Bancos controlados por capital estrangeiro são 60% do sistema bancário português

Os bancos controlados por investidores estrangeiros ou em que o capital destes é preponderante representam mais de 60% do sistema bancário português, quer em ativos quer em passivos, segundo cálculos feitos pela Lusa com dados da APB.

© D.R.

Estas contas foram feitas a partir dos últimos balanços dos bancos disponíveis no ‘site’ da Associação Portuguesa de Bancos (APB), referentes a junho de 2024.

De acordo com os cálculos da Lusa, os bancos detidos ou controlados por capital estrangeiro (em que se destacam BCP, Santander Totta, Novo Banco, BPI mas também Bankinter ou Abanca) representam mais de 60% do ativo e passivo total do sistema bancário.

O ativo dos bancos agrega o crédito a clientes (a principal rubrica), mas também aplicações em outros bancos e instrumentos financeiros como ações e obrigações. Já o passivo bancário agrega as responsabilidades que os bancos têm para com terceiros, desde logo os depósitos.

Estes dados indicam o reforço do capital estrangeiro no sistema bancário português em quase 10 anos, pois em 2016 os bancos de capital estrangeiro representavam cerca de 50% do sistema bancário (abaixo dos cerca de 60% atuais).

Atualmente, os principais bancos a operar em Portugal são a Caixa Geral de Depósitos (totalmente detida pelo Estado português), o BCP (os principais acionistas são a chinesa Fosun e a angolana Sonangol), o Santander Totta (detido pelo grupo espanhol Santander), o Novo Banco (detido em 75% pelo fundo norte-americano Lone Star) e o BPI (detido pelo grupo espanhol Caixabank).

Nos bancos de média dimensão destacam-se os portugueses Crédito Agrícola e Montepio e depois os espanhóis Bankinter e Eurobic Abanca (marca transitória após o grupo espanhol Abanca ter comprado o Eurobic).

Na banca portuguesa é tradicional a predominância de Espanha, mas o seu peso reforçou-se na última década. Em junho de 2024, os bancos com capital espanhol representavam quase 30% do total.

Para isso contribuiu, designadamente, a tomada de controlo do BPI pelo Caixabank (em 2017, no âmbito da Oferta Pública de Aquisição), mas também a integração de parte da operação do Banif (na resolução deste) no Santander Totta e a entrada em força no mercado português do Bankinter (em 2016 comprou parte da atividade do Barclays) e do Abanca (em 2018 o grupo do multimilionário Juan Carlos Escotet comprou o retalho do Deutsche Bank e concluiu em 2024 a aquisição do EuroBic).

Em contrapartida, reduziu-se o capital angolano na banca portuguesa, sobretudo devido ao desinvestimento da empresária Isabel dos Santos (filha do ex-presidente de Angola José Eduardo dos Santos) envolvida em vários processos judiciais.

A ‘holding’ Santoro (de Isabel dos Santos) saiu do BPI em 2017 durante a OPA do Caixabank e, no ano passado, foi concretizada a venda ao Abanca do Eurobic (banco que foi dominado por Isabel dos Santos).

Já a participação da petrolífera angolana Sonangol no BCP tem-se mantido nos últimos anos, sendo o segundo maior acionista (com 19,49% do capital social).

Quanto aos investidores da China na banca portuguesa, há quase 10 anos, aproveitaram os preços a ‘desconto’ como oportunidade para entrarem na Europa e desde então são discretos.

O grupo chinês Fosun entrou, em 2016, no BCP e tornou-se ainda nesse ano o maior acionista. Desde então, a Fosun reduziu a posição mas mantém-se como principal acionista (com 20,03%). Antes, em 2015, grupo Haitong tinha comprado o BES Investimento, hoje denominado Haitong Bank.

Por fim, o capital dos EUA está presente através do Novo Banco. A instituição nascida em 2014 na resolução do BES é detido, desde 2017, em 75% pelo fundo de investimento Lone Star. Os restantes 25% são do Estado português.

A Lone Star quer vender o Novo Banco e tem em curso os preparativos para a entrada em bolsa este ano.

Em qualquer dos casos, a venda do Novo Banco (pelo seu peso no sistema bancário português) levará a uma grande alteração do panorama da banca nacional a médio prazo.

Últimas do País

Sete distritos de Portugal continental estão sob aviso laranja, o segundo mais elevado, devido à interferência marítima, indicou hoje ao início da tarde o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
O bombeiro suspeito de violência doméstica em Machico, na Madeira, detido em agosto e sujeito inicialmente à medida de coação de prisão preventiva, foi perdoado pela vítima e o processo foi suspenso.
A Polícia Judiciária (PJ) detectou hoje no Porto o advogado Paulo Topa, confirmou à Lusa fonte da polícia, tendo a diligência ocorrida no âmbito de uma investigação por desvio de fundos.
A SOS Amianto - Associação Portuguesa de Proteção Contra o Amianto alertou hoje que Portugal falhou o prazo para a transposição da diretiva europeia que obriga à redução do limite de exposição dos trabalhadores ao amianto.
A Polícia de Segurança Pública (PSP) deteve no sábado em Lisboa um homem de 38 anos que era alvo de um Mandado de Detenção Europeu pela prática de Furtos Qualificados e Burlas Informáticas, anunciou hoje a PSP.
Onze distritos de Portugal continental estão hoje sob aviso laranja, o segundo mais elevado, devido à queda de neve e à interferência marítima, indicou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Seis distritos de Portugal Continental estão hoje em aviso laranja e quatro em aviso amarelo para a queda de neve até domingo de manhã, podendo condicionar e interditar estradas, informou o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
Uma antiga fábrica que estava em obras para ser transformada em residência universitária ardeu hoje em Braga, revelou à Lusa fonte do Comando Sub-Regional do Ave.
As empresas de chocolate nacionais enfrentam o otimismo do período natalício, “um dos mais relevantes” para as vendas, não evitando baixar preços porque o valor do cacau continua no dobro da média de 2023.
A maioria dos desfibrilhadores disponíveis nas viaturas dos Sapadores de Lisboa tem componentes cujo prazo de validade está ultrapassado, mas o Regimento deu orientações para que os bombeiros continuem a utilizá-los, denunciou hoje um sindicato.