Aprovada lei que prevê demissão de funcionários públicos desleais a Macau e à China

A Assembleia Legislativa (AL) de Macau aprovou hoje por unanimidade a alteração ao estatuto dos funcionários públicos, que pune com a demissão trabalhadores considerados desleais ao território e à China.

© D.R.

Ao funcionário público que, “por factos comprovados”, não defenda a Lei Básica – uma espécie de miniconstituição de Macau – “ou não seja fiel à RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] da RPC [República Popular da China], é obrigatoriamente aplicada a pena de demissão”, lê-se na proposta de lei, aprovada na generalidade e que vai ser agora debatida em sede de comissão.

A lei prevê a demissão em várias circunstâncias, nomeadamente quando o trabalhador “não defender a ordem constitucional estabelecida na Constituição da RPC e na Lei Básica” ou “a unidade e integridade territorial do Estado”.

A legislação estipula que o funcionário público deve “prestar juramento no ato de posse sob a forma de declaração assinada”, indicando “que defende e executa a Lei Básica da RAEM da RPC e que será leal à RAEM sob pena de anulação do provimento em caso de recusa do juramento”, realçou hoje na AL o secretário para a Administração e Justiça, André Cheong.

Considera-se também recusa quando quem presta juramento “de forma dolosa, leia um conteúdo que não esteja em conformidade com o respetivo termo do juramento ou preste o juramento de forma que não seja sincera ou solene”, continuou o dirigente.

Aqueles que já se encontram no ativo também devem prestar juramento após a entrada em vigor desta lei.

O Governo, notou Cheong, propõe ainda que estas “disposições sejam aplicadas aos magistrados”.

Quando a proposta foi apresentada aos jornalistas pela primeira vez, em 15 de novembro, André Cheong, também porta-voz do Conselho Executivo, alertou que os funcionários públicos podem ser despedidos devido a conversas privadas ou comentários publicados em redes sociais.

Os atos desleais “não se limitam apenas à vida profissional”, defendeu Cheong, acrescentando que a vida privada e profissional de um trabalhador da função pública “nem sempre estão separadas”.

O dirigente sublinhou na ocasião que o juramento vai ser obrigatório para todos os funcionários públicos, incluindo os portugueses, mas acrescentou que podem fazê-lo em português, uma das duas línguas oficiais de Macau, além do chinês.

De acordo com o último Relatório de Recursos Humanos da Administração Pública, em 2023, a região tinha 34.311 funcionários. O documento não refere quantos têm nacionalidade portuguesa, mencionando apenas que 257 nasceram em Portugal.

Dos 32 deputados que votaram hoje a favor, apenas Ma Chi Seng, do grupo de membros da AL nomeados pelo chefe do Governo, fez uma declaração de voto, notando que “o amor à pátria e a Macau é um trabalho importante” que tem de ser desenvolvido.

Hoje foi ainda aprovada na generalidade a alteração às disposições fundamentais do estatuto do pessoal de direção e chefia.

Também aqui propõe-se que “o pessoal da direção e de chefia ao tomar posse deve prestar juramento de defesa e execução da Lei Básica da RAEM da RPC e de lealdade à RAEM da RPC, implicando a recusa de juramento automaticamente a anulação da respetiva nomeação”.

Últimas de Política Internacional

O Tribunal Constitucional indicou esta terça-feira que não admitiu as candidaturas às eleições presidenciais de Joana Amaral Dias, Ricardo Sousa e José Cardoso.
A Comissão Europeia anunciou hoje uma investigação formal para avaliar se a nova política da `gigante` tecnológica Meta, de acesso restrito de fornecedores de inteligência artificial à plataforma de conversação WhatsApp, viola regras de concorrência da União Europeia.
O Sindicato de Trabalhadores da Imprensa na Venezuela (SNTP) e o Colégio de Jornalistas (CNP), entidade responsável pela atribuição da carteira profissional, denunciaram hoje a detenção de um jornalista que noticiou a existência de um buraco numa avenida.
O Tribunal Constitucional da Polónia ordenou hoje a proibição imediata do Partido Comunista da Polónia (KPP), alegando que os objetivos e atividades do partido, refundado em 2002, violam a Constituição.
A Administração Trump suspendeu todos os pedidos de imigração provenientes de 19 países considerados de alto risco, dias após um tiroteio em Washington que envolveu um cidadão afegão, anunciou o Departamento de Segurança Interna dos Estados Unidos.
Federica Mogherini, reitora do Colégio da Europa e ex-chefe da diplomacia da União Europeia (UE), foi indiciada pelos crimes de corrupção, fraude, conflito de interesse e violação de segredo profissional, revelou a Procuradoria Europeia.
O Presidente ucraniano apelou hoje para o fim da guerra, em vez de apenas uma cessação temporária das hostilidades, no dia de conversações em Moscovo entre a Rússia e os Estados Unidos sobre a Ucrânia.
O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, considerou hoje que a situação na Catalunha só se normalizará totalmente se o líder separatista Carles Puigdemont for amnistiado e regressar à região, tendo reconhecido "a gravidade da crise política" que enfrenta.
A Comissão Europeia confirmou hoje que foram realizadas buscas nas instalações do Serviço de Ação Externa da União Europeia (UE), em Bruxelas, mas rejeitou confirmar se os três detidos são funcionários do executivo comunitário.
A ex-vice-presidente da Comissão Europeia e atual reitora da Universidade da Europa Federica Mogherini foi detida hoje na sequência de buscas feitas pela Procuradoria Europeia por suspeita de fraude, disse à Lusa fonte ligada ao processo.