O primeiro julgamento em França por crimes contra a humanidade cometidos na Síria vai começar entre 21 e 24 de maio e visa três altos responsáveis do regime de Bashar al-Assad, avançou hoje a imprensa árabe.
O julgamento, cuja data de ínicio foi adiantada pelo diário dos Emirados The National citando fonte judicial, vai ser realizado pelo Tribunal de Justiça de Paris, e servirá para julgar Ali Mamlouk, Jamil Hassan e Abdel Salam Mahmoud pela morte de dois cidadãos franco-sírios.
Alvos de mandados de detenção internacionais, os três dirigentes do regime sírio deverão ser julgados à revelia.
O caso aconteceu em 2013, quando Mazzen Dabbagh e o seu filho Patrick, respetivamente conselheiro principal da Escola Francesa de Damasco e aluno da Faculdade de Letras e Ciências Humanas de Damasco, foram presos por polícias que se identificaram como agentes dos serviços de inteligência da Força Aérea síria.
Segundo o cunhado de Mazzen Dabbagh, detido na mesma altura mas libertado dois dias depois, os dois homens – de 57 e 20 anos – foram transferidos para a prisão de al-Mezzeh, considerada como um centro de tortura do regime sírio.
Os dois não deram mais sinais de vida até serem declarados mortos pelo regime em agosto de 2018.
De acordo com as certidões de óbito, Patrick morreu em 21 de janeiro de 2014 e Mazzen em 25 de novembro de 2017.
De acordo com a acusação divulgada no final de março por dois juízes de instrução, “parece suficientemente estabelecido” que Patrick e Mazzen Dabbagh “sofreram, como milhares de detidos dos serviços de inteligência da Força Aérea [síria], tortura de tal intensidade que morreram”.
O regime sírio é alvo de diversas ações judiciais instauradas na Europa, nomeadamente na Alemanha, onde decorreu, em janeiro do ano passado, o primeiro julgamento do mundo relacionado com abusos atribuídos ao regime de Bashar al-Assad.