal nos dois últimos anos”, alertou André Ventura. “Estão centenas e milhares de pessoas, pela primeira vez, desde o 25 de Abril de 1974, no Porto, que saem à rua para exigir mais segurança e o fim da imigração descontrolada”, acrescentou. Ao mesmo tempo, acontecia uma manifestação contra o racismo, “a poucos metros dali.”
As ruas encheram-se de apoiantes do CHEGA até à Praça dos Aliados, com os manifestantes a entoar “fim à imigração ilegal”, “o lixo fora de casa”, “expulsão de imigrantes que cometam crimes” e “nem mais um imigrante ilegal.” André Ventura está na linha da frente desta manifestação no Porto, juntamente com os deputados Pedro dos Santos Frazão, Cristina Rodrigues, Marta Silva, Rita Matias, Pedro Pinto, Rui Paulo Sousa e Rui Afonso.

A aumento da falta de segurança, principalmente nas ruas do Porto, tem sido sentido pelos moradores e “o próprio Presidente da Câmara já o reconheceu [fenómenos de insegurança no Porto] várias vezes.”
“O Relatório Anual de Segurança Interna esconde a nacionalidade dos criminosos, porque não querem que o país saiba. Mas há alguns dados que sabemos. Sabemos que a criminalidade no Porto aumentou 9 % no último ano conhecido. Aumentou 9 % no Porto. Sabemos que a Baixa do Porto e a Zona Histórica do Porto têm estado sob enorme ameaça”, declara Ventura.
Contudo, os três grandes canais de televisão portugueses escolheram antes mexer e remexer, nas suas peças televisivas para os jornais dessa noite, sobre a alegada estimativa do número de manifestantes, em vez das reivindicações dos apoiantes do partido de Ventura.
A SIC contrariou as palavras de Ventura, quando disse que a “manifestação contra o racismo reuniu poucas dezenas de pessoas”, alegando que eram antes “centenas de pessoas”. “Milhares saem às ruas para exigir controlo de imigração. O que aconteceu aqui [Porto] e o que aconteceu em Lisboa, deve abrir os olhos para a realidade do nosso país. Não é um conjunto de matemática, comparem isto com o que está a acontecer a uns metros, facilmente perceberão que há uma maioria silenciosa que quer mais segurança e menos imigração”, disse Ventura. Mas a RTP e a TVI foram mais longe.
“André Ventura chegou há poucos minutos e já tinha visto tudo”, começa por dizer a jornalista da RTP, fazendo alusão ao número de manifestantes que se encontravam no Porto. “Estão centenas e milhares de pessoas, pela primeira vez, desde o 25 de Abril de 1974, no Porto saem à rua para exigir mais segurança e o fim da imigração descontrolada”, afirma Ventura. Ao que a RTP escolhe dizer que “entre centenas e milhares de pessoas há uma diferença significativa. André Ventura fazia contas porque a cerca de três quilómetros, começava uma contramanifestação.”
Por seu lado, a TVI também decidiu pegar pelos números. “Quando André Ventura chegou à Praça Marquês de Pombal, no Porto, já o cenário estava ‘compostinho’, largas centenas de pessoas”, ouve-se no arranque da peça, ironizando o número de pessoas que lá se encontravam. “Ventura diz que estas centenas, mil pessoas, são os números que o CHEGA deu à Lusa, representa uma imensa maioria normalmente silenciosa”, juntou. Todavia, o Folha Nacional sabe que o CHEGA adiantou uma estimativa, no início da manifestação, de “perto de mil manifestantes”, sem avançar com números finais, uma vez que apenas “no fim da manifestação é que se poderia ter a certeza do número correto de manifestantes presentes”.
A publicação da informação errada do número de manifestantes nos protestos do CHEGA já não é novidade e, em Lisboa, falsas estimativas foram também divulgadas.

