Grécia e Turquia prometem “novas abordagens” para divergências

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Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Grécia e da Turquia concordaram hoje retomar os contactos de alto nível e procurar “novas abordagens” para as suas divergências, de forma a melhorar os laços entre os dois países aliados na NATO.

As discussões entre os chefes da diplomacia grega, Giorgos Gerapetritis, e da diplomacia turca, Hakan Fidan, decorreram hoje num clima relativamente amigável, desencadeado pelo envio de assistência de Atenas a Ancara após um sismo devastador no início deste ano, e pela apresentação de condolências pela Turquia após o pior acidente ferroviário na história da Grécia, ocorrido em março deste ano.

“Entramos num período novo e positivo nas nossas relações com a Grécia”, disse Fidan aos jornalistas no final das conversações em Ancara.

“Reiteramos a nossa convicção de que os nossos problemas serão resolvidos através de um diálogo construtivo entre os dois vizinhos e aliados”, prosseguiu.

A reunião entre Fidan e Gerapetritis ocorre num momento em que Ancara, em plena crise económica, procura uma redefinição das suas relações, frequentemente conturbadas, com os países ocidentais.

E segue-se a uma rara reunião entre o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, e o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, à margem de uma cimeira da NATO na Lituânia, em julho.

De acordo com um “roteiro” revelado pelos dois ministros, Mitsotakis e Erdogan encontrar-se-ão novamente à margem da Assembleia-Geral das Nações Unidas, em Nova Iorque, a 18 de setembro, seguindo-se uma reunião de altos funcionários em outubro.

As duas partes também manterão conversações sobre uma série de medidas de reforço da confiança e irão relançar uma reunião do conselho de cooperação de alto nível, que está paralisado.

“Não estamos com a cabeça nas nuvens. Sabemos que as distâncias que se desenvolveram com o passar do tempo e as emoções transmitidas de geração em geração não podem ser apagadas de uma só vez”, disse Gerapetritis.

“Mas temos a disposição e a vontade de investir na franqueza e na compreensão mútua para procurar pontos comuns, romper com opiniões estabelecidas e, onde houver divergências, pelo menos não deixar que conduzam a crises”, continuou.

A Grécia e a Turquia estão em desacordo sobre reivindicações territoriais no Mar Egeu, direitos de exploração de energia no Mediterrâneo Oriental e a divisão étnica de Chipre, entre outras questões.

A troca de acusações entre Ancara e Atenas sobre a gestão das migrações é igualmente frequente.

As tensões aumentaram em 2020 sobre os direitos de perfuração exploratória em áreas do Mar Mediterrâneo — onde a Grécia e Chipre reivindicam zonas económicas exclusivas — levando a um impasse sobre esta questão.

“Avaliamos os nossos problemas relativos ao Egeu e ao Mediterrâneo Oriental de uma forma abrangente”, disse Fidan, referindo-se a um acordo para trazer novas abordagens para a solução dos problemas.

A atmosfera cordial de hoje contrastou com uma reunião há dois anos, quando os anteriores ministros dos Negócios Estrangeiros grego e turco trocaram acusações durante uma conferência de imprensa conjunta em Ancara.

Nos últimos anos, a Turquia acusou a Grécia de enviar tropas para as ilhas do Egeu, perto da costa turca, em violação dos tratados.

A Grécia afirma que precisa de defender as ilhas contra um potencial ataque da Turquia, observando que Ancara tem uma força militar considerável na costa ocidental turca.

Autoridades turcas disseram que a militarização contínua das ilhas poderia levar a Turquia a questionar a sua posse, enquanto Erdogan chegou ao ponto de ameaçar enviar mísseis para Atenas.

No ano passado, Erdogan prometeu nunca falar com Mitsotakis, quando o líder grego, durante uma visita aos Estados Unidos, apelou a Washington para não vender caças F-16 à Turquia.

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