AFD quer ser maior partido “para governar” na Alemanha

O partido Alternativa para a Alemanha (AfD) declarou hoje a ambição de se tornar a principal força política do país, com o objetivo de governar, após o segundo lugar alcançado nas eleições de domingo.

© LUSA/MARTIN DIVISEK

A AfD obteve 20,8% dos votos, o que lhe permitiu eleger 152 dos 630 deputados ao parlamento federal, mais 69 do que os que tem atualmente.

A líder do partido, Alice Weidel, disse aos jornalistas tratar-se de um resultado histórico que coloca a AfD “na melhor posição possível” para ultrapassar o partido conservador CDU “nos próximos quatro anos”.

“As pessoas querem uma mudança política e nós vamos fazê-la, vamos voltar a pôr este país na ordem porque mais ninguém o pode fazer”, afirmou durante uma conferência de imprensa para analisar os resultados das eleições.

O objetivo é a AfD “tornar-se o principal partido” nas eleições de 2029, com “um mandato para governar”, disse Weidel, citada pela agência francesa AFP.

O bloco conservador CDU/CSU do líder da oposição Friedrich Merz venceu as eleições e elegeu 208 deputados, segundo os resultados provisórios divulgados hoje pelas autoridades eleitorais.

Os sociais-democratas do SPD, do atual chanceler Olaf Scholz, perderam 86 deputados ao elegerem apenas 120.

Weidel destacou os bons resultados da AfD, sobretudo no leste do país, onde venceu em quase todos os círculos eleitorais, e apelou para o fim do cordão sanitário.

“O cordão sanitário deve desaparecer”, afirmou Weidel, citada pela agência espanhola EFE.

Weidel disse que “milhões de eleitores não podem ser ignorados”, referindo-se aos mais de 10,3 milhões de votos na AfD.

Defendeu que “nenhuma democracia que funcione tem um cordão sanitário” e considerou que tal bloqueio “leva precisamente a que a CDU faça política com a esquerda, com os socialistas, contra a vontade dos eleitores”.

Nos gráficos dos resultados eleitorais “sobressaem duas barras significativas” a da AfD e a da CDU, disse.

Os eleitores “querem uma viragem política e essa viragem política só pode ser conseguida com a Alternativa para a Alemanha”, afirmou.

Se o bloco conservador recusar esta mudança e continuar a trabalhar com a esquerda, Weidel disse que os números serão diferentes dentro de alguns anos.

“Ganhámos 45 dos 48 círculos eleitorais e somos agora duas vezes mais fortes do que a CDU em todo o leste da Alemanha”, afirmou, referindo também “ganhos incríveis” no oeste do país, para considerar antidemocrático ignorar os eleitores da AfD.

Weidel disse que o partido será a primeira força da oposição, como já o foi em 2017, mas mais forte.

Por isso, advertiu que outros grupos parlamentares devem mudar o comportamento em relação à AfD para que “seja possível um debate democrático”.

“Que não sejamos privados de quaisquer comissões e que estejamos também representados na presidência” da câmara baixa do parlamento, afirmou.

“Há sete anos que não somos eleitos para a comissão de controlo parlamentar. É uma vergonha absoluta”, disse ainda, referindo-se à comissão dos segredos oficiais, da qual o AfD foi excluído.

Weidel revelou ainda que recebeu um telefonema do bilionário norte-americano Elon Musk, que a felicitou pessoalmente pelo resultado e admitiu falar em breve com o Presidente Donald Trump.

Musk foi acusado pelo Governo alemão de interferir nas eleições depois de ter apoiado abertamente Weidel e a AfD, que considerou ser o “único partido capaz de salvar a Alemanha”.

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