“A minha principal expectativa é um triunfo completo, não há substituto para a vitória”, declarou o primeiro-ministro israelita, enquanto as forças israelitas aprofundam a sua ofensiva terrestre na cidade de Khan Yunis.
Num encontro com soldados numa base das Forças de Defesa de Israel, Netanyahu criticou os que acreditam que uma vitória completa para exterminar o Hamas não é possível, enquanto Israel mantém a sua ofensiva terrestre sem alcançar os objetivos militares declarados.
“É possível, é necessário e não temos outra opção: a vitória completa”, afirmou o chefe do Governo israelita, perante a diminuição da confiança da opinião pública na sua gestão da guerra e quando aumentam as críticas da oposição e a pressão das famílias dos reféns em posse do Hamas, que lhe pedem uma trégua que conduza à sua libertação.
Israel intensificou desde segunda-feira a sua ofensiva em zonas de Khan Yunis onde as suas tropas terrestres quase não tiveram presença, segundo a imprensa local, e onde tenta atacar e enfraquecer as milícias palestinianas.
As tropas israelitas lançaram uma operação na zona ocidental da cidade e começaram a dirigir-se para o seu interior, uma etapa que deverá continuar nos próximos dias.
“Desmantelar a estrutura militar do Hamas na zona ocidental de Khan Yunis é o cerne da lógica desta operação”, afirmou o Exército num comunicado, no qual explica que a ação visa os centros de comando e controlo do grupo palestiniano, bem como túneis e infraestruturas.
Esta área é “um ponto importante para a Brigada Khan Yunis do Hamas”, segundo o Exército, e o local onde se presume que se encontrem o líder do grupo islamita na Faixa de Gaza, Yahia Sinwar, e o chefe das suas milícias, Mohamed Deif, ambos naturais de Khan Yunis, e que estão no topo da lista dos homens mais procurados pelas tropas israelitas.
O Exército disse estar a combater “numa área densamente povoada de civis”, o que “exige métodos de ação muito específicos e operações precisas”, e onde existem centros de deslocados e hospitais onde afirma terem sido vistos combatentes do Hamas.
As forças de Telavive alegam que há uma semana foi disparado um projétil do Hospital Nasser de Khan Yunis, onde assegura que há membros das milícias no seu interior e contra os quais foram preparadas “várias estratégias e uma série de métodos”.
Segundo a imprensa local de Gaza, o Exército sitiou o centro médico Naser em Khan Yunis, o principal da cidade e o maior ainda em funcionamento na Faixa de Gaza, onde grande parte dos centros de saúde está fora de serviço ou sem capacidade de atendimento.
Desde segunda-feira têm havido fortes ataques nas áreas próximas daquele hospital, o que, segundo o Crescente Vermelho Palestiniano, também acontece junto do hospital Al-Amal.
De acordo com uma porta-voz da organização, registam-se “tiroteios contínuos e repetidos ataques contra deslocados” nas proximidades do Hospital de Al-Amal, “enquanto ambulâncias tentam abrir vias alternativas para facilitar” o transporte dos feridos.
O cerco de Khan Yunis marca o 109.º dia de guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza, num cenário de frio e falta de comida, água potável, recursos básicos ou eletricidade devido à falta de combustível, entre a devastação generalizada.
Por outro lado, segundo fontes de segurança egípcias, o Hamas rejeitou a proposta de trégua de Israel, que, segundo o jornal digital israelita Walla, oferecia uma pausa de dois meses na ofensiva pela libertação dos reféns e em troca de prisioneiros palestinianos.
De acordo com um alto dirigente do Egito, país mediador das negociações, o Hamas recusa-se a libertar mais reféns até que a guerra termine completamente e as forças israelitas sejam completamente retiradas do enclave palestiniano.
Israel apenas ofereceu uma trégua temporária e uma retirada parcial das tropas em determinados pontos, mas sublinhou que quer manter o controlo de segurança sobre a Faixa de Gaza em qualquer cenário pós-guerra.
O mais recente conflito entre Israel e o Hamas foi desencadeado pelo ataque sem precedentes do movimento islamita palestiniano em território israelita, massacrando 1.140 pessoas, na maioria civis, e levando mais de 200 reféns, segundo números oficiais de Telavive.
Em retaliação, Israel, que prometeu eliminar o movimento palestiniano considerado, tal como o Hezbollah, terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, lançou uma ofensiva em grande escala na Faixa de Gaza, onde, segundo o governo local, já foram mortas mais de 25.000 pessoas – na maioria mulheres, crianças e adolescentes.
O conflito provocou também cerca de 1,9 milhões de deslocados (cerca de 85% da população), segundo a ONU, mergulhando o enclave palestiniano sobrepovoado e pobre numa grave crise humanitária.