GOVERNO CAIU. MONTENEGRO ARRASTA PORTUGAL PARA A LAMA

Está instalada uma nova crise política depois da queda do Governo de Luís Montenegro que tentou desesperadamente fazer um acordo com o PS. Para André Ventura “um primeiro-ministro que prefere atirar o país para a lama não merece confiança absolutamente nenhuma”.

© Folha Nacional

Portugal vive atualmente uma crise política sem precedentes, que culminou após a rejeição, esta semana, da moção de confiança ao Governo de Luís Montenegro que, recorde-se, foi apresentada após um conjunto de notícias que colocavam em causa a integridade e idoneidade do primeiro-ministro que é suspeito de ter recebido avenças de empresas privadas no exercício da função pública.

A queda do Governo de Montenegro implica diretamente a convocação de novas eleições legislativas, sendo esta a terceira convocação eleitoral em três anos, algo que ainda não tinha acontecido desde o 25 de Abril.

O clima de incerteza já era uma realidade antes da votação da moção de confiança, tendo-se acentuado durante o debate parlamentar, no qual Luís Montenegro tentou, de forma estratégica, adiar a votação. Com vários golpes teatrais, pediu ao Partido Socialista (PS) que especificasse as informações que desejava antes de dar o seu voto, além de sugerir a redução do tempo da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). Contudo, o líder do PS, Pedro Nuno Santos, manteve-se firme na sua posição, ignorando os apelos de Montenegro e mantendo o seu voto contra a moção de confiança.

Já o presidente do CHEGA, André Ventura, não hesitou em criticar duramente o primeiro-ministro, acusando-o de ser o único responsável pela grave situação política que o país enfrenta. “O Governo está a poucos minutos da sobrevivência, por única e exclusiva culpa do (ainda) primeiro-ministro de Portugal”, afirmou durante o debate, lançando um olhar crítico sobre as escolhas políticas e a incapacidade de Montenegro em construir uma coligação estável.

A situação tornou-se ainda mais difícil quando o líder parlamentar do PSD, Hugo Soares, sugeriu uma pausa para que os líderes dos partidos envolvidos se reunissem e tentassem chegar a um acordo. No entanto, a proposta foi chumbada pela maioria dos deputados presentes, tornando evidente que as negociações entre o Governo e o PS estavam longe de ser frutíferas e, provavelmente, tinham chegado ao fim.

A tensão política no país estava claramente a escalar para um novo patamar de incerteza e divisão. A derrota de Montenegro no Parlamento não foi apenas política, mas também pessoal.

O líder do CHEGA, André Ventura, aproveitou a ocasião para criticar duramente a falta de liderança do primeiro-ministro e a incapacidade de construir uma “maioria histórica” de direita.

“Se ‘não é não’, então ‘não é não’”, afirmou Ventura, numa referência direta às negociações fracassadas entre o PSD e o PS.

Para André Ventura, Montenegro não estava apenas a prejudicar o país, mas também a comprometer a possibilidade de uma mudança política significativa em Portugal.

No final da votação, que acabou com a rejeição da moção de confiança, André Ventura fez duras críticas a Luís Montenegro, classificando a situação como “um dos episódios mais vergonhosos da nossa democracia”. Ventura acusou o primeiro-ministro de se ter agarrado à sua “boia de salvação”, na esperança de que o seu “amigo do Sistema (PS)” lhe desse a mão, o que não aconteceu.

O cenário político atual em Portugal traz à tona comparações com episódios históricos. O líder do CHEGA não deixou de recordar os tempos vergonhosos da governação de José Sócrates, afirmando que “o que aconteceu hoje [na terça-feira] era uma manobra que Sócrates acharia graça”. Para Ventura, a situação de Montenegro não é diferente da de José Sócrates, caracterizando ambos como políticos desonestos e manipuladores. A comparação histórica não é mera retórica, revela a crescente frustração da população com a classe política e com líderes que, segundo muitos cidadãos, não têm conseguido lidar com as questões fundamentais que afetam o país.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, convocou uma reunião com os partidos na quarta-feira para discutir os próximos passos. O objetivo da reunião era definir uma data para as novas eleições, que vão ocorrer a 11 ou a 18 de maio, sendo que o Presidente da República está, segundo André Ventura, mais inclinado para o dia 11.

Últimas de Política Nacional

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) ao INEM deverá realizar 115 audições, prevendo iniciar as reuniões nos dias 17 e 18 de dezembro, anunciou hoje a presidente da comissão, Marta Silva.
A discussão e votação na especialidade dos projetos de PSD, PS, CHEGA, IL, CDS-PP e PAN para regulamentar a atividade de lóbi foi hoje reagendada para a manhã da próxima sexta-feira.
O Parlamento aprovou hoje, na especialidade, um diploma de combate à lavagem de dinheiro através de criptoativos, para prevenir atividades ilícitas neste setor a partir de 01 de julho de 2026.
O secretário-geral do PS, José Luís Carneiro, rejeitou hoje que tenha pedido favores ao antigo ministro do Ambiente, Matos Fernandes, referindo que apenas 'recomendou o perfil' de uma pessoa para desempenhar determinadas funções.
O candidato presidencial André Ventura considerou que o seu adversário Henrique Gouveia e Melo tem “todos os amigos” de José Sócrates consigo, desafiando-o a esclarecer o envolvimento de pessoas ligadas ao antigo primeiro-ministro na sua candidatura.
Afonso Camões apresentou esta terça-feira a demissão do cargo de mandatário distrital da candidatura de Henrique Gouveia e Melo, justificando a decisão com a necessidade de evitar “embaraços” ao ex-chefe da Marinha na corrida a Belém.
Portugal arrecadou 5,9 mil milhões de euros em impostos ambientais em 2024, alcançando o valor mais elevado de sempre e um crescimento de 4,2% face a 2023.
A sondagem ICS/ISCTE mostra Ventura a liderar nos atributos “líder forte” (22%) e “preocupação com as pessoas” (19%), superando os restantes candidatos.
Todos os autarcas do PSD que integraram o executivo da Junta de Freguesia de Fátima no mandato de 2017-2021 foram constituídos arguidos no âmbito do processo relativo às obras da Casa Mortuária de Fátima, estando acusados do crime de peculato.
O partido CHEGA alertou para os "graves prejuízos" causados pelo vírus da língua azul nas explorações de ovinos no Alentejo e questionou o Governo sobre medidas para travar a doença e apoios aos criadores.