Ordem dos Enfermeiros defende criação de grupo de trabalho sobre óbitos fetais e neonatais

A Ordem dos Enfermeiros defendeu hoje a criação de um grupo de trabalho multidisciplinar para analisar detalhadamente as causas do aumento dos óbitos fetais e neonatais, afirmando que interpretações simplistas não contribuem para resolver os desafios estruturais na saúde.

© D.R.

O bastonário da Ordem dos Enfermeiros (OE), Luís Filipe Barreira, ouvido na comissão parlamentar de Saúde a pedido do CHEGA sobre “mortalidade fetal e infantil”, referiu que “o aumento dos óbitos fetais e neonatais, que passou de 312 em 2022, para 426 em 2023, é um dado que merece a atenção de todos”.

“É verdade que a saúde materna e obstétrica em Portugal atravessa, e vem atravessando ao longo dos últimos anos, momentos de grande preocupação, com graves restrições ao acesso a cuidados especializados”, particularmente na região de Lisboa e vale do Tejo como é apontado num relatório da Entidade Reguladora da Saúde.

Para o bastonário da OE, são necessárias “medidas urgentes” para assegurar a “análise rigorosa desta situação”, nomeadamente a constituição de um grupo de trabalho multidisciplinar, que integre as ordens profissionais e entidades relevantes nesta matéria, “para investigar as causas específicas da mortalidade fetal e neonatal e propor medidas corretivas baseadas em evidência”.

Defendeu também que a Direção-Geral da Saúde deve disponibilizar rapidamente as estatísticas completas do ano de 2024 para permitir “análises objetivas e também fundamentadas”, assim como “uma monitorização de tendências”.

“É importante, é crucial, entender as tendências históricas da mortalidade para identificar os padrões e prever possíveis riscos futuros”, vincou.

O bastonário sublinhou que, independentemente das conclusões desta análise, “é inegável” a necessidade de políticas e medidas que reforcem o papel dos enfermeiros especialistas em saúde materna e obstétrica, mas também na área infantil.

“Estes profissionais asseguram, atualmente, já uma parte significativa dos partos no país e o acompanhamento do próprio desenvolvimento das crianças e possuem competências científicas e técnicas reconhecidas a nível internacional”, realçou.

Apesar dos desafios nas áreas da saúde materna e obstétrica “serem grandes”, o bastonário considera que representam “uma oportunidade de mudança”.

“Investir na valorização dos enfermeiros especialistas, descentralizar os serviços e analisar rigorosamente os dados são passos fundamentais para garantir um sistema de saúde mais justo, mais eficiente e mais sustentável”, salientou.

Questionado por deputados sobre o acesso a cuidados de saúde pelas mulheres imigrantes, Luís Filipe Barreira disse que “é um problema sério” porque é uma população que não é devidamente acompanhada.

Referiu que se a figura de enfermeiro de família já estivesse desenvolvida “de forma mais eficaz nos cuidados de saúde primários”, permitiria criar uma rede de maior proximidade com esta população, além de um maior conhecimento da sua realidade.

Para o bastonário, estas medidas devem ser conjugadas com a orientação da DGS de 2023, atualizada em 2024, que permite aos enfermeiros especialistas fazerem o acompanhamento das gravidezes de baixo risco e internar grávidas através do serviço de urgência.

“É uma medida que ainda não está amplamente concretizada, até porque o próprio sistema informático do SNS (Sclínico), ainda não permite esta funcionalidade para que seja possível este internamento da grávida por parte dos enfermeiros”, sustentou.

A par destas medidas, o bastonário reiterou que deviam ser criados centros de parto normal, como já existem em muitos países, onde os enfermeiros especialistas fazem todo o acompanhamento da gravidez e do parto, evitando assim o encerramento de serviços de urgências.

Últimas do País

A Guarda Nacional Republicana (GNR) registou, este ano, até dia 15 deste mês, 10.251 crimes relacionados com violência doméstica, que provocaram 13 mortes – 11 mulheres e dois homens –, indicou hoje a corporação num comunicado.
A TAP cancelou os voos TP170 de hoje e da próxima terça-feira para a Venezuela, na sequência da informação das autoridades aeronáuticas dos Estados Unidos sobre a situação de segurança no espaço aéreo do país, indicou a empresa.
O número de idosos vítimas de crime e violência continua a aumentar, sobretudo mulheres vítimas de violência doméstica, como Odete, Etelvina ou Gertrudes que vivem atualmente numa casa de abrigo depois de anos de abusos por maridos e filhos.
A fábrica de têxteis lar que ardeu na última madrugada em Felgueiras emprega 11 pessoas, tendo o sócio gerente, António Pereira, assegurado à Lusa que os postos de trabalho são para manter.
As mais de sete toneladas de cocaína apreendidas em duas embarcações de pesca, a cerca de 1.000 milhas náuticas de Lisboa, tinham como destino a Península Ibérica, após o que seriam transportadas para outros países europeus, revelou hoje a PJ.
A Estação Salva-vidas de Ponta Delgada conta com uma nova embarcação salva-vidas, que vai permitir reforçar as capacidades de resposta da Autoridade Marítima Nacional no arquipélago dos Açores, foi hoje anunciado.
Uma operação conjunta da Polícia Judiciária (PJ), da Força Aérea e da Marinha, resultou na interceção em alto mar duas embarcações de pesca com 10 cidadãos estrangeiros e mais de sete toneladas de cocaína a bordo.
A base de dados que contém a identificação criminal dos condenados por crimes sexuais contra crianças foi criada há dez anos e os pedidos de consulta atingiram no ano passado o número mais elevado.
Muitos dos idosos que denunciam os filhos por violência doméstica querem que estes sejam tratados e não punidos, sustentou à Lusa a coordenadora do Gabinete de Informação e Atendimento à Vítima (GIAV) do Campus de Justiça de Lisboa.
Quatro casas foram hoje assaltadas em várias aldeias do concelho de Macedo de Cavaleiros, no distrito de Bragança, aumentando para sete o número de residências afetadas em pouco mais de uma semana, confirmou à Lusa a GNR.