CHEGA quer divulgação de “nacionalidade” e “etnia” de suspeitos de crimes

O CHEGA quer que o Relatório Nacional de Segurança Interna (RASI) inclua informações relativas à "nacionalidade, naturalidade, etnia e à permanência em território nacional", tanto de quem for suspeito ou condenado por um crime, como das vítimas.

© Folha Nacional

Num projeto de resolução divulgado hoje – que serve de recomendação ao Governo e não tem força de lei -, o partido pede ao Governo que os “dados relativos à nacionalidade, naturalidade, etnia e à permanência em território nacional de suspeitos e/ou condenados pela prática de crimes, bem assim como das vítimas” sejam divulgados no Relatório Anual de Segurança Interna.

O partido quer também que esses dados constem das estatísticas divulgadas pelo Ministério da Justiça sobre crimes ou “em quaisquer inquéritos de vitimação e de delinquência autorrevelada que venha a determinar”.

O CHEGA recomenda também ao Governo que “encete as diligências administrativas, regulamentares ou legislativas indispensáveis para garantir que a recolha de dados sobre a criminalidade registada pelas forças e serviços de segurança assegure a possibilidade de posterior tratamento individualizado dos dados relativos à nacionalidade, naturalidade, etnia e à permanência em território nacional de suspeitos e/ou condenados pela prática de crimes”.

Na iniciativa, o partido considera que “a forma como o RASI é construído e apresentado e o tipo de dados” que inclui não reflete “com fidedignidade a atividade criminal que visa contabilizar, o que se deve, em particular, ao facto de não mencionar a nacionalidade dos suspeitos nem qual a sua situação no que toca à permanência em território nacional”.

“Com a presente iniciativa, o CHEGA propõe soluções para reduzir o conjunto substancial de crimes que ficam fora do radar das estatísticas do sistema de justiça criminal, assim fomentando uma imagem destorcida da criminalidade em Portugal, que tudo tem de artificial e forçada”, argumenta o partido.

O CHEGA considera ainda que a criminalidade “associada ao aumento da imigração não ‘passa’ para o RASI” ou “é retratada de forma a criar uma perceção diferente da realidade, mais amenizada, para contento dos cidadãos nacionais e para funcionar como isco para turistas”.

“O facto de o RASI transmitir apenas um lado da realidade da criminalidade em Portugal, o das estatísticas do sistema de justiça criminal, não permite levantar o véu que impende sobre as chamadas cifras negras, ou seja, a criminalidade não participada”, defendem os deputados do CHEGA que assinam o projeto, entre os quais o presidente do partido.

Na semana passada, no primeiro debate quinzenal de 2025, no parlamento, o primeiro-ministro manifestou abertura a uma proposta do presidente da Iniciativa Liberal para que o RASI inclua no futuro dados sobre criminosos e vítimas por nacionalidade, idade ou género.

Luís Montenegro ressalvou no entanto que, antes de qualquer mudança, irá consultar o Conselho Superior de Segurança Interna.

O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, recusou, por seu turno, que a “nacionalidade da criminalidade” seja relevante, sublinhando que o fundamental é uma atuação “implacável” contra o crime, para garantir a segurança do país.

“Relativamente à confusão que é muitas vezes feita com a nacionalidade da criminalidade, o que para nós é importante é que, independentemente da origem de quem comete um crime, a segurança, a justiça tem de atuar de forma implacável”, defendeu o líder do maior partido da oposição na segunda-feira.

Últimas de Política Nacional

A Polícia Judiciária entrou esta terça-feira na Câmara de Mirandela e em empresas privadas para investigar alegadas ilegalidades em contratos urbanísticos. O processo envolve crimes de prevaricação e participação económica em negócio, com seis arguidos já constituídos.
André Ventura deixou claro que não está disposto a ceder no que entende serem valores essenciais, assegurando que não prescinde do seu direito à liberdade de expressão nem aceita qualquer imposição que limite a sua voz política.
O presidente da Assembleia da República decidiu hoje solicitar à Comissão de Transparência a abertura de um inquérito por "eventuais irregularidades graves praticadas" pela deputada do BE Mariana Mortágua por um gesto dirigido a Paulo Núncio.
André Ventura enfrenta hoje a Justiça por causa de cartazes de campanha que defenderam que 'Os ciganos têm de cumprir a lei'. O líder do CHEGA responde em tribunal num processo que volta a colocar frente a frente liberdade de expressão, discurso político e os limites da lei.
Enquanto a Polícia Judiciária o detinha por suspeitas de centenas de crimes de pornografia de menores e abusos sexuais de crianças, o nome de Paulo Abreu dos Santos constava, não num processo disciplinar, mas num louvor publicado no Diário da República, assinado pela então ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro.
O líder do CHEGA e candidato presidencial, André Ventura, disse esperar que o Tribunal Constitucional perceba que o “povo quer mudança” e valide a lei da nacionalidade, alegando que é baseada num “consenso nacional”.
O tenente-coronel Tinoco de Faria, que abandonou a sua candidatura a Belém e declarou apoio a André Ventura, passa agora a assumir um papel central na campanha do líder do CHEGA, como mandatário nacional.
Cinco deputados sociais-democratas, liderados por Hugo Soares, viajaram até Pequim a convite direto do Partido Comunista Chinês. A deslocação não teve carácter parlamentar e escapou às regras de escrutínio da Assembleia da República.
Saiu do Executivo, passou pelo Parlamento e acaba agora a liderar uma empresa pública com um vencimento superior ao que tinha no Governo. Cristina Vaz Tomé foi escolhida para presidir à Metro de Lisboa e vai ganhar cerca de sete mil euros mensais, com despesas da casa pagas.
O Ministério Público (MP) pediu hoje penas entre os cinco e nove anos de prisão para os ex-presidentes da Câmara de Espinho, Miguel Reis (PS) e Pinto Moreira (PSD), por suspeitas de corrupção no processo Vórtex.