O subsídio de deslocação que o Governo prometeu para aliviar a vida dos professores deslocados está a transformar-se num novo foco de indignação. Centenas de docentes podem ficar sem receber o apoio já este mês por causa de falhas na plataforma que valida as candidaturas, deixando muitos profissionais em situação de incerteza e revolta.
Segundo dados divulgados pelo próprio Ministério da Educação, Ciência e Inovação (MECI), das 5836 candidaturas submetidas, 361 foram chumbadas porque o sistema considerou que a distância percorrida era inferior aos 70 quilómetros exigidos. Porém, vários professores e diretores garantem que nem sequer conseguiram completar o processo, já que a plataforma não reconhece coordenadas GPS, atribui trajetos irreais ou reduz distâncias através de caminhos sem condições de segurança.
O Jornal de Notícias revelou o caso de um percurso entre Évora e Avis, recusado por menos 400 metros. A Federação Nacional da Educação (FNE) denuncia que o único trajeto inferior a 70 quilómetros é “um atalho sem condições mínimas”, que a própria plataforma nunca deveria validar.
A mudança de regras — agora os docentes têm de inserir coordenadas GPS e entregar uma declaração de não propriedade de imóveis no concelho onde lecionam — agravou ainda mais o processo, que muitos descrevem como “burocraticamente impossível”.