“Portugal é nosso!”
O líder do CHEGA subiu ao palco montado nos Aliados pelas 17h10, de sábado passado, tendo sido aplaudido por centenas de manifestantes com bandeiras de Portugal.
“Portugal é nosso! Portugal é nosso”, foi declarado por André Ventura dezenas de vezes e repetido pelos manifestantes em coro. O Presidente do CHEGA classificou a tarde no Porto como uma “tarde incrível de novembro”.
“Esta tarde ficará na história, porque nesta cidade invicta, nós vamos ser invencíveis. Nós vamos vencer”, declarou.
Ventura referiu-se à insegurança que diz existir no Porto, dizendo que falou com homens e mulheres sobre a insegurança efetiva na cidade. O deputado disse que falou especialmente com mulheres “com medo de serem perseguidas ou atacadas, com medo de andarem pelo país, onde deviam sentir-se seguras”.
“Eles querem-nos vencer dizendo que quem fala de imigração vai parar à prisão”, disse, acrescentando que “quem vai parar à prisão é o ladrão”.
“Ameaçam-nos com prisão, mas nós vamos sair à rua e vamos lutar pelos vossos filhos e pelos vossos netos”, prometeu, afirmando que nunca vai sair de Portugal e que vai lutar pelo país.
André Ventura vincou que o relatório de segurança interna esconde “a verdadeira nacionalidade dos criminosos.”
“Nas nossas cadeias, 30% dos que foram detidos são estrangeiros, e 20% dos que estão presos são estrangeiros”, declarou, enquanto os manifestantes assobiaram e criticaram.
Ventura diz que “só há dois caminhos: ser outra França ou outra Bélgica, ou então controlar as fronteiras”. O líder do CHEGA criticou ainda os políticos no parlamento, que estão a discutir os aumentos de salários, em vez do discutirem “o controlo da imigração”.

 

Últimas de Política Nacional

O Tribunal Constitucional (TC) confirmou, em conferência, a decisão definitiva de perda de mandato do presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia, Eduardo Vítor Rodrigues, do PS, por uso indevido de um carro deste município do distrito do Porto.
O antigo primeiro-ministro José Sócrates apresenta na terça-feira, em Bruxelas uma queixa-crime contra o Estado português no Tribunal dos Direitos do Homem relativa à Operação Marquês, em que é acusado e se arrasta há 14 anos.
O presidente do CHEGA exigiu hoje a revogação do acordo, no âmbito da CPLP, que permite residência após entrada com visto de turismo ou de estudante, e insistiu na perda da nacionalidade para quem cometa crimes.
O presidente do CHEGA anunciou hoje que vai propor um desagravamento do IRS maior do que o previsto pelo Governo para contribuintes dos escalões da classe média e uma dedução das despesas de habitação até 850 euros.
O CHEGA anunciou hoje que Miguel Corte-Real, de 39 anos, gestor, será o candidato do partido a presidente da Câmara Municipal do Porto nas próximas eleições autárquicas.
O CHEGA vai votar a favor da comissão de inquérito à gestão do INEM proposta pela IL, e quer também uma auditoria “independente completa” aos serviços de saúde que abranja os últimos 10 anos.
O Parlamento aprovou hoje o pedido de urgência do Governo para apreciação da proposta de lei do Governo sobre IRS, apenas com a abstenção do PCP.
Apesar de o Governo ter “dado razão ao CHEGA” na imigração, as medidas ficam aquém. Ventura não poupa nas críticas e acusa o Executivo de “andar a reboque” das ideias que o CHEGA defende há anos.
O encerramento das grandes superfícies aos domingos e feriados e a redução do período de funcionamento destes espaços até às 22:00 foi hoje rejeitado pelo PSD, CDS, CHEGA, PS e IL.
Segundo o Projeto de Lei, os motivos invocados prendem-se com a Constituição que garante a igualdade e dignidade social, sem privilégios por religião, ideologia ou género, e não só.