3600 milhões.
É o número mágico que os defensores da imigração têm para exibir. É o número que, segundo uma edição do Público (esse porta-bandeira das virtudes imigracionistas) de Abril de 2025, traduzido em euros, representa a contribuição dos imigrantes para a segurança social. Logo a seguir somos informados que representa cinco vezes aquilo que recebem em prestação sociais. E ficamos assim. Das despesas nunca ouvimos falar. Os imigrantes não adoecem, não frequentam a escola, não usufruem dos benefícios do Estado.
3600 milhões, pelos vistos, é o preço a pagar pela perda da identidade. Até podiam ser 10 mil milhões, 100 mil milhões. Para marxistas, neomarxistas, liberais e outros tantos, materialistas na essência, apenas a economia interessa. E, mesmo essa, vista segundo o prisma que mais convém. Acontece que existem outros referenciais. Mas vamos colocá-los de lado, por um instante. Foquemo-nos então nos números, esse tão do agrado dos defensores das fronteiras escancaradas, mesmo quando garantem não ser assim.
A crer no artigo do Público, os imigrantes recebem 720 milhões de euros de prestações sociais. Ora, se tirarmos esse valor aos mágicos 3600 milhões ficamos com 2880 milhões, o que ainda representa um número significativo.
Acontece que os imigrantes são pessoas e, como tal, usufruem de serviços como todos os outros. Desde logo na educação. De acordo com o ministro Leitão Amaro existem, actualmente, 175.000 estrangeiros a frequentar o sistema de ensino obrigatório. De acordo com dados de 2021, dados oficias, entenda-se, cada aluno custa ao Estado português 6200 euros. As contas são fáceis de fazer e levam-nos ao número de 1085 milhões de euros anuais. Assim, aos 2880 milhões de lucro podemos agora retirar esse valor. Ficamos com 1795 milhões de euros de lucro. Note-se que os dados do custo por aluno são de 2021. Nada nos garante que hoje, quatro anos depois, o valor não seja maior, conhecendo os maus hábitos do Estado português relativamente à despesa. Mas vamos manter-nos com aquele número.
Outra área à qual os imigrantes recorrem é a da saúde. Como qualquer um necessitam desses serviços. Aqui é muito difícil, para não dizer impossível, encontrar números precisos. Mas um artigo do Expresso, de 2024, diz-nos que 37% da população portuguesa, aquela que tem doenças graves e/ou crónicas, requer 83% dos cuidados de saúde prestados na rede pública, representando entre 880 e 7700 euros por pessoa e por ano. Não vamos incluir aqui nenhum imigrante. Como eles vêm para trabalhar, segundo nos é dito, e além disso são jovens, é de supor que não sofram desses problemas de saúde crónicos. Deste modo vamos incluir os imigrantes nos 63% da população “que apresenta baixo risco e acarreta menores encargos”, a crer no Expresso. Os indivíduos desse grupo, muito mais numeroso, custam 175 euros por ano ao Estado.
Também aqui as contas são fáceis de fazer. De acordo com números recentes e oficiais, existem em Portugal 1.600.000 imigrantes (naturalmente não estão aqui incluídos os naturalizados, ilegais e outras situações). São mais 280 milhões. E está o lucro, agora, em 1515 milhões. Menos de metade daquilo que nos é geralmente apresentado quando se refere apenas a contribuição da imigração para a segurança social.
Por vezes, infelizmente, há imigrantes que são forçados a cometer delitos e acabam a cumprir pena. Apesar do número ser baixo, na medida em que nos é dito que a imigração não contribui para o aumento da criminalidade, podemos arriscar um número. Se a população imigrante em Portugal anda na casa dos 16%, segundo os números oficiais, é lícito supor que a percentagem de imigrantes nas cadeias andará por um valor próximo. Mas vamos colocá-la nos 12%.
Cada preso custa ao estado português, segundo dados apresentados no jornal Eco (em 2023), 20560 euros anuais. No mesmo artigo refere-se que a população prisional portuguesa ronda os 12.000 indivíduos. De acordo com o número atrás apresentado podemos calcular em cerca de 1300 o total de presos estrangeiros, o que dá uma despesa de 26.728.000 euros. O lucro dado pela imigração acaba de baixar para 1488 milhões, aproximadamente.
Ainda é um lucro substancial? Sim. Mas, como se viu, os dados que aqui apresentámos, para estas três áreas de actividade, foram colocados por baixo. E mesmo nessas áreas existem elementos que não foram contabilizados devido á dificuldade em fazê-lo. Na educação, por exemplo, os 175000 alunos estrangeiros representam o acréscimo do número de professores, de psicólogos, de mediadores culturais. Ou seja, despesa permanente que não é insignificante. Fora os recursos físicos em termos de construção de salas de aula, por exemplo.
No sector da saúde a mesma coisa. Mais utentes exigem mais recursos. No sector prisional, idem. Depois, existem aquelas situações que todos conhecemos, mas que quase não são faladas porque não se pode tocar na sacrossanta imigração. A que salta à vista é, desde logo, a do preço da habitação. Se num curto espaço de tempo a população imigrante quadruplicou é óbvio que essa gente vai necessitar de habitação. A procura elevada, como bem sabem os liberais, leva ao aumento do preço. Mas qual o impacto na economia? Não sabemos. Mais uma vez, quando se trata de imigração, parece estarmos perante segredos de Estado.
Seja como for, a conclusão é óbvia. A imigração, tomada em termos estritamente económicos, não é a maravilha que nos é constantemente apregoada. Implica gastos substanciais. Como nesta área impera o secretismo não podemos saber, concretamente, qual o valor. Podemos supor. E os números a que chegamos são substanciais. E aqueles a que não chegamos permitem-nos colocar a questão: a imigração contribuirá, de facto, com algum valor razoável para a economia portuguesa? É legítimo supor que não.
Não entram aqui, note-se, outras considerações. Identitárias, culturais e outras que não podem ser contabilizadas. Portanto, fica a questão? Qual o valor real da imigração? Valeu a pena, em termos estritamente económicos, a invasão a que temos assistido? Não parece. Entre a suposta contribuição para a segurança social e a despesa que, efectivamente, os imigrantes implicam, o saldo deve andar perto de zero, se não for mesmo negativo.
Nota: já depois de escrito este texto, parece que a SIC anunciou que temos 320.000 imigrantes registados a trabalhar. Ou seja, se realmente contribuíssem com 3600 milhões de euros para a segurança social, isso significaria que cada um deles descontaria, em média, 11920 euros por ano. Como estes números são implausíveis, é óbvio que aquele valor de descontos não é real.