O drama dos idosos clinicamente estáveis mas retidos nos hospitais está a assumir contornos explosivos. Segundo dados revelados pelo jornal Público, no final de outubro 832 utentes continuavam internados sem qualquer necessidade médica, aguardando apenas vaga numa estrutura residencial para idosos — uma espera que, em muitos casos, se arrasta por meses ou até anos.
Os números são devastadores. As admissões de idosos em lares através da Segurança Social caíram de 2175 em 2021 para apenas 923 no ano passado — uma queda de quase 60% face ao período pré-pandemia. Em 2024, até 22 de outubro, tinham sido registadas apenas 697 admissões, um valor insuficiente para acompanhar as necessidades reais da população mais envelhecida da Europa Ocidental.
Lisboa, Porto e Setúbal lideram a lista das regiões mais pressionadas, mas o problema alastra-se a todo o país. A falta de vagas — apenas 533 disponíveis ao abrigo da portaria que regula internamentos sociais — está a bloquear camas hospitalares essenciais, impedindo internamentos programados e agravando o caos nas urgências, que continuam sobrelotadas.