Incentivos no Fundão para atrair médicos não tiveram o efeito desejado

A Câmara do Fundão criou há um ano incentivos para atrair médicos, mas os benefícios oferecidos não se refletiram na fixação de clínicos para darem resposta às carências no concelho, revelou a vereadora com o pelouro da Saúde, Alcina Cerdeira.

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Os apoios até mil euros mensais em alojamento e transporte, além de outras vantagens, não resolveram o problema da falta de médicos, especialmente nas extensões de saúde.

“Tentámos criar condições, porque há falta de médicos, mas reconheço que não se tem refletido na procura”, disse, à agência Lusa, Alcina Cerdeira, que lamentou que não se tenham aberto vagas na região para medicina geral e familiar.

Quando o regulamento foi criado, há um ano, o presidente do município, Paulo Fernandes, falava numa “situação muito grave” de mais de dez mil pessoas sem médico de família, cerca de metade da população no concelho do Fundão, no distrito de Castelo Branco.

A vereadora com o pelouro da Saúde informou que, neste momento, a situação atenuou, devido à possibilidade de médicos aposentados terem passado a prestar serviço em algumas extensões de saúde, uma solução que a autarca considerou “um paliativo”, por ser incerto por mais quanto tempo esses profissionais estão disponíveis para darem essa resposta à população.

Segundo Filipa Quinteiros, da Unidade Local de Saúde (ULS) da Cova da Beira, atualmente existem no concelho cerca de cinco mil pessoas sem médico de família.

Alcina Cerdeira adiantou que são esses médicos aposentados que têm recorrido aos apoios à deslocação.

A vereadora sublinhou que o município vai manter os incentivos, mas defendeu que deve ser o Estado central a “criar melhores condições de carreira”, a justificação que tem ouvido aos clínicos.

“O Estado tem de criar outras condições para fixar médicos no interior”, preconizou a autarca, que defendeu medidas mais efetivas.

Segundo Alcina Cerdeira, “as condições financeiras são, obviamente, interessantes se forem melhoradas, mas o que foi referido foi, sobretudo, a necessidade de condições de carreira e trabalho mais atrativas”.

A vereadora referiu que há concelhos, como o do Fundão, com características onde a prestação e acesso aos cuidados de saúde “pesam mais” e “o Governo tem de olhar para isso e criar condições”.

Além da mobilidade e das dificuldades com os transportes, Alcina Cerdeira acentuou que o Fundão é “um território vastíssimo, com 700 metros quadrados, com 62 localidades, o isolamento da população e uma população muito idosa”.

Filipa Quinteiros, diretora clínica para a área dos cuidados de saúde primários da ULS Cova da Beira, que abrange os concelhos da Covilhã, Fundão e Belmonte, acentuou que a realidade na região é semelhante a outras zonas do país e disse que o conselho de administração, em funções desde outubro de 2024, ainda está a identificar necessidades e a encontrar soluções.

A carência é sentida em especialidades hospitalares e na medicina geral e familiar, e Filipa Quinteiros garantiu que o conselho de administração “está empenhado em garantir a prestação de cuidados de saúde e de qualidade de forma atempada e acessível”.

Filipa Quinteiros considerou que na Cova da Beira existe uma “realidade privilegiada”, pela “estreita ligação a parceiros locais”, desde os municípios, que tentam criar fatores de atração, como com a Universidade da Beira Interior, onde há “a possibilidade de investigação, de docência, de oportunidades de carreira que são únicas”.

Uma das formas mencionadas pela responsável para atrair médicos passa pela criação de mais Unidades de Saúde Familiares (USF), uma vez que os profissionais são compensados em termos remuneratórios.

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