O Metropolitano de Lisboa entra numa nova fase, com nova administração e remunerações reforçadas. O jornal Público apurou que o Governo decidiu reclassificar a empresa pública, promovendo-a da categoria B para a categoria A, o escalão máximo da grelha remuneratória do setor empresarial do Estado, o que se traduz num aumento significativo dos salários da gestão de topo.
A decisão, publicada em Diário da República a 26 de dezembro, acompanha a nomeação de Cristina Vaz Tomé para a presidência do Metro. A nova líder, antiga secretária de Estado da Saúde e gestora com percurso em empresas como a Impresa, Autoeuropa e RTP, passa a comandar uma empresa agora equiparada, em termos remuneratórios, à CP e à Refer.
Com a subida de categoria, o vencimento base da presidente ultrapassa os 6.200 euros mensais, aos quais se juntam 40% em despesas de representação, elevando o total para cerca de 8.700 euros brutos por mês — um valor próximo do salário do primeiro-ministro. Até agora, o presidente do Metro auferia cerca de 5.200 euros, num regime semelhante ao do Metro do Porto. A diferença entre os dois escalões representa cerca de 15 mil euros brutos por ano, segundo dados de 2024.
Segundo o Público, o Governo justifica a reclassificação com a evolução dos indicadores financeiros e operacionais da empresa. Durante dois anos consecutivos, o Metropolitano de Lisboa ultrapassou os limiares legais: mais de 1.500 trabalhadores, receitas superiores a 100 milhões de euros anuais, maior volume de ativos e um contributo mais significativo do Estado — critérios que, por lei, obrigam à subida de categoria.
Note-se que a remodelação da gestão surge após um período de instabilidade, marcado pela morte do anterior presidente, Vítor Domingues dos Santos, em 2024, que deixou a empresa a funcionar apenas com dois administradores. Agora, o Governo cria também o cargo de vice-presidente, entregue a Pedro Folgado, alegando a crescente complexidade da missão do Metro, sobretudo com a entrada em funcionamento da linha circular.
A administração fica completa com os vogais Bruno Curto Marques e Mahomed Bashir, este último com poderes reforçados para validar operações com impacto superior a 1% do ativo líquido da empresa — responsabilidade que se manterá no mandato de 2026-2028.
As remunerações dos restantes administradores acompanham igualmente a subida: passam a aplicar-se ao Metro de Lisboa os valores praticados na CP, onde um vice-presidente recebe cerca de 99 mil euros anuais e os vogais rondam os 88 mil euros, conta o Público.
O caso do Metro de Lisboa insere-se numa vaga mais ampla de decisões no setor dos transportes. O Governo reconduziu a liderança da CP, nomeou nova administração para o Metro do Porto, mantém indefinida a situação da Infraestruturas de Portugal e alterou a estrutura da NAV, que passa a contar com cinco administradores.